quarta-feira, 21 de março de 2012
Sir Rubens*
* Por ALEXANDER GRÜNWALD
Dizem que brasileiro não gosta de esporte, gosta é de ver vitórias, seja qual for o esporte. Não que seja ruim ter o máximo como referência, pelo contrário. Só que isso cria algumas distorções que vão se acumulando, multiplicando, e acabam por transformar determinados atletas em “derrotados” diante de parte do público que não acompanha as nuances de cada modalidade. Aconteceu com craques que não ganharam a Copa, assim como aconteceu com esportistas de diversas áreas, especialmente na era das transmissões televisivas. Mas é bem provável que o caso mais emblemático de todos os tempos seja o de Rubens Barrichello.
Muitos creditam a imagem relativizada de Rubinho perante o torcedor comum ao fato de que ele chegou à Fórmula 1 após uma sequência de oito título mundiais em 20 anos, conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Três pilotos fora-de-série que acostumaram mal, muito mal, a audiência das manhãs e madrugadas de domingo. Não bastasse haver duas ou três gerações criadas com a informação subconsciente de que ter um brasileiro campeão da F-1 era “normal”, veio a perda de Senna. E Rubens, aos 22 anos, ainda em fase de aprendizado e com um carro apenas mediano em mãos, virou o centro das atenções. Foi quando algo se perdeu no caminho.
Aquela era apenas a segunda temporada de um piloto que permaneceria por 19 anos na principal categoria do automobilismo mundial. Que bateria o recorde de participações, de temporadas disputadas, que viveria altos e baixos, sendo dado por acabado em pelo menos duas ocasiões, para em seguida voltar a frequentar pódios e a vencer corridas. E Rubens venceu não apenas uma vez, mas 11 vezes. Destes 19 anos, é bom lembrar, foram apenas seis, no máximo oito, as oportunidades em que teve um carro com potencial de brigar por vitórias. E em praticamente todas estas vezes, a prioridade da equipe estava no cockpit ao lado. Não apenas em termos de tratamento, de escolhas de estratégias, mas também na concepção do modelo, feito “sob medida” para o companheiro mais badalado. Ainda assim, as vitórias vieram. Inclusive na sua 17ª temporada, quando disputou, aos 37 anos, o título mundial.
Ah, o título mundial. Será que houve, de fato, alguma chance deste paulistano de origem italiana brigar de igual para igual pelo campeonato neste tempo todo? Provavelmente não. Mas é o título, o primeiro lugar, ser o melhor dos melhores, o que importa para o torcedor brasileiro. Rubens passou perto. Foi duas vezes vice e uma vez terceiro, naquela que talvez tenha sido sua maior chance de ganhar, de fato, o campeonato. Mas ficou no quase. O título nunca veio, a idade chegou, e mesmo ainda veloz, a fila andou para que ele desse lugar a outro brasileiro, mais jovem e com uma carteira de patrocínios mais polpuda. Para contar sua história, havia ainda as 14 poles, os 68 pódios, as 854 voltas lideradas, mas não havia o título. Um pecado capital para alguém que nasceu no Brasil.
Para se ter uma ideia, a Grã-Bretanha, berço do automobilismo, já conquistou mais de 200 vitórias e tem mais de uma dezena de campeões mundiais em todas as épocas nestes 60 e poucos anos de Fórmula 1. Mas pergunte, lá na terra da Rainha, qual o inglês mais venerado entre os que correram na categoria. Há grandes chances de te falarem sobre um tal de Stirling Moss, hoje um senhor de idade avançada, que não se cansa de receber homenagens. Uma delas foi a condecoração máxima do império britânico. Stirling Moss é Sir Stirling Moss. E sabe quantos títulos ele ganhou? Nenhum. Competindo na década de 1950, época do argentino Juan Manuel Fangio, ele foi vice por quatro vezes. E passou a ser conhecido, em seu país, como “o campeão sem título”.
Rubens Barrichello é respeitado no exterior. Sua reputação junto à ácida imprensa inglesa é das melhores, apesar das muitas oportunidades em que teve que ceder – por conta de um contrato que ele próprio assinou, diga-se – carros, set-ups e até posições, vitórias, a um alemão que ganhou um punhado de títulos enquanto teve o brasileiro como companheiro. Rubens é uma vítima? Sim, das suas escolhas. Mas o “se” não é um elemento bem-vindo no esporte, e a carreira que construiu no automobilismo, apesar dos pesares, é vitoriosa, sim. Quem achar o contrário, é só procurar pelos diversos contemporâneos, brasileiros ou não, que chegaram à F-1 e não duraram nem para contar história.
Neste domingo, Rubens Barrichello, o Stirling Moss brasileiro, vai dar um novo passo em sua carreira. Prestes a completar 40 anos, vai iniciar a temporada da Fórmula Indy numa equipe média, ao lado do amigo-irmão Tony Kanaan. Apesar do equipamento limitado e da completa inexperiência em circuitos ovais, muitos analistas já o credenciaram como candidato natural ao título. Algo que Nigel Mansell, inglês como Moss, conseguiu há 20 anos, quando trocou a F-1 pela Indy. Se ele terá sucesso na nova empreitada, só o tempo dirá. Mas que esta experiência sirva, ao menos, para que os brasileiros entendam, enfim, o real valor de Barrichello.
Dizem que brasileiro não gosta de esporte, gosta é de ver vitórias, seja qual for o esporte. Não que seja ruim ter o máximo como referência, pelo contrário. Só que isso cria algumas distorções que vão se acumulando, multiplicando, e acabam por transformar determinados atletas em “derrotados” diante de parte do público que não acompanha as nuances de cada modalidade. Aconteceu com craques que não ganharam a Copa, assim como aconteceu com esportistas de diversas áreas, especialmente na era das transmissões televisivas. Mas é bem provável que o caso mais emblemático de todos os tempos seja o de Rubens Barrichello.
Muitos creditam a imagem relativizada de Rubinho perante o torcedor comum ao fato de que ele chegou à Fórmula 1 após uma sequência de oito título mundiais em 20 anos, conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Três pilotos fora-de-série que acostumaram mal, muito mal, a audiência das manhãs e madrugadas de domingo. Não bastasse haver duas ou três gerações criadas com a informação subconsciente de que ter um brasileiro campeão da F-1 era “normal”, veio a perda de Senna. E Rubens, aos 22 anos, ainda em fase de aprendizado e com um carro apenas mediano em mãos, virou o centro das atenções. Foi quando algo se perdeu no caminho.
Aquela era apenas a segunda temporada de um piloto que permaneceria por 19 anos na principal categoria do automobilismo mundial. Que bateria o recorde de participações, de temporadas disputadas, que viveria altos e baixos, sendo dado por acabado em pelo menos duas ocasiões, para em seguida voltar a frequentar pódios e a vencer corridas. E Rubens venceu não apenas uma vez, mas 11 vezes. Destes 19 anos, é bom lembrar, foram apenas seis, no máximo oito, as oportunidades em que teve um carro com potencial de brigar por vitórias. E em praticamente todas estas vezes, a prioridade da equipe estava no cockpit ao lado. Não apenas em termos de tratamento, de escolhas de estratégias, mas também na concepção do modelo, feito “sob medida” para o companheiro mais badalado. Ainda assim, as vitórias vieram. Inclusive na sua 17ª temporada, quando disputou, aos 37 anos, o título mundial.
Ah, o título mundial. Será que houve, de fato, alguma chance deste paulistano de origem italiana brigar de igual para igual pelo campeonato neste tempo todo? Provavelmente não. Mas é o título, o primeiro lugar, ser o melhor dos melhores, o que importa para o torcedor brasileiro. Rubens passou perto. Foi duas vezes vice e uma vez terceiro, naquela que talvez tenha sido sua maior chance de ganhar, de fato, o campeonato. Mas ficou no quase. O título nunca veio, a idade chegou, e mesmo ainda veloz, a fila andou para que ele desse lugar a outro brasileiro, mais jovem e com uma carteira de patrocínios mais polpuda. Para contar sua história, havia ainda as 14 poles, os 68 pódios, as 854 voltas lideradas, mas não havia o título. Um pecado capital para alguém que nasceu no Brasil.
Para se ter uma ideia, a Grã-Bretanha, berço do automobilismo, já conquistou mais de 200 vitórias e tem mais de uma dezena de campeões mundiais em todas as épocas nestes 60 e poucos anos de Fórmula 1. Mas pergunte, lá na terra da Rainha, qual o inglês mais venerado entre os que correram na categoria. Há grandes chances de te falarem sobre um tal de Stirling Moss, hoje um senhor de idade avançada, que não se cansa de receber homenagens. Uma delas foi a condecoração máxima do império britânico. Stirling Moss é Sir Stirling Moss. E sabe quantos títulos ele ganhou? Nenhum. Competindo na década de 1950, época do argentino Juan Manuel Fangio, ele foi vice por quatro vezes. E passou a ser conhecido, em seu país, como “o campeão sem título”.
Rubens Barrichello é respeitado no exterior. Sua reputação junto à ácida imprensa inglesa é das melhores, apesar das muitas oportunidades em que teve que ceder – por conta de um contrato que ele próprio assinou, diga-se – carros, set-ups e até posições, vitórias, a um alemão que ganhou um punhado de títulos enquanto teve o brasileiro como companheiro. Rubens é uma vítima? Sim, das suas escolhas. Mas o “se” não é um elemento bem-vindo no esporte, e a carreira que construiu no automobilismo, apesar dos pesares, é vitoriosa, sim. Quem achar o contrário, é só procurar pelos diversos contemporâneos, brasileiros ou não, que chegaram à F-1 e não duraram nem para contar história.
Neste domingo, Rubens Barrichello, o Stirling Moss brasileiro, vai dar um novo passo em sua carreira. Prestes a completar 40 anos, vai iniciar a temporada da Fórmula Indy numa equipe média, ao lado do amigo-irmão Tony Kanaan. Apesar do equipamento limitado e da completa inexperiência em circuitos ovais, muitos analistas já o credenciaram como candidato natural ao título. Algo que Nigel Mansell, inglês como Moss, conseguiu há 20 anos, quando trocou a F-1 pela Indy. Se ele terá sucesso na nova empreitada, só o tempo dirá. Mas que esta experiência sirva, ao menos, para que os brasileiros entendam, enfim, o real valor de Barrichello.
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3 comentários:
Nada muuuuito diferente sobre o que já falamos bastante aqui, nossa cultura besta não respeita esse tipo de profissional!!
vem André, vem de Itu, vem fazer seu discurso padrão aqui nos comentários, haha...
isso mesmo Igor:oque esse imbecil que escreveu esse texto não percebeu é que rubens não é respeitado aqui no Brasil não é pela FALTA DE TITULOS(ninguem tem obrigação de ser campeão)... é por ter se prestado ao papel de M.E.R.C.E.N.A.R.I.O. e ENTREGADO VITORIAS para o alemão.Stirling Moss é respeitado no seu pais? SIM!Stirling Moss ABRIU AS PERNAS para o companheiro de equipe na linha de chegada? NÃO! então merece respeito mesmo sem ter um titulo de campeão.barriquello seguiu o caminho contrario de todos os pilotos que entram na F1: primeiro os pilotos pensam em ser vitoriosos,campeões,o dinheiro vem por consequencia disso,barriquello não,sempre priorizou ENCHER SEU BOLSO.SE ELE ACEITOU ASSINAR UM CONTRATO EM QUE ERA SEGUNDO PILOTO,TINHA QUE CALAR A BOCA E CUMPRIR O CONTRATO,NÃO FICAR CHORAMINGANDO NA IMPRENSA.enfim: VA PRO INFERNO barrichello!voce nao faz falta MERCENARIO.me respondam uma simples pergunta? se ele assinou um contrato de segundo piloto porque reclamava? e se no contarto não dizia isso porque respeitar as ordems da equipe?
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