* Por Lívio Oricchio
Olá amigos.
Escrevo do meu hotel,12 quilômetrosdistante do circuito. Estive lá hoje à tarde e permaneci até o início da noite. Do meu lado, na sala de imprensa, encontram-se Paolo, Andrea e Marco, os três jornalistas da Gazzetta dello Sport, diário esportivo italiano que na edição de hoje discute até quem será o substituto de Felipe Massa na Ferrari. Não em 2013, mas em breve, durante o campeonato.
Massa até pode ser dispensado. Mas não será pelo desempenho nas três ou quatro primeiras etapas do campeonato, a não ser que seja algo muito gritante. Luca di Montezemolo, no fundo quem decide questão tão importante, e nem é apenas ele, nesse caso, explico já, levaria em conta, também, suas duas últimas temporadas bastante fracas tendo-se em consideração o que faz o notável Fernando Alonso.
Não havia ninguém do comando da Ferrari, hoje, no circuito de Sepang. Liguei para Luca Colajanni, chefe de imprensa, ainda em Melbourne, e ele me perguntou, rindo, se não conheço essa história de Massa ser dispensado. Afirmou, literalmente: “sem fundamento”. E lembrou que a equipe o está apoiando, tanto que terá um novo carro a partir deste GP, na Malásia.
Vi os mecânicos montarem o chassi, hoje. É o chassi 294. Servia como monocoque de reserva que passa, agora, a ser titular. E o usado por Massa, 293, vai à reserva. Depois da corrida de Melbourne, em conversa conosco, Massa nos disse que acreditava existir algum problema no chassi: “Meu acerto não é muito diferente do adotado pelo Alonso. Mas meus pneus macios acabavam depois de cinco voltas e os dele não, sendo que eu sempre consumo menos pneus”.
Pequenas diferenças no acerto do chassi podem gerar comportamentos bastante distintos dos carros. A dupla Alonso-Andrea Stella, seu engenheiro, pode ter trabalhado melhor que a Massa-Rob Smedley. Aliás, Stefano Domenicali nos disse, na Austrália, que pediu a Smedley para pegar mais leve com Massa. Já vi o engenheiro inglês se exceder um pouco na cobrança. “Temos de estar próximos de Felipe. Está pressionado e nessas condições às vezes não produzimos o que somos capazes”, falou Domenicali.
Massa ainda tem lenha para queimar. Tempo para reagir. Mas não muito. Nos testes em Mugello, dia 1 a3 de maio, a Ferrari pode até escalar alguém, visando a eventual substituição do piloto. Por exemplo Sergio Perez, da Sauber, autor de excelente corrida na Austrália e já integrante do Ferrari Drivers Academy.
Mas isso no caso de a performance de Massa ser desastrosa no fim de semana agora, aqui em Sepang, na China e em Bahrein, se tivermos a corrida, o que não acredito. Ainda assim não deverá ser o fim da linha para Massa na escuderia italiana. Repito: a não ser que a história de Melbourne se repita com frequência. E não aposto nisso.
Já vi a Ferrari dispensar piloto. Converso com ele, e muito, todo fim de semana de GP, Ivan Capelli, comentarista da TV italiana. Em 1992, a Ferrari tentou um carro com dois assoalhos sobrepostos. Foi o pior modelo da Ferrari que vi desde o meu primeiro GP como jornalista da Fórmula 1, Brasil 1987. Capelli não disputou as duas últimas etapas do calendário, as provas de Suzuka e Adelaide, substituído por Gianni Morbidelli.
Portanto, há antecedente de dispensa de piloto. Mas no fim da temporada e não depois de duas, três corridas. Insisto: desde que Massa não repita com frequência o desastre de Melbourne. O fato de a Ferrari não ter encontrado nada de errado no seu chassi mostra que ele e Smedley têm responsabilidade no fracasso.
Há, contudo, dois elementos profundamente favoráveis a Massa nessa história e pesam como toneladas nas costas de Montezemolo e Domenicali antes de, eventualmente, mandá-lo embora. O primeiro é o fato de o empresário de Massa ser Nicolas Todt, filho de Jean Todt, diretor de maior sucesso da Ferrari e atualmente presidente da FIA. Todt encararia como uma grande ofensa. Quem o conhece sabe disso. E o homem tem força, senhores.
Outro aspecto forte demais para manter Massa na Ferrari é a liderança da Fiat no mercado brasileiro, há sete anos. Em 2012 produzirá perto de um milhão de veículos. Trata-se da unidade, anos-luz, mais rentável da empresa proprietária da Ferrari, a Fiat. Não deixa de gerar um baque na imagem sua escuderia dispensar, em pleno campeonato, o principal representante do Brasil na Fórmula 1.
Por tudo o que escrevi, primeiro: penso ser perfeitamente possível Massa reverter esse quadro. Não que vá, de repente, realizar algo parecido com o que faz Alonso. Seria a surpresa das surpresas. Isso é apenas para superpilotos. Não é o caso de Massa. Mas ter um desempenho mais compatível com o que se espera dele, naturalmente segundo piloto. Somar pontos, correr sem equívocos e não ficar distante, ao menos demais, do espanhol.
Se fizer isso, termina a 63.ª edição do Mundial na Ferrari e no fim do ano vai ouvir que foi um prazer, obrigado, mas não iremos renovar seu contrato. E todos saem satisfeitos. Essa é a minha aposta.
Agora, se ficar a um segundo de Alonso na classificação e em nenhum instante inserir-se, de verdade, dentre os que podem conquistar resultados como o quinto, sexto, sétimo lugares, por exemplo, aí podem lhe dar dois GPs de folga. Tenho já o motivo oficial: “Felipe precisa dessas férias para refletir e voltar com as baterias recarregadas”, como gostam de dizer aqui na Fórmula 1. De qualquer forma, seria o fim da sua trajetória na Fórmula 1. Espero e torço para esse não ser o desfecho da história.
2 comentários:
Huuummm....já vi esse filme...
será sim... é inevitável!!!
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