quinta-feira, 24 de maio de 2012
QUEIXAS DE SCHUMI COM PNEUS SÃO BOAS PARA F1*
* Por Jonathan Noble, do AUTOSPORT.com
Michael Schumacher foi o primeiro a se irritar. Em meio a crescentes evidências de que os pneus são fatores-chave para o resultado das corridas – assim como a capacidade das equipes em explorá-los –, os pilotos da Mercedes criticaram a Pirelli, o que é o primeiro sinal de que nem todos estão felizes com a maneira com que as corridas se desenrolam neste ano.
Com quatro equipes diferentes vencendo as quatro primeiras corridas, é praticamente impossível dizer qual carro ou piloto são favoritos ao título mundial. As primeiras filas obtidas pela McLaren na Austrália e na Malásia parecem algo distante ao julgar as últimas corridas, com Lotus, Red Bull e Mercedes superando a equipe de Woking nas últimas duas semanas.
Um cenário ainda mais confuso é que Fernando Alonso, com uma Ferrari que é reconhecidamente pior do que as rivais, está dez pontos atrás do líder do Mundial. Em 2011, à esta época, a diferença era de 52 pontos.
Corrida após corrida, aparenta-se que nenhuma combinação de carro ou piloto está claramente no topo. Isso depende se a equipe consegue se colocar na janela de operações ideal do pneu.
Mas isso está exagerado, o que faz com que Schumacher tenha razão? O campeonato de 2012 se tornou uma loteria da borracha, com o resultado das corridas dependendo da adaptação de um carro à pista e às condições climáticas?
Há algumas evidências que reforçam essa visão. Olhe a maneira com que a McLaren andou na Austrália; já na Malásia, as condições frias e úmidas favoreceram Sauber e Ferrari. Já na China, com temperatura amena, foi boa para a Mercedes, enquanto a pista quente e abrasiva do Bahrein foi perfeita para Red Bull e Lotus. Alguns graus de temperatura variam e fazem a diferença entre lutar pela vitória e fazer figuração.
Certamente, os pilotos já viram o lado ruim da situação dos pneus. Quando não fazem os pneus trabalharem corretamente, eles não conseguem levar o carro à sua performance ideal. É só ver o sofrimento de Jenson Button na Malásia, quando seus pneus esfriaram, já que ele ficou preso no tráfego. Ou a incapacidade de Schumacher em progredir no Bahrein – o que causou sua fúria após a prova.
Em uma temporada que é cada vez mais complexa, os chefes de equipe, engenheiros e pilotos concordam que é vital extrair o máximo dos pneus. Mas o problema é que os pneus representam algo obscuro, o que dificulta sua compreensão no momento.
O diretor de operações da Lotus, Alan Permane, tinha essa certeza quando conversamos sobre os pneus na China – e, mais especificamente, o que as equipes podem fazer para entrar nesta janela mágica.
“Se alguém disser que pode mudar a temperatura do pneu com o acerto do carro, está de conversa fiada”, disse Permane, indo direto ao ponto.”Alguém que diz que sabe como mudar a degradação do pneu está falando besteira.”
“Todos adorariam poder fazer isso e as pessoas acham que podem fazer isso até certo ponto. A Mercedes tem um carro rápido e muitas pessoas inteligentes, mas olhem o ritmo de corrida deles nas duas primeiras corridas. Foi terrível. Se fosse fácil, eles já teriam feito.”
“Passamos todo o ano passado tentando diminuir o desgaste dos pneus traseiros – e isso sempre é difícil. Podemos jogar com a geometria de suspensão – é relativamente fácil desenhar uma geometria diferente. Mas como iríamos testá-la? Fazer isso com a temporada em andamento é muito difícil. Se temos um jogo de pneus em um treino livre e dois no segundo, como compararíamos as diferenças entre as duas sessões com condições climáticas diferentes?”
Os comentários de Permane sugerem que extrair o máximo dos pneus será uma dificuldade para muitos. No entanto, a Pirelli confia que é uma questão de tempo até que as equipes consigam.
E a crescente importância dos pneus não tem a ver com o que a Pirelli tem feito. Olhe a situação de perto e você perceberá que é uma combinação de fatores: as equipes estão muito próximas na performance do carro que alguns décimos de segundo fazem diferença no uso dos pneus. No ano passado, essa diferença não era tão importante poirque os carros estavam mais espalhados.
Também há o fato de que as mudanças no regulamento – e o banimento definitivo do difusor soprado – resultaram em menos pressão aerodinâmica. Isso significa que os pneus traseiros têm de aguentar menos energia, o que deixa, consequentemente, mais difícil operá-los direito. Um leve aumento na sensibilidade faz com que os pneus fiquem mais próximos da temperatura ideal.
Uma loteria dos pneus indicaria que não há elementos de habilidade envolvidos nas corridas e que estamos vendo carros fracos tendo excelentes resultados simplesmente por causa da sorte.Ninguém poderia discutir que os quatro vencedores da temporada não mereceram o sucesso.
Paul Hembery, da Pirelli, diz que as quatro corridas não foram loterias, mas sim resultados de trabalhos de engenharia. “Se considerarmos a corrida de Melbourne, não acho que houve um resultado estranho. Já na Malásia, a chuva por si só faz com que fosse uma corrida difícil. Em Xangai e no Bahrein, o carro que fez a pole venceu, então é possível dizer que as melhores combinações de equipes e pilotos venceram”, analisou.
“Desde que todos tenham o mesmo desafio, é possível dizer que os melhores pilotos e engenheiros vencem. Não acho que isso seja uma loteria, já que os carros estão à frente por um motivo: são muito competitivos.”
“O maior desafio neste ano, com carros tão próximos, é que as ultrapassagens ficam mais desafiadoras. Isso por si só faz com que a posição na pista seja mais importante do que no ano passado.”
Talvez as equipes levem algum tempo para entender os pneus. Talvez haja frustrações de outros pilotos como foi com Schumacher, mas precisamos lembrar que a F1 não se trata de facilitar a vida dos competidores.
Pergunte a qualquer engenheiro como seria seu fim de semana perfeito: largar da pole position, liderar todas as voltas, fazer dois pitstops sem estresse, cruzar a linha de chegada e embolsar 25 pontos.
Mas não é isso que nós, amantes do esporte, queremos. Queremos imprevisibilidade, queremos corridas que são definidas em sua fase final. Queremos que, a cada fim de semana, seja difícil prever quem vencerá.
A Pirelli pode estar causando algumas dores de cabeça nesta temporada, mas isso não é algo ruim. Devemos ficar felizes com o fato de que a F1 esteja tão empolgante neste ano, incluindo o Senhor Schumacher.
Michael Schumacher foi o primeiro a se irritar. Em meio a crescentes evidências de que os pneus são fatores-chave para o resultado das corridas – assim como a capacidade das equipes em explorá-los –, os pilotos da Mercedes criticaram a Pirelli, o que é o primeiro sinal de que nem todos estão felizes com a maneira com que as corridas se desenrolam neste ano.
Com quatro equipes diferentes vencendo as quatro primeiras corridas, é praticamente impossível dizer qual carro ou piloto são favoritos ao título mundial. As primeiras filas obtidas pela McLaren na Austrália e na Malásia parecem algo distante ao julgar as últimas corridas, com Lotus, Red Bull e Mercedes superando a equipe de Woking nas últimas duas semanas.
Um cenário ainda mais confuso é que Fernando Alonso, com uma Ferrari que é reconhecidamente pior do que as rivais, está dez pontos atrás do líder do Mundial. Em 2011, à esta época, a diferença era de 52 pontos.
Corrida após corrida, aparenta-se que nenhuma combinação de carro ou piloto está claramente no topo. Isso depende se a equipe consegue se colocar na janela de operações ideal do pneu.
Mas isso está exagerado, o que faz com que Schumacher tenha razão? O campeonato de 2012 se tornou uma loteria da borracha, com o resultado das corridas dependendo da adaptação de um carro à pista e às condições climáticas?
Há algumas evidências que reforçam essa visão. Olhe a maneira com que a McLaren andou na Austrália; já na Malásia, as condições frias e úmidas favoreceram Sauber e Ferrari. Já na China, com temperatura amena, foi boa para a Mercedes, enquanto a pista quente e abrasiva do Bahrein foi perfeita para Red Bull e Lotus. Alguns graus de temperatura variam e fazem a diferença entre lutar pela vitória e fazer figuração.
Certamente, os pilotos já viram o lado ruim da situação dos pneus. Quando não fazem os pneus trabalharem corretamente, eles não conseguem levar o carro à sua performance ideal. É só ver o sofrimento de Jenson Button na Malásia, quando seus pneus esfriaram, já que ele ficou preso no tráfego. Ou a incapacidade de Schumacher em progredir no Bahrein – o que causou sua fúria após a prova.
Em uma temporada que é cada vez mais complexa, os chefes de equipe, engenheiros e pilotos concordam que é vital extrair o máximo dos pneus. Mas o problema é que os pneus representam algo obscuro, o que dificulta sua compreensão no momento.
O diretor de operações da Lotus, Alan Permane, tinha essa certeza quando conversamos sobre os pneus na China – e, mais especificamente, o que as equipes podem fazer para entrar nesta janela mágica.
“Se alguém disser que pode mudar a temperatura do pneu com o acerto do carro, está de conversa fiada”, disse Permane, indo direto ao ponto.”Alguém que diz que sabe como mudar a degradação do pneu está falando besteira.”
“Todos adorariam poder fazer isso e as pessoas acham que podem fazer isso até certo ponto. A Mercedes tem um carro rápido e muitas pessoas inteligentes, mas olhem o ritmo de corrida deles nas duas primeiras corridas. Foi terrível. Se fosse fácil, eles já teriam feito.”
“Passamos todo o ano passado tentando diminuir o desgaste dos pneus traseiros – e isso sempre é difícil. Podemos jogar com a geometria de suspensão – é relativamente fácil desenhar uma geometria diferente. Mas como iríamos testá-la? Fazer isso com a temporada em andamento é muito difícil. Se temos um jogo de pneus em um treino livre e dois no segundo, como compararíamos as diferenças entre as duas sessões com condições climáticas diferentes?”
Os comentários de Permane sugerem que extrair o máximo dos pneus será uma dificuldade para muitos. No entanto, a Pirelli confia que é uma questão de tempo até que as equipes consigam.
E a crescente importância dos pneus não tem a ver com o que a Pirelli tem feito. Olhe a situação de perto e você perceberá que é uma combinação de fatores: as equipes estão muito próximas na performance do carro que alguns décimos de segundo fazem diferença no uso dos pneus. No ano passado, essa diferença não era tão importante poirque os carros estavam mais espalhados.
Também há o fato de que as mudanças no regulamento – e o banimento definitivo do difusor soprado – resultaram em menos pressão aerodinâmica. Isso significa que os pneus traseiros têm de aguentar menos energia, o que deixa, consequentemente, mais difícil operá-los direito. Um leve aumento na sensibilidade faz com que os pneus fiquem mais próximos da temperatura ideal.
Uma loteria dos pneus indicaria que não há elementos de habilidade envolvidos nas corridas e que estamos vendo carros fracos tendo excelentes resultados simplesmente por causa da sorte.Ninguém poderia discutir que os quatro vencedores da temporada não mereceram o sucesso.
Paul Hembery, da Pirelli, diz que as quatro corridas não foram loterias, mas sim resultados de trabalhos de engenharia. “Se considerarmos a corrida de Melbourne, não acho que houve um resultado estranho. Já na Malásia, a chuva por si só faz com que fosse uma corrida difícil. Em Xangai e no Bahrein, o carro que fez a pole venceu, então é possível dizer que as melhores combinações de equipes e pilotos venceram”, analisou.
“Desde que todos tenham o mesmo desafio, é possível dizer que os melhores pilotos e engenheiros vencem. Não acho que isso seja uma loteria, já que os carros estão à frente por um motivo: são muito competitivos.”
“O maior desafio neste ano, com carros tão próximos, é que as ultrapassagens ficam mais desafiadoras. Isso por si só faz com que a posição na pista seja mais importante do que no ano passado.”
Talvez as equipes levem algum tempo para entender os pneus. Talvez haja frustrações de outros pilotos como foi com Schumacher, mas precisamos lembrar que a F1 não se trata de facilitar a vida dos competidores.
Pergunte a qualquer engenheiro como seria seu fim de semana perfeito: largar da pole position, liderar todas as voltas, fazer dois pitstops sem estresse, cruzar a linha de chegada e embolsar 25 pontos.
Mas não é isso que nós, amantes do esporte, queremos. Queremos imprevisibilidade, queremos corridas que são definidas em sua fase final. Queremos que, a cada fim de semana, seja difícil prever quem vencerá.
A Pirelli pode estar causando algumas dores de cabeça nesta temporada, mas isso não é algo ruim. Devemos ficar felizes com o fato de que a F1 esteja tão empolgante neste ano, incluindo o Senhor Schumacher.
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