quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um julgamento político*

* Por Luis Fernando Ramos


Amanhã (hoje), doze engravatados se sentarão no Tribunal da FIA em Paris. Ali mesmo, na Praça da Concórdia, milhares de cabeças rolaram cortadas pela guilhotina durante a Revolução Francesa no Século XVIII. Algumas da Fórmula 1 estarão na linha de frente neste julgamento que vai decidir se haverá punição para o teste realizado pela equipe Mercedes entre os dias 15 e 17 de maio em Barcelona, com o carro deste ano, para ajudar no desenvolvimento de novos compostos dos pneus Pirelli.

Red Bull e Ferrari exigem algum tipo de punição para a equipe prateada. Alegam que o uso do modelo 2013 é uma quebra do regulamento esportivo da FIA. Ambas também foram convidadas pela Pirelli para desenvolver pneus. A Ferrari o fez com o carro de 2011, o que estaria de acordo com as regras. A Red Bull recusou, não vendo vantagem nenhuma em fazer com um carro desatualizado - e acreditando não poder usar o modelo atual.

Vendo o passado histórico dos julgamentos da FIA, difícil imaginar que o desfecho deste será decidido por motivos técnicos e não políticos. Ross Brawn, que chamou para si a responsabilidade da decisão de usar o carro novo, pode acabar como a única vítima do episódio. Algo que Bernie Ecclestone, o chefão da F-1, gostaria de ver acontecer. Mas não Jean Todt, presidente da FIA.

Curiosamente, Brawn deu a entender que teria uma permissão da FIA para testar com o carro de 2013, que só pode ter vindo do delegado-técnico Charlie Whiting. Neste caso, o próprio Whiting poderia terminar o julgamento amanhã como único culpado. Mas como isso se ele é amigo próximo de Ecclestone e membro importante da própria FIA?

A chance de punirem a equipe Mercedes ao invés de um ou outro nome também é complicada. Muitos diretores da marca não apoiam sua participação na Fórmula 1 e um dano de imagem decorrente de uma punição seria o argumento que faltava para eles tirarem o time de campo. Mas com uma nova geração de motores entrando em cena no ano que vem, a F-1 não pode arcar à esta altura com a saída de um dos três únicos fornecedores da categoria.

Como se vê, é um tabuleiro de xadrez repleto de armadilhas.

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