quinta-feira, 3 de abril de 2008

RELEMBRANDO VALORES: TYRRELL

Dia desses, conversando com o Roque, falávamos da equipe Tyrrell, e sempre que esse nome é mencionado, me vem à cabeça aquela Tyrrell de seis rodas que, em minhas vagas lembranças de menino, tive a honra e o prazer de ve-la correr. Lembro que na época falava pro meu pai (que também não perdia nenhum GP e com o qual aprendi a gostar de F-1), que achava muito estranho aquele carro, "diferentão" dos outros.
Apesar da inviabilidade do projeto, a equipe merece menção honrosa pela inovação da época. Esse texto era pra falar só do carro de seis rodas, mas pesquisando algumas fotos, achei um artigo interessante e que resume bem a trajetória desta fabulosa equipe, pela qual passaram lendas da F-1 como François Cevert, Jackie Stewart, Patrick Depailler, Jody Scheckter, Ronnie Peterson, Michele Alboreto.
Assim, achei injusto falar de um só carro de uma equipe que fez história numa das décadas mais áureas da F-1 e decidi postar o texto e fotos que seguem, para o deleite dos saudosistas, assim como eu.
É fato que os tempos são outros, o mundo mudou, mas seria gratificante aos espectadores apaixonados desse esporte, se existissem mais Kens Tyrrells na F-1.


A história da equipe Tyrrell será contada agora, pois o fundador dessa equipe, o inglês Ken Tyrrell faleceu no último dia 25 de agosto de 2001. Essa será uma homenagem á uma equipe que insistia em ser "romântica" em plena era das grandes megalomanizações na Fórmula 1.

Em 1960 Ken Tyrrell fundou uma equipe de Fórmula 3, que obteve sucesso nos anos seguintes, e após contar com o escocês Jackie Stewart ao volante de seus carros, Ken Tyrrell deu sua palavra á Jackie de que se entrasse na Fórmula 1 um dia, contrataria o escocês.
A palavra de Ken Tyrrell era valiosa, valia mais que qualquer contrato.
Em 1968 a Tyrrell se uniu á Matra e assim tiveram Stewart ao volante dos carros. Naquele ano Stewart se sagrou vice-campeão da F-1, e em 1969 ele foi campeão. Prova dosucesso da equipe Tyrrell.Em 1970 a Tyrrell utilizou chassis March, e teve um ano fraco com apenas uma vitória. Em 1971 a Tyrrell iria fabricar seu próprio carro. E esse carro Tyrrell se demonstrou vencedor desde o início, Jackie Stewart conquistou o título naquela no com uma imensa vantagem sobre os outros adversários. A equipe também tinha o francês Françoi Cevert ao volante, e ele venceu uma corrida (EUA).




1972 não foi o melhor ano da Tyrrell, já que Stewart conquistou apenas um vice-campeonato. Já 1973 foi o auge da Tyrrell, Stewart foi tri-campeão á bordo dos carros da equipe. Porém uma tragédia mudou os rumos da Tyrrell e decretou um ponto-final em seu auge..
No último GP daquele ano o tri-campeão Stewart iria completar seu 100º GP, mas nos treinos o francês Françoi Cevert morreu após se chocar fortemente com um Guard-Rail e ser degolado pela lâmina da proteção. Jackie Stewart decidiu não largar naquele GP e depois desse incidente decidiu nunca mais correr. Abandonou as pistas em honra á seu melhor amigo.




Assim a Tyrrell começava a temporada de 1974 com dois jovens estreantes, Jody Scheckter e Patrick Depailler.
Scheckter até que esteve na disputa pelo título daquele ano, mas a Tyrrell já sentia uma leve decadência. Em 1975 uma ou outra vitória era pouco para uma equipe que tinha dominado as pistas anos antes.


Em 1976 a Tyrrell apostou em uma inovação técnica que foi considerada loucura por muitos engenheiros: um carro de 6 rodas!

O carro era esquisito, mas fez Scheckter e Depailer conseguirem uma dobradinha no GP da Suécia daquele ano. Em 1977 com Depailler e Ronnie Peterson o carro andou bem em algumas provas, mas o carro de 6 rodas dificultava a fabricação de pneus para as rodas dianteiras (que eram muito menores que a média). O projeto foi abandonado no final daquele ano.

Em 1978 Depailler venceu um GP, mas nos anos seguintes a Tyrrell experimentaria suas últimas vitórias. As duas últimas com Michele Alboreto em Las Vegas-82 e Detroit-83.
Á partir de 1984 a Tyrrell nunca mais venceria uma corrida, seria confinada á ser eternamente uma equipe média e/ou pequena.
Nos anos de 1989 e 1990 a Tyrrell voltaria á andar bem por causa de um fantástico piloto que surgia na equipe: Jean Alesi, que impressionava toda a Fórmula 1 com sua espetacular pilotagem. Alesi quase venceu o GP dos EUA de 1990 onde duelou com Senna.
Em 1991 a Tyrrell como um motor Honda V10 teve em Stefano Modena a promessa de bons resultados. Em Mônaco chegou á andar em 2º após largar na primeira-fila. No Canadá conquistou um 2º lugar que foi um dos últimos pódios da Tyrrell.
As temporadas de 1992 e 93 foram ruins para a Tyrrell que raramente marcava algum ponto. Em 1994 já com motor Yamaha a Tyrrel ameaçou renascer pois até mesmo o piloto japonês Ukyo Katayama marcou pontos e Mark Blundell conquistou um pódio na Espanha.
Mas em 1995 a Tyrrel estaria confinada á nunca mais marcar presença em pódios, e em 1996 alguns pontos de Mika Salo foram poucos. Esse era o último ano com os motores Yamaha. Ken Tyrrell já estava velho e sua equipe nunca mais seria a mesma.
Em 1997 a Tyrrel marcou seus últimos pontos em Mônaco com Mika Salo. Em dezembro daquele ano Ken Tyrrel decidiu vender sua equipe para abandonar as pistas. O grupo tabagista British American Tobacco comprou a equipe. Porém um desacordo entre Ken Tyrrell e Craig Pollock, o novo dono da equipe fez com que Ken Tyrrell se zangasse e abandonasse a Fórmula 1 antes do final da temporada. O pivô da briga foi Jos Verstappen, que Ken Tyrrel havia dado sua palavra que o holandês pilotaria em 1998.
No seu último ano a Tyrrel teve pilotos pagantes como Tora Takagi e Ricardo Rosset. Triste fim para a mesma equipe que teve Jackie Stewart no início dos anos 70.
O problema da Tyrrell sempre foi o fato de Ken Tyrrell insistir em manter um certo romanticismo em seu time. Não se ultra-profissionalizou, manteve o amadorismo. Mas era um amadorismo de quem estava lá por amor á Fórmula 1 e ao automobilismo.
Ao final de 1998 o milhonário australiano Paul Stoddart comprou as instalações da Tyrrell para preservar essa parte da história da Fórmula 1. Inclusive chegou a cogitar a fundação de uma "Fórmula Tyrrell" com antigos carros da equipe.
Também em 1999 a Tyrrel deu lugar á BAR, a equipe British American Racing, com uma super-estrutura.
Em março de 1999 uma das figuras mais importantes da Tyrrel faleceu: Harvey Postletwaite, que durante muitos anos foi o projetista-chefe da equipe.
Em agosto de 2001 Ken Tyrrel faleceu de câncer em sua casa na Inglaterra. Esse foi o fim da história de uma parte da história do automobilismo recente.

2 comentários:

Prof. Augusto Roque disse...

Presidente, muito boa a sua perspicácia...

Excelente texto!

Que saudades de carros como a Tyrrel e a Lotus, os maiores inovadores da F-1!

Anônimo disse...

Parabéns ótimo post!
Sempre é bom relembrar essas equipes com seus pilotos e chefes no comando, eles fizeram história na Formula 1 e sempre vão ser lembrados.
Ken Tyrrel era uma figura marcante no circo da Formula 1, pena o declínio da equipe...

Abraços