quarta-feira, 9 de maio de 2012

Campeonato deverá continuar como está*

* Por Livio Oricchio

Sexta-feira, no primeiro treino livre do GP da Espanha, em Barcelona, Ferrari e Red Bull vão colocar na pista pela primeira vez a versão B dos modelos usados este ano. Não testaram o carro no circuito de Mugello, semana passada. As mudanças serão significativas. No ensaio de três dias no circuito italiano, com exceção da HRT, as nove demais escuderias experimentaram novidades importantes em seus monopostos.

Diante de os projetos de quase todos os times terem sido revistos, será que a partir da prova na Catalunha o campeonato será diferente do que vimos até agora, com quatro vencedores distintos, de quatro equipes diferentes, nas quatro primeiras etapas da temporada? É pouco provável. Será surpreendente se, de repente, McLaren, Mercedes, Red Bull ou a cada vez mais eficiente Lotus passarem a se impor daqui para a frente.

Ficou claro para todos que o regulamento deste ano é bastante restritivo, dá pouca margem a que alguém encontre uma solução técnica mágica capaz de criar diferenças expressivas de performance, como fez com brilhantismo a Red Bull em 2011, ao desenvolver o escapamento aerodinâmico.

Assim, faz todo sentido acreditarmos que as vitórias continuarão sendo diluídas entre as três que ganharam em condições normais este ano, McLaren, Mercedes e Red Bull, mais a Lotus. O quarto time que venceu foi a Ferrari, com Alonso, na Malásia, mas ali foi um golpe de sorte e habilidade do espanhol, naquele chove não molha. A nova versão do F2012 deve permitir a Alonso e Massa avançarem no grid, chegar ao Q3, por exemplo, e provavelmente até pensar em pódio, mas superar as quatro melhores, com regularidade, nem Alonso espera.

O que vai decidir quem recebe a bandeirada em primeiro na Fórmula 1 é o quanto cada time avançou com a introdução dos novos componentes mas, principalmente, a exemplo do que vimos até agora nesta temporada, como cada grupo de engenheiros acerta seu carro para os 300 quilômetros da corrida. Os novos pneus Pirelli, mais sensíveis, tornaram o exercício um desafio.

Ross Brawn comentou conosco, ainda na China, depois de Nico Rosberg, seu piloto na Mercedes, vencer com enorme facilidade: “Não podemos mexer no ajuste do carro entre a sessão de classificação, sábado, e a corrida, domingo. E são desafios muito distintos. Mais ainda com os pneus deste ano. Uma coisa é trabalhar o monoposto para ser veloz em uma volta lançada e outra bem distinta é fazê-lo rápido e constante ao longo de 70 voltas”.

Brawn explicou, ainda: “Quem conseguir antecipar o que mais será exigido na corrida e apostar num acerto que permita os pneus responderem bem a essas exigências, às vezes em detrimento até de uma melhor colocação no grid, deverá ter uma vantagem decisiva na prova. Mas não é fácil antecipar as condições do domingo”.

Para resumir, as mudanças nos projetos devem deixá-los mais velozes, adaptados aos pneus deste ano, deveremos assistir a saudáveis surpresas, mas o que ainda mais será decisivo na definição do vencedor é o acerto ou equívoco nos ajustes mecânicos e aerodinâmicos do carro para melhor explorar os pneus.

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