Semana passada fui ao aniversário surpresa da minha cunhada e, entre uma conversa e outra, entre uma música e outra, uma foto me chamou a atenção: ela vestida de Ayrton Senna, com seu macacão e um capacete e, ao fundo, uma mensagem ao dia dos pais.
Acredito que todos que estão com idade entre 25 e 30 anos, também tenham uma foto dessas, no mesmo estilo, caracterizando um personagem: um piloto de corridas de sucesso.
Tempos para cá, essa cumplicidade com os idolos acabaram. Não se veem pessoas tirando fotos caracterizadas, um boné, uma faixa. Tudo ficou descartável. Um grande exemplo, Gustavo Kuerten, quem hoje se lembra dos feitos por ele alcançados? O papel de ídolo foi roubado pela mídia.
A mesma mídia que endeusa medíocres, que fazem aparecer BBBs, que transformam a personalidade das pessoas em busca do tal "quinze minutos de fama". Mas para que isso? Para trocarmos de ídolos a cada instante? Ou seria para deixarmos de pensar em tudo o que acontece?
Estes são caminhos tortuosos, que muitas vezes nos deixam sem explicações. Nossos ídolos, como diz a música cantada por Elis Regina, ainda são os mesmos. Mas por que são os mesmos? Será que não houveram pessoas capazes para tal feito?
Este é o caso vivido por Rubens Barrichello. Graças aos sucessos imediatistas, sua competência e carisma foi deixada de lado em prol de diversos fatores, muitos deles comerciais, que impediam ser alçado a tal posto. Mas pergunto a vocês, quem naquele dia em Hockenhein não se emocionou ao vê-lo ganhando sua primeira corrida? Ou mais ainda, quem não vai à Interlagos e não ouve seu nome ser gritado a plenos pulmões?
Por que, pelos seus feitos ele não pode ser alçado à idolo nacional? Aliás, quais são os nossos ídolos? O que eles fazem? Onde eles estão? Por que vivemos esta ausência total de valores?
Mas, mesmo não conseguindo enxergar o novo, cadê as grandes demonstrações de carinho? As reportagens, as conversas na mesa do bar. Infelizmente, por mais informações que disponhamos, este tipo de prática deixa de existir.
Como já cantava Elis: "minha dor é perceber, que apesar de termos, feito tudo, tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...", afinal, os nossos ídolos são os mesmos dos nossos pais.
6 comentários:
"Todos tem goleiro nos temos Rogerio"
Esse é idolo pena que não é de todos brasileiros mas so quem torce para o tricolor sabe a importancia desse cidadão
meus heróis morreram de overdose (exceto Kurt Cobain, que não é meu herói nem aqui, nem na China..)
Tirando o lado futebolístico(Figueroa e Falcão), musical(Angus Young, que ainda tá na ativa), no automobilismo depois do Senna é difícel de falar.
Mas no Brasil, até antes do Senna, um cara que sempre admirei, torci e ainda torço é o Ingo Hoffmann
(Espero que consiga levar adiante o projeto do antigo traçado de Interlagos)
"ídolos" estavam no sbt... hoje são da record!!!
Isso é o resultado da inversão de valores da nova juventude, a prática da moral e bons costumes está fora de moda, é careta e dá vergonha.
Esse é o mundo atual.
Belíssimo texto Roque!!! :)
Essa é a cultura que impera no Brasil, vinda dos EUA, onde se vc não for o melhor, vc não é nada (o segundo colocado é o 1° perdedor...). Na minha opinião é por isso que o Barrichelo não tem mais espaço como ídolo nacional, ele nunca foi um "campeão" e a mídia sempre o tratou como o humilde brasileirinho que estava tentando ganhar uns pontinhos...
Enquanto nós não mudarmos nosso jeito de educar nossos filhos e aprender a dar valor aos feitos não interessando o resultado final, continuaremos com nossos "ídolos voláteis" que surgem e desaparecem mais rápidos do que as regras da FIA!
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