sexta-feira, 4 de abril de 2014

Olimpíada de engenharia*

* Por Luis Fernando Ramos


Sempre achei secundária as discussões sobre a estética dos novos F-1 e o som dos motores V6. A performance dos carros é promissora, a velocidade final de reta é mais alta e, pelo menos ao vivo, o barulho das máquinas não deixa de ser interessante. Minha aposta era de que, com corridas emocionantes, tudo isso seria deixado de lado.

O problema é que, pelo que vimos nas duas primeiras etapas do ano, as corridas foram é muito chatas: as disputas por posição diminuíram e a ênfase no gerenciamento do equipamento (consumo de combustível, pneus, etc) ganhou um peso demasiado grande. Até o ano passado ainda havia um equilíbrio entre acelerar e administrar. Mas a nova Fórmula 1 ficou técnica demais.

São dois os motivos para isso. O primeiro está na diminuição do tanque de combustível. Ainda que a meta por criar uma Fórmula 1 mais econômica seja nobre, o passo dado de cortar 33% da capacidade que havia ano passado foi grande demais. Um corte menor abriria mais janelas durante a corrida para os pilotos acelerarem o máximo. Agora, a ordem é economizar quase o tempo todo, o que é ruim.

Para completar, a Pirelli produziu pneus mais resistentes em relação aos do ano passado, depois das falhas dos compostos em algumas corridas e da chuva de críticas que recebeu. O resultado é que a vida útil entre diferentes compostos é praticamente a mesma, tornando as estratégias bastante óbvias. Na Malásia, todos os pilotos largaram para a corrida com o mesmo composto, uma amostra clara disso.

Assim, o que vimos até aqui foram provas em que o trabalho dos engenheiros da pista parece ser muito mais intenso que o dos pilotos. É preocupante. Como fã de corridas, não me importa se o carro seja menos barulhento. Mas as corridas precisam ser boas. Até agora, essa nova F-1 está devendo muito nesse quesito.

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