segunda-feira, 14 de maio de 2012

UM DOMINGO DE HERÓIS*


* Por Luis Fernando Ramos

Eram poucos minutos depois das 17 horas locais quando o vencedor do Grande Prêmio da Espanha, o venezuelano Pastor Maldonado, deixou correndo a área de boxes da Williams. Expressão séria e determinada, ele carregava nas costas um primo seu, um pré-adolescente que usava uma bota ortopédica. Fugiam de um forte incêndio que consumiu boa parte dos boxes do time, decorrente da explosão de um reservatório de combustível. Um momento dramático em Montmeló.

O espírito demonstrado pelo piloto foi compartido em outros cantos da dramática cena. Mecânicos de diversas equipes se juntaram para apagar as chamas. Membros do time, inclusive Bruno Senna e o sócio Toto Wolff, voltaram para dentro da fumaça para se certificar se Frank Williams, de cadeira de rodas, havia sido empurrado para fora. Um impressionante espírito de solidariedade.

O episódio emblemático aconteceu num dos instantes mais solidários da categoria em termos esportivos. Desde 1983 que um campeonato não começava com cinco vencedores de cinco equipes diferentes nas cinco primeiras corridas. A partir de então, os custos da Fórmula 1 cresceram exponencialmente e um equilíbrio similar desapareceu.

Não que hoje a categoria tenha times de forças financeiras parecidas, muito pelo contrário. Mas o comportamento imprevisível dos compostos Pirelli nesta temporada tem gerado flutuações enormes na distribuição de forças. Junta-se o tipo de pista, a temperatura ambiente, a posição no grid e a estratégia, cada prova pode apresentar um piloto diferente com o melhor ritmo de corrida. Em Barcelona, foi Pastor Maldonado.

O venezuelano chegou a perder a liderança para Fernando Alonso na largada, mas a recuperou na segunda rodada de pitstops ao parar duas voltas antes do espanhol e voltar para a pista fazendo tempos muito bons.

"A ideia era administrar o gasto de pneus, então eu não estava acelerando tudo para poupar borracha para o final da prova. Fernando chegou perto em alguns momentos, mas eu estava controlando a distância. Nosso ritmo hoje era fortíssimo", avaliou o vencedor.

Vencedores também foram os mecânicos que ajudaram a dominar o fogo após a corrida em poucos minutos, correndo para o local das chamas com extintores e mangueiras que estivessem ali perto. A brigada de incêndio catalã que ficou de prontidão no autódromo durante o final de semana já havia deixado a pista pois a prova tinha terminado.

No final das contas, trinta e um desses mecânicos passaram pelo centro médico do circuito. A maioria sofrendo efeitos dos gases inalados foram logo liberadas. Sete foram transferidos para hospitais da região para receber tratamento. Três deles da equipe Williams.

Que estes heróis anônimos se recuperem prontamente.

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