terça-feira, 22 de abril de 2014

Tem braço fazendo a diferença*

* Por Julianne Cerasoli


O GP da China foi um claro exemplo do quanto a adaptação de um piloto ao comportamento do carro tem feito diferença nesta temporada. Com menos pressão aerodinâmica, dificultando as freadas, e mais torque nas saídas de curva, tem piloto tendo mais mão de obra do que o normal para domar os carros.

De um lado, pilotos como Lewis Hamilton e Fernando Alonso. Do outro, ninguém menos que os também campeões do mundo Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen. Enquanto os dois primeiros dizem conseguir colocar seus carros onde querem, os dois últimos não conseguem explicar por que têm sofrido tanto para impor seu estilo.

“Eu pessoalmente tive um final de semana muito bom, provavelmente no ritmo de 2012 em termos de pilotagem e de me sentir confortável com o carro”, disse Alonso, referindo-se à temporada em que esteve em estado de graça. De fato, a performance da China lembrou muito aquele piloto que levou uma Ferrari deficiente à luta pelo título até o final: arriscou na largada para se recuperar de uma classificação não tão positiva e brigou com quem podia, sem perder tempo tentando segurar Rosberg e cuidando dos pneus para acelerar na hora certa na briga com Ricciardo.

Mas quem está mesmo em estado de graça é Hamilton. Mesmo em um final de semana em que perdeu tempo por uma suspensão quebrada na sexta-feira, o inglês previu bem a evolução da pista, assim como já havia acontecido em outra prova que teve classificação com chuva, na Malásia, e venceu com muita facilidade. “Não lembro de ter tido um carro tão bom, que eu conseguisse colocar onde eu quisesse. Além disso, nunca pilotei tão bem”, acredita aquele que atualmente é vice-líder do campeonato – mas, pelo andar da carruagem, não por muito tempo.

Quem vive o outro lado da moeda não esconde a frustração. Vettel teve de admitir que não está conseguindo seguir o ritmo de Ricciardo – após mais uma vez ouvir a instrução para que deixasse o companheiro passar. “Não tive problemas, só não fui rápido o suficiente. Não estou me sentindo bem e precisamos ver o porquê”, afirmou. “Acho bom que Daniel esteja conseguindo tirar o melhor do carro, é uma boa referência para mim. Mas, no momento, a diferença entre nós é muito grande e preciso trabalhar nisso. O carro não está do jeito que eu gosto, mas claramente Daniel está mostrando que dá para tirar mais do carro do que eu estou conseguindo tirar.”

As dificuldades de Vettel levam a um cenário surpreendente na Red Bull, o mesmo que ocorre na Ferrari, com Raikkonen sofrendo para acompanhar Alonso. “O resultado do Fernando é muito encorajador e demonstra que estamos indo na direção certa, mas eu sofri. Não tinha aderência, nem nos pneus da frente, nem nos de trás. Acho que as dificuldades que encontrei aqui resultam de uma combinação de vários fatores: o meu estilo de condução, as baixas temperaturas e as características da pista”, definiu.

Isso mostra que não é apenas em relação às novas tecnologias que as equipes têm muito a descobrir acerca destes novos carros. Tem piloto bom sofrendo também. E, da mesma forma que a Mercedes aproveita para somar pontos enquanto os demais não reagem, quem se adaptou mais rapidamente vai deitando e rolando.

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