* Por Luis Fernando Ramos
Fora do cockpit, Sebastian Vettel é pura simpatia. Atencioso com os fãs, sorridente e divertido com a imprensa, capaz de fazer um auditório cheio de ingleses rolar de dar risada ao rir de sua própria origem alemã, passando por cima de uma ferida histórica e difícil de cicatrizar. Um garoto gentil e afável, um cara do qual qualquer um gostaria de ter como amigo.
Quando coloca o capacete, porém, ele se transforma num predador que só se sacia com a vitória, um animal feroz treinado para destruir tudo e todos que se colocarem no meio de seu caminho. Uma característica que o colocou firme no caminho para se tornar um dos maiores recordistas da Fórmula 1. E, no último domingo, o colocou também em litígio com o próprio time que o ajudou a chegar onde está.
Esta dupla personalidade de Vettel ficou clara no último domingo. Dentro do cockpit, não fez a menor cerimônia em desobedecer as ordens que recebeu da Red Bull. Passou por cima delas, passou por Mark Webber na pista e fez um zigue-zague feliz pela reta dos boxes antes de receber a bandeira quadriculada por sua primeira vitória no ano, a 27ª da carreira.
Mas o animal feroz virou o garoto afável quando desceu do carro. E o garoto afável ficou chocado quando viu nos olhos dos outros membros da Red Bull o estrago que o animal feroz havia causado. Fechou a cara ao constatar que não é capaz de controlar o instinto de seu lado competitivo.
O que levou a Vettel cometer um ato tão controverso que foi capaz de levá-lo ao arrependimento? A resposta é mais simples do que parece. A corrida da Malásia mostrou que a Red Bull pode bater os adversários mesmo andando num ritmo moderado o tempo todo para poupar equipamento. Quando o carro resolver seus problemas de desgaste com os pneus, vão dar uma volta em cima do resto.
Na segunda corrida do ano, o animal feroz destruiu o que inteligentemente identificou como seu principal obstáculo em 2013. Mark Webber pode rodar a baiana o quanto quiser na imprensa. Mas já não é uma ameaça ao tetra de Vettel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário