Jan nasceu em Amsterdã, na Holanda, no dia 21 de junho de 1946.
Em 1954, com 8 anos, veio para o Brasil pois seu pai, Antoni Balder, engenheiro da fábrica de aviões “Fokker”, foi transferido para o Rio de Janeiro. Moraram um ano em Copacabana, depois mais um ano em Ipanema. Junto com a família veio seu padrinho, Otto Kuttner, também funcionário da “Fokker”.
Em 1956, com o término dos trabalhos a empresa retirou seu pessoal do país, mas os “compadres” resolvem ficar e se mudam para São Paulo, Bairro do Brooklin e vão trabalhar na Vemag, Otto no Departamento de Testes, mesmo departamento onde em 58 Jorge Lettry foi trabalhar, e seu pai, Antoni, como Gerente da Engenharia. Em junho, seu padrinho o leva a assistir a “Duas Horas de Velocidade” em Interlagos. ”Eu, com 10 anos, estava em êxtase, foi paixão à primeira vista, os pilotos se transformaram em meus heróis.” diz Jan.
Seu pai e seu padrinho trabalhavam no desenvolvimento dos DKW e recebiam em casa pilotos que iam trocar idéias e informações, e Jan tinha atenção especial sobre tempos de volta, logo aprendeu a usar um cronômetro. Quase toda tarde após as aulas ia à Interlagos acompanhar os treinos e testes e levava um cronômetro para marcar o tempo dos carros, e foi fazendo amizade com os pilotos, certa vez ganhou carona de volta para casa de ninguém menos que Chico Landi, um de seus ídolos.
“Toda vez que eu ia treinar, antes de colocar o meu capacete, recorria ao Jan para saber os tempos dos meus concorrentes”, lembrava Eugenio Martins.
Fã de Ciro Cayres, assistiu das arquibancadas seu acidente na Curva 3, nos “I 500 Quilômetros de Interlagos”, em 7 de setembro de 1957, tinha 11 anos.
Em outubro de 1959, foi assistir os “III Circuito de Poços de Caldas” (MG). Na comemoração da vitória do “Marinho” em um restaurante da cidade, pediu um omelete, que veio enorme. Quando alguém perguntou quem era aquele garoto com 13 anos, o preparador Sergio “Cabeleira” respondeu:”- É o Papa-omelete”. Pronto! Ganhava ali o apelido que o acompanhou a vida inteira.
A partir desse ano passa a cronometrista da equipe Vemag, iniciando nas “IV Mil Milhas”. Quando Otto é contratado pela equipe Willys, Jan passou a cronometrar para eles, ganhando logo a confiança e a amizade de Christian “Bino” Heins, fez sua estréia na prova “ 500 Milhas ” de 1962 e no início de 1963 a equipe, a mando de “Bino”, passa em sua casa para apanhá-lo, eram três Berlinetas e três Gordinis. Sua moral com a turma do bairro ficou lá em cima.
Em 1963, nas “12 Horas de Brasilia” cronometrou as Berlinetas, que foram quebrando, uma a uma, o que provocou o retorno de Otto para a Vemag, Jan voltou também. Dois meses depois, ouvindo os boletins pelo rádio, fica sabendo do acidente fatal do amigo Christian “Bino” Heins na prova 24 Horas de Le Mans, na França, foi um triste mês de junho.
Em 1964, aos 18 anos e com uma moto de 75 cc. começou a correr em Interlagos, fez 3 provas, venceu 2, na categoria, e nos treino para a quarta, em Santos (SP), bateu num caminhão que atravessou a pista improvisada, quebrou vários ossos e ficou “de molho” um bom tempo. Em compensação, no Natal e ainda com o braço engessado, ganhou de presente dos pais seu primeiro carro, um DKW é claro. Assim que se restabelece começa a participar de ralis com o carro, além de continuar os estudos.
Em 1966, aos 20 anos, participa de sua primeira corrida de estreantes com vitória, mas seu carro com freios a disco não homologados na categoria, foi desclassificado, mas tudo bem, na pista tinha vencido. Sua segunda corrida, “IV Aniversário da APVC”, marcou o encerramento das atividades da Equipe Vemag e um novo emprego de seu pai com a mudança da família para o bairro de Eldorado em São Bernardo do Campo (SP). Otto, seu padrinho, continuou na Vemag. Nesse ano participa de 5 provas de estreantes e ganha o troféu Victor de “Piloto Revelação” da revista 4 Rodas que foi entregue por Carlo Pintacuda, ex-piloto italiano que havia ganho duas vezes o Circuito da Gávea no RJ (37 e 38) e o GP Cidade de São Paulo (36).
No final de temporada por sugestão de Emerson Fittipaldi formam dupla e correm as “VIII Mil Milhas”. Na prova largaram mal, mas ganham posições até que faltando 20 voltas, com a quebra do Karmann Ghia do “Moco” e “Totó” Porto passam à primeiro, mas..., fatalidade, uma volta depois um cilindro deixou de funcionar, e a vitória ficou para a dupla Camillo e Celidonio na carretera 18, perdem também o segundo lugar para outro Malzoni da equipe, chegam em terceiro.
Em 1967 fazendo cursinho para engenharia e trabalhando à tarde na fábrica de volantes Fittipaldi volta a participar de ralis e a participar de provas de Kart, venceu 2 provas de estreantes, e em 1969, já no curso de Engenharia Industrial da FEI, como piloto e Alfred de navegador, em um Volks 1.600cc do “Team Fittipaldi” vencem 4 em 8 provas e são campeões paulistas de rali.
Ainda nesse ano com a chegada da Fórmula Vê, monoposto com chassi tubular e mecânica monomarca VW, participa dos “500 Quilômetros” pelo anel externo (da pista antiga) em dupla com “Maneco” Combacau, chegam em terceiro em sua primeira corrida de fórmula.
Com a Vemag fora das pistas, Jan aceitou o convite de Carlos Sgarbi para correrem a “IX Mil Milhas Brasileiras” com o Karmann Ghia/Corvair, emprestado pelo Celidonio, o mesmo para quem havia perdido as Mil Milhas do ano anterior. Rivais sim, mas só dentro da pista, fora, muita amizade e camaradagem.
Em 1968, aos 22 anos, participa de sua primeira prova internacional, as “6 Horas de El Pinar” no Uruguai, a convite de Karl Iwers e o filho Henrique, seu cunhado agora, vencem a prova na classe 1,0 litro. Na Equipe CBE de Eugenio Martins fez dupla com Pedro Victor Delamare e conseguiram a primeira vitória da marca no Brasil, foi nas “500 Milhas da Guanabara” (RJ), em seguida faz dupla com seu ídolo de adolescência, Chico Landi nos “500 Quilômetros de Porto Alegre” (RS), como tinham gasolina nas veias, saem de Porto Alegre direto para outros “500 Quilômetros”, em Salvador (BA). Na equipe ainda fez dupla com Luiz Pereira Bueno nos “Mil Quilômetros da Guanabara” (RJ), e nas “12 Horas de Porto Alegre”, prova reservada à carros nacionais, participa com Henrique Iwers no DKW deste.
Em 1969, aos 23 anos, começa a trabalhar na Pirelli fazendo testes de pneus e na revista Autoesporte onde testa e faz avaliações técnicas de carros e motos. Após a reabertura de Interlagos em 1970 foram realizados os “1500 Quilômetros” e a Equipe CBE comprada por Aguinaldo de Góes Filho e rebatizada de CEBEM convida Jan a fazer dupla com Ciro Cayres, outro de seus ídolos da adolescência, a bordo de uma BMW 2002 que teve sua capota cortada e foi logo apelidada de “esquife voador”. Na prova seguinte, “24 Horas de Interlagos”, reservada à carros nacionais participa com Ciro em um Opala, aproveitando para testar o cambio de 4 marchas, o motor de 4100cc e freios a disco dianteiros para a GM, onde Ciro trabalhava na engenharia experimental.
Nessa época vai para Milão fazer estágio na matriz da Pirelli, mas por causa da prova “12 Horas de Interlagos” adiou seu vôo de sábado para domingo e na corrida, que fez em dupla com Fernando Barbosa, saiu do autódromo duas horas antes do final para não perder o vôo, só ficou sabendo do resultado na Europa, por carta. Foram sétimo. Aproveitando o estágio foi conhecer Monza e sua famosa parabólica, depois visitou o amigo Emerson em Paul Ricard em uma corrida de F2. Depois de uma semana em Hockenheim, F1.
Ainda em 1970 corre as “X Mil Milhas Brasileiras” com Norman Casari a bordo de uma Lola T-70 da “Equipe Casari/Brahma”, mas na véspera da corrida seu pai sofre um grave acidente de transito e é hospitalizado desacordado, Jan pensa em desistir para ficar com o pai, mas este acorda de madrugada e o médico avisa que já estava fora de perigo, só então resolve participar da prova.
Jan participou do "1º Rali da Integração Nacional", para veículos nacionais, em 1971. Correu de Puma com Alfred Maslowski de navegador. Venceram e ganham um convite para participar do Rali da TAP em Portugal.
Antes vai com Norman à África participar da prova “6 Horas de Nova Lisboa” em Angola, com a Lola T-70, mas o carro quebra nos treinos e não correm, na volta participam dos “XII 500 Quilômetros de Interlagos” no Casari/Ford A1, pois Norman havia perdido a Lola T-70 num incêndio nos treinos, depois a equipe é desfeita.
Monta sua própria equipe e participa das “12 Horas de Porto Alegre” com um Volks em dupla com Fausto Dabbur e só então partem, ele e Alfred, para Portugal participar do Rali da TAP com um Puma 1800cc, mas, sem experiência em ralis de velocidade e sem apoio técnico adequado, resolveram desistir na metade da prova.
No ano seguinte, 1972, novo convite de Angola, dessa vez participam, ele e Norman, com um Porsche 907 de uma equipe suíça, mas um acidente liquida com a corrida deles. De volta ao Brasil participa da “Copa Brasil” com um protótipo Avallone/Chryler e sagra-se campeão na categoria esporte nacional (Divisão 4). Em 1975 novamente campeão, mas dessa vez Campeão Paulista e Vice-Campeão Brasileiro na categoria protótipo até 2.0, com um Polar/VW de 1950cc.
Participa como piloto até 1976 quando aos 30 anos se casa e volta a morar no bairro do Brooklin. Nesse mesmo ano a Brahma o convida para chefiar a equipe na categoria Fórmula Super Vê e Fórmula Ford, onde o piloto José Pedro Chateaubriand ganha o Campeonato Brasileiro.
Em 1979 chefia a equipe Gledson/Coca-Cola de Divisão 3, em 1980 volta à Super Vê chefiando a equipe Chantré/Fischer, onde o piloto Antonio Castro Prado vence 7 das 9 provas e ganha o campeonato brasileiro. Nos dois anos seguintes constrói carros de fórmula 2 em parceria com Pedro Muffato como representante de Oreste Berta, aí em 1983 é convidado pela Ford, junto com Francisco Lameirão, para desenvolver uma versão de competição do modelo Escort e após 7 anos volta a pilotar, fazem 3 provas de longa duração.
Em 1984, faz o mesmo com o modelo Voyage, da Volkswagen, e corre o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos em parceria com Fausto Dabbur. Sua última prova como piloto foi em 1986, nas “12 Horas de Porto Alegre” (RS).
A partir de então se torna organizador de Ralis, tanto de automóveis, de regularidade, como também náuticos para embarcações a motor, aproveitando toda experiência adquirida nos ralis automobilísticos. Entre 1991 e 2003 foi comentarista automobilístico na Rádio Eldorado, atividade que voltou a exercer em 2006, mas na Rádio Band News FM. Em 2005 lançou um livro “saboroso” de memórias onde conta o panorama e sua participação no automobilismo dos anos sessenta até os setenta.
Como se pode ver todas suas atividades sempre foram ligadas à essa paixão, o automobilismo: “Minha maior satisfação é que em todas as equipes por onde passei obtive grandes alegrias”.
Um comentário:
Taí o Jan quebrando a mística e correndo de #13!
E a BMW, bem interessante...
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