segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

PRATA VALE OURO*

* Por Victor Martins

O negócio é simples, e se Drummond pudesse transformar em um poema, não precisaria de sete faces nem de anjos tortos para dizer que quem é Mercedes vai ser algo na vida em 2014. Gauche ou droite, as curvas que McLaren, Williams e a equipe homônima contornaram foram muito melhores feitas que as rivais – algumas mal percorriam as retas. A lição que se tira dos quatro primeiros dias em Jerez é que ter um motorzão confiável é muito melhor que qualquer bico empinado, grosso ou meia-bomba.

O egocentrismo das asas dianteiras terminou assim que as equipes começaram a desvelar suas falhas mecânicas. Com seus dois pilotos, a Ferrari teve suas falhas iniciais e deixaram Räikkönen e Alonso na mão em algum momento. Mas até que rodaram bastante enquanto puderam. Kimi foi o mais rápido da rapa no primeiro dia. McLaren e Mercedes só tiveram problemas quando seus pilotos escapavam do traçado, coisas comuns de treinos e de conhecimento dos limites dos carros. Button e Magnussen apareceram na ponta da tabela nos dias 2 e 3, enquanto as Flechas de Prata com tom negro ganhavam no quesito voltas. A Williams pode se gabar de ter passado incólume tanto com Massa quanto com Bottas, com direito a melhor tempo do brasileiro na sessão final.


Por definição, a Toro Rosso foi um potro recém-nascido que tentou aprender a andar; a Red Bull, então, engatinhou. Assim, restou à Caterham, quem diria, a responsabilidade de fazer esse motor Renault, uma bomba em formato de V, ganhar rodagem no quarto e último dia de testes, nas mãos de Kobayashi. Em Enstone e Viry-Chatillôn, serão três semanas de árduo trabalho para fazer este motor refrigerar da maneira que deve e empurrar as equipes sem que elas tenham de pensar em buracos e traquitanas no carro. O Bahrein é um bom cenário para que as peças sejam exigidas da forma que se deve — ainda bem que não é Interlagos quase-40ºC.~

Ali no meio do pelotão, fica a dúvida do que Sauber e Force India podem conseguir. A primeira parece ter lá seus problemas de concepção com uma dupla não muito bem concebida; a outra até indica ter parido um carro bom, mas ainda sem preocupação de mostrar o potencial, com uma dupla acima da média. Mais atrás, a Marussia ergueu sobrancelhas por ter chegado tarde demais e não ter feito um trabalho feio. Bianchi saiu elogiando o MR03 de biquinho tímido à beça. A Caterham com seu bico-rodo também merece atenção. Tá na hora de as nanicas darem um salto grande e competirem por pontos. O primeiro ato até permite um sonho destes.

No geral, o que fica é uma declaração de Rosberg: “Estou sorrindo”. É a melhor forma de definir um carro e o começo de trabalho sem dar muitas pistas, um belo eufemismo de “agora vamo dominar essas coisa tudo aqui”. E junto com a equipe-irmã, no último ano do laço que as liga, seu velho chefe voltando a dominar e com um MP4-29 de detalhes aerodinâmicos que vão ditar moda, como a suspensão ‘bloqueada’, o primeiro capítulo da F1 em 2014 aponta que os diabos que vestem prata na temporada valem ouro.

E quanto à Lotus: Drummond escreveu um poema bom e triste, ‘Ausência’…

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