segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A terceira da McLaren*

* Por Rodrigo Mattar


A McLaren emplaca a terceira vitória consecutiva na temporada 2012. Para muitos, uma reação que parece tardia, mas que ainda pode dar um molho para o Mundial de Fórmula 1. Após o triunfo incontestável de Jenson Button na Bélgica, foi a hora e a vez de Lewis Hamilton dominar de forma incontestável no Grande Prêmio da Itália deste domingo, em Monza.

A McLaren teria feito uma dobradinha que elevaria ainda mais o moral do time, mas o pescador de combustível do carro de Button resolveu não colaborar e o piloto deixou a disputa na 34ª volta. Disputa, aliás, que teve uma pequena dose de polêmica – cortesia, mais uma vez, de Fernando Alonso e da Ferrari.

Para quem tem boa memória, ano passado o espanhol deu um “chega pra lá” em Vettel e o alemão foi para a grama. Ninguém foi investigado, ninguém foi punido. Nada. E neste domingo, aconteceu algo rigorosamente parecido, porém com Vettel defendendo sua posição e Alonso obrigado a ir para a grama. Resultado: a velha choradeira de sempre e uma punição absolutamente inverossímil para o piloto da Red Bull.

Alonso é muito bom piloto. Não restam dúvidas. Mas o passado o condena. Vide o episódio de sua passagem pela McLaren em 2007. Não obstante, ainda houve Cingapura 2008. Querem coisa pior que isso? Um sujeito que concorda com aquela abjeção que enterrou viva a carreira do Nelsinho Piquet na Fórmula 1? Convenhamos… Alonso não precisa disso. Mas está com fama de “novo Prost”, o que é bem perigoso, considerando o que o francês também aprontou em sua época.

O espanhol, além de contar com a colaboração inestimável do drive through imposto a Vettel, teve a seu favor o abandono de Button e também do próprio Vettel, que tinham sido 1º e 2º na Bélgica. Com os dois ‘zerados’, ele correu para se manter na liderança do campeonato.

Mas apesar de toda a sorte sorrindo a favor do asturiano, o grande nome do GP da Itália foi Sergio “Checo” Perez. Décimo-segundo no grid com a Sauber, fez uma corrida absolutamente primorosa. Seguiu à risca a estratégia de um pit stop, conservando os pneus nas primeiras 30 voltas e, quando trocou para um jogo mais novo, simplesmente voou na pista. Ignorou as Ferraris – assim mesmo, no plural – dando um passão por fora em Massa na freada da Parabólica e engolindo Alonso logo depois. O garoto já faz por merecer um lugar num time grande na Fórmula 1. Não à toa, Niki Lauda, que só costuma aparecer de boné vermelho, escondendo uma cabeça hoje totalmente raspada, tirou o chapéu para o conterrâneo do Chapolin Colorado.

Felipe Massa foi um resignado 4º colocado, após uma boa largada. E só. Foi talvez seu único grande momento no fim de semana. E não fazia sentido – para ninguém, aliás – acreditar que ele faria jogo duro para cima de Alonso. A Ferrari passou recibo de que haveria a mudança de posição com o subterfúgio de um “save your tyres”, em vez do vexaminoso “So… Fernando is faster than you” da Alemanha em 2010. E nem faria sentido: Alonso briga por um terceiro título na carreira. Massa, para ter seu emprego assegurado em 2013. Talvez tenha conseguido. Mas o fantasma de Perez é bem real e bate cada vez mais à sua porta.

A corrida dos “regressados” Räikkönen e Schumacher foi discreta, mas os dois chegaram bem, com o finlandês em quinto e o “tio” heptacampeão em sexto, numa corrida bem mais consistente que a de Nico Rosberg, 7º e com a volta mais rápida. Eu esperava mais de Paul Di Resta, mas o escocês pelo menos salvou alguns pontinhos, numa pista onde os carros da Force India normalmente são fortes.

Kobayashi foi totalmente ofuscado pela extraordinária performance de Sergio Perez. Marcou, no entanto, o 9º lugar, à frente de Bruno Senna, que após uma atuação bem discreta, ainda ultrapassou Daniel Ricciardo para fechar o top 10 final.

Duas observações: Maldonado não foi punido durante todo o fim de semana. Um fato raríssimo no prontuário do venezuelano. E o pódio foi todo composto pelos três pilotos que o suspenso Romain Grojsean levou a nocaute no domingo passado em Spa. Que coisa, não?

A vitória de hoje deu a Lewis Hamilton um novo fôlego na disputa pelo título. Com 142 pontos, ele está a 37 de Fernando Alonso. Ok… ainda há sete corridas por cumprir e, com muito chão pela frente, dá para dizer que não tem nada resolvido. Até Kimi Räikkönen, que normalmente se finge de morto, também diz presente.

Que campeonato, senhores. Pena que a política e o chororô às vezes atrapalhem…

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