* Por Fábio Seixas
Não gosto de provas em que os pneus provocam tantas variações de estratégia. Do primeiro pit stop (Webber, na 1ª volta) ao último (Di Resta, a 3 voltas do fim), a classificação que se via na tela não correspondia à realidade. Hulkenberg liderava? Sim, mas todo mundo sabia que aquilo era irreal. Vettel em segundo? Seria por pouco tempo. Button na briga? Não, pura ilusão. Não gosto. Confunde o público. Fico imaginando uma criança começando a acompanhar a F-1, sem entender que aquele piloto na liderança não deveria estar lá e não vai estar ao fim do GP. A F-1 precisa entregar um produto mais direto e reto ao público, não um espetáculo que exija calculadora, caneta e papel. Sim, eu entendo a intenção de Ecclestone ao pedir que a Pirelli produza pneus-farofa. Mas um pneu que dura seis voltas, como aconteceu com os macios em Xangai, não aumentam em nada a emoção (porque todos os usaram por pouquíssimo tempo) e complicam um esporte já complexo por natureza;
Alonso foi cauteloso ao falar em chances de título: “Acho que é muito cedo para dizer. Precisamos esperar até as férias no verão para apontar um candidato claro”. O espanhol tem toda a razão. Ele venceu bem, teve uma pilotagem impecável no domingo, mas carro por carro hoje não há nenhum muito superior a outro;
Para Massa, seu mau desempenho na prova foi causado pelo comportamento dos pneus médios após o primeiro pit. “Após algumas voltas, comecei a ter graining nos pneus dianteiros”, disse, referindo-se àqueles macarrõezinhos que se formam na borracha. Segundo ele, isso provavelmente foi causado por uma conjunção das condições da pista com seu estilo de pilotagem. Ok, faz sentido. Mas que o timing do primeiro pit stop não ajudou, também é verdade. Só ali ele perdeu três posições na pista;
Horner, contam, ficou furioso quando repórteres sugeriram que a Red Bull trabalhou contra Webber no final de semana: “Isso é uma enorme idiotice. Esqueçam teorias da conspiração. Como sempre, tentamos levar nossos dois carros às melhores posições possíveis. Qualquer um que sugira uma conspiração contra um ou outro piloto não sabe o que está falando. Mark sabe exatamente o que aconteceu”. Ok, a fúria de Horner é compreensível. Mas ele precisa entender que, dado o histórico recente, a desconfiança também é;
Como se a vida de Webber não estivesse dura o suficiente, ele foi considerado culpado pelo toque em Vergne e perdeu três posições no grid do GP do Bahrein. Em tempo: a FIA acertou nessa, o australiano forçou mesmo a barra;
Falando em acidente, vi e revi o choque entre Pérez e Raikkonen. Considero o finlandês um dos melhores da atualidade, já escrevi isso algumas vezes. Mas, neste caso, acho que o erro foi dele, otimista demais ao colocar o bico do carro ao lado do McLaren e achar que a ultrapassagem estava feita. O mexicano não o fechou de forma agressiva, apenas manteve a trajetória normal;
Finalmente uma boa notícia no quesito pneu. A partir da Espanha, os pilotos de testes escalados para o primeiro treino livre devem ter um jogo a mais à disposição. Hoje, com a distribuição de compostos para todo o final de semana, o que acontece é que as equipes disponibilizam apenas um jogo para o primeiro treino livre. Por isso tão poucas voltas. De Barcelona pra frente, os pilotos de teste terão este jogo habitual e mais um, extra. É um incentivo para as equipes usarem a molecada e, de quebra, para aumentar o movimento na pista. Parece mentira, tão raros são os acertos.
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