*Por Rodrigo Mattar
O lindo domingo de sol e calor no Autódromo de Jacarepaguá foi glorioso para o automobilismo brasileiro. Sem resvalar no exagero de uns e outros, mais de 30 mil pessoas lotaram arquibancadas e camarotes montados na pista carioca para ver as provas da Porsche GT3 Cup e da inédita corrida da Fórmula Truck, vencida por Roberval Andrade.
Inédita porque, se me lembro bem, em 1999 eles estavam no programa da Rio 200 – a corrida da Fórmula Indy no Brasil – como evento suporte da corrida do certame estadunidense. Mas com a chuva e os atrasos do sábado, a exibição foi cancelada. Um buzinaço selou os protestos contra os ianques, que de nada adiantaram.
O tempo passou, passou e passou. Jacarepaguá, hoje um simulacro de autódromo, despiu-se de sua imagem de abandono e graças aos esforços de Neusa Navarro Félix e seus comandados, a Fórmula Truck fez muito mais pelo autódromo do que a prefeitura do Rio de Janeiro desde a passagem da Stock Car por aqui, no fim do ano passado.
O excepcional público visto hoje em Jacarepaguá é a prova viva de que mesmo com sol, praia e futebol (havia hoje à tarde a decisão da Taça Rio, que deu o título do campeonato ao Botafogo), o carioca gosta de automobilismo. O brasileiro gosta de automobilismo. Uma eficiente divulgação enche autódromos. E o Rio não pode ficar sem um Autódromo à altura de sua tradição no esporte. Nunca.
Querem provas? De onde são as seguintes equipes: Vogel, A. Mattheis, Officer-Pamplona e JF Racing?
Sim, são do Rio de Janeiro. Estão na região serrana, a 80 km da pista. Mas são do estado. São parte da história do automobilismo do Rio. E como negar a existência de um Mauro Vogel, de um Jorge Freitas ou mesmo de Andreas Mattheis?
Como negar que o esporte gera dezenas de empregos diretos?
E como negar também que foi uma burrice siderúrgica destruir o setor norte da pista para se erguer uma piscina que não tem competição nenhuma, uma arena que só tem show e jogos de basquete aqui e alhures, além de um velódromo, que não interferiu na geografia do circuito, mas que também vive às moscas como os outros aparelhos esportivos?
O Rio de Janeiro pode ser uma cidade olímpica sim. Pode ser a sede da final da Copa do Mundo sim. Mas não pode desmerecer um esporte que deu ao país oito títulos mundiais de Fórmula 1 e tantos outros em diversas categorias pelo planeta todo. Não pode.
E não surpreendem as palavras duras de Alexandre Barros, que mais do que nenhum outro piloto, pôde vivenciar o apogeu do Autódromo e as reformas que tornaram possíveis as corridas do Mundial de Motovelocidade entre 1995 e 2004.
“Triste, investimos cinco anos de trabalho para conseguir deixar esse autódromo pronto para a MotoGP, conseguir o asfalto certo, tudo, para virem e fazer isso, o Rio de Janeiro não pode ficar sem um autódromo.”
São declarações de um piloto que não é um qualquer. Alexandre é um ídolo, uma referência do esporte que faz muita falta como representante do Brasil no circuito mundial.
Voltando ao que se viu na pista, 24 “brutos” deram show em 60 minutos de corrida em Jacarepaguá. O pole position Danilo Dirani perdeu a ponta logo na largada para Roberval Andrade e depois o câmbio de seu Ford Cargo falhou. O piloto do Scania com as cores do Corinthians dominou as 29 voltas até a quadriculada, com Leandro Reis em segundo e “Hisgué” Benavides em terceiro.
Felipe Giaffone saiu em último, chegou em quinto e com o resultado ainda lidera o campeonato, com 43 pontos – mesmo total de “Hisgué”, porém com uma vitória a mais. Leandro Reis é o terceiro, quatro unidades atrás e Roberval Andrade é o quarto, com 35.
A terceira etapa do campeonato é em Caruaru, capital mundial do Forró, dia 16 de maio.
Um comentário:
o autmobilismo já perdeu essa luta no RJ faz tempo... lamentável!!!
Postar um comentário