* Por Lívio Oricchio
Ainda não há nenhuma certeza e tratando-se de uma competição complexa como a Fórmula 1 por vezes as coisas tomam rumo distinto do sugerido pelas evidências, mas são elevadas as chances de o Brasil ter dois representantes no Mundial na próxima temporada. Se comprovada, é uma realidade distinta da que se poderia projetar até pouco tempo atrás, quando a possibilidade de a nação não ter piloto no campeonato, em 2014, era até grande.
Em entrevista ao Estado, em Montreal, Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, respondeu “absolutamente sim” quando questionado se Felipe Massa continuaria na equipe no ano que vem. E o outro piloto do País bastante cotado para estar na Fórmula 1 em 2014 é Felipe Nasr, brasiliense de 20 anos, vice-líder da GP2, a categoria que mais fornece pilotos para a Fórmula 1.
“Estamos bem satisfeitos com o trabalho de Felipe (Massa). O que preocupa é o imenso desafio técnico que nos aguarda com a mudança radical do regulamento. De pilotos estamos bem servidos”, comentou com o Estado Domenicali. A quase confirmação de Massa numa equipe potencialmente vencedora no ano que vem não deixa de ser um estímulo para o torcedor brasileiro manter seu interesse pela competição.
E cria um ambiente favorável para a estreia de um jovem talentoso como Nasr. Em visita ao Estado, quarta-feira, o piloto da Carlin na GP2, mesma escuderia com quem foi campeão britânico de Fórmula 3, em 2011, com 19 anos, procurou não falar muito sobre Fórmula 1. “Claro que vai chegar uma hora, e não estamos longe disso, que vou ter de parar e começar a pensar na Fórmula 1, mas no momento minha preocupação é terminar bem a temporada da GP2, até porque se for campeão vai facilitar minha vida.”
Na Fórmula 1, depois de sete etapas, Massa soma 49 pontos, sétimo colocado na classificação, liderada pelo tricampeão Sebastian Vettel, da Red Bull, com 132, e Fernando Alonso, seu companheiro de Ferrari, com 96. “Tive alguns azares, como dois pneus furados em Bahrein, o problema na suspensão, em Mônaco, e o meu erro aqui (Montreal). Não fosse isso poderia estar bem mais na frente no campeonato”, disse Massa. Caso renove com a Ferrari, vai disputar sua 11.ª temporada na Fórmula 1, a oitava na organização de Maranello.
Depois de oito corridas na GP2, nas quatro etapas realizadas, Malásia, Bahrein, Espanha e Mônaco – há sempre rodadas duplas -, Nasr tem 96 pontos, segundo colocado. Este é o seu segundo ano na GP2. O primeiro é o monegasco Stefano Coletti, da equipe Rapax, com 120 pontos, no terceiro ano na categoria. Nasr fala um pouco do que aprendeu na GP2: “O mais importante é ser constante. Não adianta arriscar tudo para vencer e na prova seguinte não marcou pontos.” Nasr está seguindo fielmente o ensinamento. Marcou pontos nas oito corridas, com quatro pódios. Seu estilo se encaixa muito bem com as exigências atuais da Fórmula 1.
O piloto garante não ter tido contato com nenhum time da Fórmula 1, ainda. “Trabalhei minha vida toda para chegar lá e espero que seja no ano que vem. É uma época muito boa para estrear porque haverá muitas novidades”, diz. “ Eu estrearia numa temporada em que os pilotos vão ter de aprender a conviver com o motor turbo, os sistemas de recuperação de energia, vão ter de interagir bem mais que hoje.” Esses desafios técnicos atraem bastante Nasr, que já criou fama de ser um piloto inteligente, com notável visão de corrida.
Outro aspecto favorável para Nasr no caso de estrear na Fórmula 1 em 2014 é a elevada chance de Massa prosseguir na Ferrari. “É bom ter outro piloto brasileiro e em especial numa equipe vencedora da Fórmula 1. Tira um pouco o peso das suas costas. Mas o desafio será, da mesma forma, grande para mim.” A grave crise financeira de muitos times também é um fator que pode ajudar Nasr. Ele deve começar sua carreira no Mundial num dos quatro médios da competição, Force India, Toro Rosso, Sauber e Williams. Além de competência Nasr tem patrocinadores e o apoio da TV Globo.
Massa e Nasr vão estar na pista de Silverstone, na Inglaterra, sexta-feira. Tanto a Fórmula 1 quanto a GP2 realizam seu primeiro treino livre do GP da Grã-Bretanha.
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