quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A temporada da GP2*

* Por Luis Fernando Ramos


Faz anos que acompanho a GP2 junto da Fórmula 1, o que nem sempre é fácil. Muitas vezes o horário das corridas da categoria menor é junto do horário das entrevistas da principal; muitas vezes o paddock de ambas é tão distante um do outro que fica impraticável ouvir a molecada com a frequência que eles merecem. Mas a frequência que existe é boa. E de todas as temporadas que eu vivi de perto, nenhuma foi tão especial quanto essa.

Em especial por poder acompanhar de perto a evolução de Luiz Razia. A do piloto e também a do indivíduo. Não me entendam mal, desde meu primeiro contato com ele, sempre foi agradável conversar com um menino positivo, humilde e divertido. Mas ver a maneira como ele canalizou todas suas energias em 2012 para correr atrás de seus sonhos foi impressionante. O trabalho consequente que fez para identificar, trabalhar e superar suas deficiências técnicas e mentais para se tornar um melhor esportista é um exemplo para todos nós, seja em que profissão estivermos. A conversa que tivemos em Cingapura após a perda do título, com um visão positiva do trabalho global, apesar da frustração do resultado, fez crescer ainda mais meu respeito por ele. São poucos os pilotos na Fórmula 1 com esta atitude e, só por isso, ele já mereceria uma chance de estar lá para mostrar o que poderia fazer.

No paddock da GP2 de Cingapura presenciei também o encontro dele com Davide Valsecchi, que estava bastante feliz com o título conquistado. Nós conversámos com Razia quando chegou o pai do italiano dando lhe um forte abraço e o puxando alguns metros adiante, onde Davide dava entrevista para a tevê de seu país. O campeão da temporada se emocionou e falou que foi justamente a força do brasileiro, um adversário veloz, leal, lutador e infalível, que tornou a conquista tão especial. Uma cena de arrepiar que é raiz da paixão que o esporte desperta.

Foi muito bom também ouvir Felipe Nasr falando sobre sua temporada. Ciente que os resultados não foram condizentes com a força de sua temporada - e por motivos completamente alheios a seu controle. O brasiliense apresenta a segurança de quem entende demais de automobilismo - e tem na companhia de seu tio Amir uma referência excelente para isso - para se incomodar se farão uma leitura errada do seu trabalho. Quem entende (muita gente ali dentro do paddock da Fórmula 1) é unânime em afirmar que a cara da GP2 em 2013 será a de Nasr e a de James Calado, dois novatos cujo talento se sobressaem aos demais. A categoria é complexa e muitos resultados podem mascarar a verdade, mas contra talentos não há argumentos. O brasileiro e o inglês estão pavimentando muito bem o difícil caminho até a Fórmula 1. Não parece haver obstáculos para pará-los.

Que venha logo a temporada do ano que vem para ficar de olho no que farão estes dois!

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