* Por Luis Fernando Ramos
O vídeo acima foi feito pela Williams para celebrar o seu GP de número 600 na Fórmula 1, marca obtida no ano passado. Relembra a história de sucesso do time e fala um pouco da busca por voltar ao topo da categoria. O tempo inteiro, retratam a Williams como uma equipe de lutadores que coloca o prazer de correr acima de tudo. São “Racers”, no sentido mais puro da palavra.
Quando visitei a fábrica do time há alguns anos, o vídeo do ótimo museu onde estão os carros que contam essa história também seguia o mesmo discurso. Eram os capitães da esportividade a motor numa luta quase quixotesca contra um ambiente predominantemente mercantilista.
Mas faz tempo que a Williams não é assim. Desde a chegada de Adam Parr, por contingência ou por mudança de filosofia, o time parece ter “vendido” sua alma. Um primeiro sintoma foi a chegada de pilotos que, por mais potencial que apresentassem, estavam no time primordialmente para ajudar a aliviar a folha de pagamento.
Quando Claire Williams assumiu a chefia, deu a esperança de que isso mudasse. Afinal, ela traz nos sangue os genes de Frank, o maior dos lutadores entre os garagistas da F-1. Esperança que se desvaneceu ontem. Depois de dar uma entrevista na qual, gaguejando, tentava negar o inegável, ela foi embora de Sepang.
A tarefa de se sentar com a dupla de pilotos e tentar resolver a situação ficou a cargo do engenheiro Rod Nelson, chefe da equipe de testes e que estava no comando das corridas até a chegada de Rob Smedley para exercer a função, o que vai acontecer hoje.
Foi Nelson também que ordenou a inversão de posições não obedecida ao final da corrida. Uma decisão que gerou uma enorme confusão apenas pela mera possibilidade - incerta - do time ganhar dois pontinhos a mais na bandeira quadriculada. Enquanto isso, a chefe Claire estava sentada num canto dos boxes, roendo as unhas.
Admiro o fato dela deixar claro que seu forte não está nas corridas e preferir não se intrometer. Mas deveria ao menos colocar alguém no comando desse tipo de decisão alguém mais alinhado com o espírito que o time clama para si. Em sua história, a Williams havia interferido numa briga interna uma vez e já tinha dado em confusão -
eu conto toda a novela entre Alan Jones e Carlos Reutemann aqui.
Depois, ela sempre liberou a disputa entre seus pilotos. Duelos que já decidiram títulos como os entre Nelson Piquet e Nigel Mansell ou Damon Hill e Jacques Villeneuve. Ontem, a Williams poderia ter ganhou dois pontos. Mas perdeu a identidade da qual diz ter tanto orgulho. Faltou um engenheiro que orientasse simplesmente: “you’re free to race, just be careful”.
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