* Por Lívio Oricchio
As últimas temporadas são pródigas em definir o campeão na etapa de encerramento. No ano passado, Sebastian Vettel, da Red Bull, e Fernando Alonso, da Ferrari, decidiram o título em Interlagos. Em 2010, os mesmos pilotos lutaram pelo campeonato no GP de Abu Dabi, também o último do calendário. De 2006 a 2008, o GP do Brasil, da mesma forma, assistiu à definição do Mundial .
Daqui a alguns anos, quando os fãs da Fórmula 1 olharem para trás no tempo, descobrirão ter vivido um dos períodos mais competitivos da história da competição. Mas em 2014 o cenário tende a ser bem distinto. “Existe, sim, essa possibilidade. Estamos enfrentando vários grandes desafios de engenharia e é provável que alguém encontre soluções que se mostrem mais eficientes. Espero que seja o nosso grupo”, afirmou para o Estado, no Canadá, Ross Brawn, diretor técnico da Mercedes.
Muitos engenheiros com grande experiência na Fórmula 1, como Brawn, Adrian Newey, da Red Bull, James Key, Toro Rosso, Gianpaolo Dall’Ara, da Sauber, não hesitam em acreditar que há boas chances de o próximo campeonato poder ser dominado por uma escuderia. “Temos de descobrir como instalar no carro o motor turbo e dois complexos e pesados sistemas de recuperação de energia (kers), além de dispormos de apenas 100 quilos de gasolina (115 litros) para disputar as corridas”, lembra Newey.
E Dall’Ara explica um aspecto importante: “Hoje quando alguém surge com uma novidade, diante da estabilidade do regulamento, todos a copiam, não é tão difícil. Mas em 2014 para incorporar as soluções vencedoras descobertas pelos adversários provavelmente será preciso redesenhar o carro, o que significa que ficará somente para a temporada seguinte.”
Essas características particulares do próximo campeonato vão fazer com que muito provavelmente não se repita o cenário dos últimos anos na Fórmula 1, em que Red Bull, Ferrari, McLaren, Lotus e Mercedes acabaram vencendo as corridas. “Poderemos ter uma só dominando o campeonato”, afirma Newey. “O problema para nós projetistas é que teremos importantes limitações para descontar na aerodinâmica a eventual vantagem que alguém conseguir no motor ou nos kers.”
O regulamento restringiu bastante a geração de pressão aerodinâmica, ao abaixar o bico, reduzir a largura do aerofólio dianteiro e posicionar os terminais de escape na saída da tomada de ar do motor, altos, a fim de evitar que colaborem com a geração de pressão aerodinâmica, dentre outras medidas.
Há uma nítida tendência de ao menos em 2014 a Fórmula 1 repetir temporadas como a de 1992, em que Nigel Mansell, da Williams, foi campeão na 11.ª das 16 etapas (68,7%), ou a de 2011, quando Vettel, da Red Bull, definiu o título na 15.ª das 19 provas (78,9%).
“Sempre que ocorre uma revisão conceitual das regras técnicas, como vamos ter no ano que vem, o primeiro ano não é competitivo”, lembra Herbie Blash, vice-diretor de corrida e ex-diretor esportivo da Brabham. “Mas no segundo ano do regulamento os técnicos já descobriram os melhores caminhos e as disputas se acirram. Em 1983 proibiram o carro-asa e fomos campeões na Brabham, com Nelson (Piquet). Mas no ano seguinte já deu McLaren.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário