sexta-feira, 5 de abril de 2013

Uma aventura legal*

* Por Fábio Seixas



Uma das histórias mais bacanas dos últimos anos do combalido automobilismo nacional entrou na pista no final de semana. Uma ousada aventura, no sentido mais positivo da palavra.

Uma equipe brasileira no Mundial de GT. Com dono brasileiro, chefe de equipe brasileiro, mecânicos brasileiros, pilotos brasileiros. (Ok, o carro é alemão por motivos óbvios e que se encaixam melhor nas páginas de economia e de política.)

Nogaro, na França, viu a abertura do novo campeonato, que acertadamente se livrou da sigla GT1 –um bobo capricho– e se assumiu apenas com modelos GT3.

São oito as marcas representadas, um cardápio dos sonhos: Mercedes, Audi, BMW, Ford, McLaren, Lamborghini, Nissan e Ferrari.

Serão seis etapas, com circuitos históricos como Zolder e Zandvoort. Entre os pilotos, duas estrelas. Uma, pela lenda viva que é no esporte a motor: Sébastien Loeb, nove vezes campeão mundial de rali. Outra, pela curiosidade que gera: Fabien Barthez. Sim, o carequinha, goleiro da carrasca França na Copa-98.

No meio dessa turma, o BMW Team Brasil, idealizado por Antonio Hermann, ex-piloto de endurance, e que colocou no comando do dia a dia um veterano dos autódromos, Washington Bezerra.

Quatro pilotos se revezam nos dois carros: Cacá Bueno –maior campeão do automobilismo brasileiro em atividade–, Ricardo Zonta –campeão de GT em 98–, Allam Khodair e Sergio Jimenez, que já há algum tempo vêm se adaptando ao estilo de pilotagem desses modelos.

A história conta, claro, com os seus percalços. Os carros chegaram com atraso à Europa por conta da burocracia da aduana do Brasil. Entre os mecânicos, tudo também era enorme novidade. Alguns nunca tinham saído do país.

Mais: nenhum dos pilotos conhecia Nogaro, circuito ruim para o pouco torque dos BMW. E choveu bastante nos primeiros treinos por lá.

Apesar disso, foram bem. Na principal prova da primeira etapa, a dupla Cacá/Khodair ficou em nono no geral e quinto na categoria Pro.

(Há outros quatro brasileiros no campeonato, correndo de Ford GT pela portuguesa Rodrive: Matheus Stumpf e Claudio Ricci, na ProAM, e Felipe Tozzo e Raijan Mascarello, na Gentlemen Trophy.)

São tantas as notícias ruins no automobilismo nacional, e esta coluna soa sempre tão ranzinza, que é um alívio pode escrever sobre um projeto tão bem nascido.

O Brasil vai virar uma Argentina, deixando os fórmulas e abraçando de vez o Turismo? Não é questão de torcer, é simples constatação diante do que vem sendo feito numa e noutra área. Sim.

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