* Por Bruno Gouveia
Minha galeria de ídolos na Fórmula 1 é gigantesca. Eles se dividem entre os que nunca vi correr, mas li tudo a respeito deles; aqueles que se tornaram famosos pelo arrojo, pela inconseqüência ou pela tática; por serem simplesmente heróis de uma corrida apenas; pelos acidentes que provocaram… Enfim, todos têm seu espaço.
Entre estes tantos, entretanto, destacaria uma lista de pilotos dos quais jamais esqueceremos. São aqueles que estragaram a nossa festa, pronta para o grito de vitória a poucos metros da chegada. Não fossem suas espetaculares manobras desmancha-prazeres, passariam incólumes por este blog e nossa memória. São eles:
Eliseo Salazar – O GP da Alemanha de 1982, em Hockenheim, tinha tudo para coroar a vitória de Nelson Piquet. Ele foi soberano naquela corrida, mas não esperava a “navalhice” do chileno. O resultado disso, além de um desfecho estúpido para uma corrida quase ganha, foi uma das cenas mais insólitas da Fórmula 1. A luta que Piquet, enfurecido, travou com Eliseo é digna de uma videocassetada.
No entanto, soube muito tempo depois de uma história hilária. Alexander Grünwald me contou que, anos mais tarde, o engenheiro da BMW – motor que equipava a Brabham de Piquet – confessou que, se não tivesse ocorrido o tal acidente, o motor teria estourado de qualquer jeito. O tricampeão, do jeito que é, ligou para Salazar para dividir a história. Os dois acabaram rindo muito!
Jean-Louis Schlesser – Quem é este cara? Certamente foi o que meio mundo se perguntou na penúltima volta do GP da Itália de 1988, em Monza. O francês se envolveu em uma barbeiragem com Ayrton Senna na primeira chicane do circuito. Um “Jean Ninguém” que fez a alegria de todos os franceses que torciam por Prost e, de quebra, dos tifosi italianos que viram Gerhard Berger ganhar a vitória de bandeja, na derradeira volta.
Era como se o goleiro da Argentina, em pleno Maracanã, batesse um tiro de meta aos 48 minutos do segundo tempo e a bola fosse parar nos pés de Robinho, que em um sem-pulo indefensável acertaria o gol! Só que, neste caso, nós éramos os argentinos! E as bandeiras vermelhas tremularam por Monza enquanto eu urrava de ódio em frente à televisão. Meu controle remoto voou longe!
Timo Glock – Só o tempo poderá “inocentar” Timo Glock. Quero dizer, ele realmente não teve culpa de nada, mas por alguns segundos, Felipe Massa foi campeão mundial de 2008. Por alguns metros, o sonho, em pleno Interlagos, não foi realizado. São Paulo calou. De casa, tive a sensação de um orgasmo interrompido.Se o Rio viveu o Maracanazo em 1950 após o gol de Gigghia para o Uruguai na final da Copa do Mundo, Timo Glock fez o “Interlagazo”. Hamilton conseguiu superar o azar de 2007 na sua última tentativa. Por enquanto, Timo Glock é um piloto bem mais conhecido e respeitado que os outros dois anteriores, mas faz parte daquela galeria dos estraga-festa.
Se o tempo passar e Glock não colher resultados, como o pódio de Cingapura, certamente se juntará aos outros no limbo. Ele só será lembrado pelos brasileiros, pela incrível pecha de estar na hora e no lugar errados.
Espero não colecionar mais tantos nomes assim. Gostaria de ocupar minha mente com outros dados mais importantes, mas parece que meus neurotransmissores gostam de guardar certas informações desprezíveis como estas. Fazer o quê? Cérebros não sabem esvaziar a lixeira!
4 comentários:
sempre ótimos os textos do bruno gouveia sobre F1... a melhor definição de todas para definir o que aconteceu em interlagos/2008...
"INTERLAGAZO", obra dele, GLOCK-FDP (nem o tempo, nem os resultados que nunca virão, vão livrá-lo desse eterno "elogio")
GLOCK FDP!!! Eterno FDP!!! Sempre FDP!!!
E tem os famosos tb, até o alemão queixudo, no começo da carreira (tô com preguiça de colar agora onde e quando) já bateu no Senna, e ainda tomou um "pito" do brazuca!
Achei!
Foi em Magny Cours, 92.
http://www.youtube.com/watch?v=zfmJ8mivNxw
O alemão depois ainda tomou uma aula de "como é que se faz"...
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