O "namoro" não vem de hoje. Entre testes, inúmeras visitas e o desejo cada vez maior de voltar a competir no Brasil, Rubens Barrichello flertou em diferentes momentos com a ideia de guiar na Stock Car. Após 23 anos no automobilismo internacional, a união já tem data para acontecer: na última prova da temporada, a badalada Corrida do Milhão, o recordista de GPs na Fórmula 1 será piloto da equipe Full Time na principal categoria do automobilismo brasileiro. Um acordo que foi motivado pela proposta de doar o cachê de R$ 230 mil para o Instituto Barrichello Kanaan, entidade assistencial que o piloto mantém em sociedade com o amigo e campeão da Fórmula Indy, Tony Kanaan, informa o site Globo.com
- O valor real dessa historia toda é o fato de estar vencendo muito antes mesmo de começar a corrida. Logicamente, há toda aquela minha paixão que sempre existiu, não só pela categoria, mas pela velocidade, e quero curtir ao máximo. O meu barato é estar diante do volante, e quando este convite veio, coloquei a possibilidade de fazer em doação para o instituto. As mil crianças do IBK já saem ganhando, independentemente do resultado. Para mim está sendo uma honra muito grande fazer isso. Sempre me dediquei muito ao lado social, e encher Interlagos com a minha presença e com a possibilidade de ajudar quem precisa não tem preço – afirma o piloto de 40 anos.
Veterano nos monopostos, porém novato em carros de turismo, Rubinho será companheiro do piloto Xandinho Negrão, de Campinas. Depois de 19 anos na Fórmula 1 e uma temporada na Indy, ele experimentou o cockpit da nova máquina na manhã desta segunda-feira. Diante do que viu, o piloto confessa que um carro fechado e de rodas cobertas é bem diferente do que se acostumou a guiar nas últimas duas décadas. No entanto, a falta de prática com este tipo de equipamento não intimida Barrichello, que tenta compensar a desvantagem em relação aos rivais com treinos em simuladores e conselhos de alguns companheiros de pista.
- Minha experiência no Stock é só do virtual. Entrei no carro e é uma sensação completamente diferente do meu dia a dia. Eu não vejo as rodas, tem uma “casinha” fechada em cima de mim... Já liguei pro Max Wilson, para o Luciano Burti, mas eu tenho muitos amigos na Stock. O Tuka Rocha, que é aqui da própria equipe, o Xandinho, meu companheiro de equipe... não entro para participar nem em bolinha de gude, mas este ano já passei por uma adaptação muito difícil na Indy, e não acredito que aqui deva ser diferente. Há um número reduzido de testes, então, para mim, o foco é a realização pessoal de ajudar o instituto e de guiar um Stock diante do público brasileiro.
Embora o acerto seja válido apenas para a 12ª e última etapa da temporada, em Interlagos, existe a possibilidade de Rubinho disputar também as provas de Curitiba e Brasília. Conquistar o prêmio de R$ 1 milhão destinado ao vencedor da Corrida do Milhão, dia 9 de dezembro, é uma meta sedutora para a equipe e o piloto. Mas o chefe do time, Maurício Ferreira, destaca que o conhecimento técnico de Barrichello será precioso em sua adaptação à equipe e à categoria.
- Não temos outros pilotos com o mesmo nível de maturidade e de experiência que ele tem. Vai trazer bastante ensinamento, mesmo nunca tendo guiado um carro fechado, e tenho certeza que vai contribuir bastante com o nosso desenvolvimento até o fim do ano. Como equipe, já bati na trave nas duas últimas edições da Corrida do Milhão, marcando as duas poles e ficando perto do primeiro lugar. Seremos bastante competitivos e espero que, desta vez, ele nos ajude a conquistar a vitória – avalia Maurício, que também comanda a FTS, onde correm Tuka Rocha e Galid Osman.
O primeiro teste de Barrichello com o novo caro está marcado para o dia 15 de outubro, no circuito de Curitiba. A próxima etapa da Stock Car será neste domingo em Tarumã, no Rio Grande do Sul, com transmissão ao vivo e na íntegra pela TV Globo, dentro do Esporte Espetacular. Nesta prova, a equipe Full Time ainda contará com o piloto Felipe Maluhy, que está na equipe desde a etapa de Salvador, no fim de agosto.
Ainda sobre Barrichello, segundo Victor Martins: Se está bem arrumado em terras brasileiras, Barrichello vai enfrentar o novo desafio de ir atrás de um patrocinador principal para seguir na Indy: a BMC não vai mais apoiá-lo. Segundo gente ligada à empresa, Rubens “não deu retorno nenhum” em sua primeira temporada na categoria americana.
Barrichello é alvo da Honda e tende a assinar com uma das equipes parceiras da montadora — como a Sam Schmidt, a Ganassi ou a Rahal-Letterman. Mas o acordo para correr na Stock Car vai demonstrando qual é seu destino a longo prazo no automobilismo, como era de se esperar.
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