* Por Fábio Seixas
Quinze anos atrás, correr na Stock era fim de carreira. Com poucas exceções, o grid era formado por veteraníssimos. Os carros, Ômegas que acumulavam milhares de quilômetros. E se o título não ficava com Ingo Hoffmann, acabava com Chico Serra.
O cenário começou a mudar com dois movimentos.
O primeiro, externo. A crise na Indy _que por anos foi o plano B de quem não se encaixava na Europa_, fez muito piloto voltar para casa.
O segundo, interno: a visibilidade dada pela Globo, que fez dezenas de marcas alheias ao esporte escolherem a categoria, seduzidas pela chance de aparecer na TV por um preço mais baixo do que produzindo e comprando mídia.
Com alguns bons e jovens pilotos, com uma boa administração _embora muitas vezes predatória_ e com dinheiro novo, a Stock cresceu. Não, não é a categoria dos sonhos, mas hoje está firmada como um campeonato decente, o único por essas bandas.
Daí não ser estranho o desembarque de Barrichello em 2013, após as três corridas de aperitivo neste final de ano.
Ele chega por um time competitivo, com patrocinador forte para os padrões locais, com o melhor engenheiro que há. Não terá vida fácil nas pistas, mas contará com todas as ferramentas para se adaptar o mais rápido possível.
Quarentão, deve disputar quatro ou cinco temporadas na Stock e então, sim, pendurar o capacete de vez.
Estranho foi o que (não) aconteceu na Indy. Esta passagem, aí sim, teve elementos de fim de carreira.
Barrichello chegou achando que ia arrasar, exibindo suas credenciais de piloto mais experiente da história da F-1. Imaginou tratamento VIP, deferências, facilidades. Sua mudança para o lado de cá do Atlântico foi comparada às de Mansell e Emerson.
Deu tudo errado.
Começando pela equipe com que ele assinou, a fraca KV, de fundo de pelotão.
Passando por sua língua: criticou os colegas (“Tem gente largando muito antes da hora certa”), o carro (“Não é fácil”) e as pistas (“Nenhum piloto da F-1 correria em circuitos assim”). As declarações de amor eterno à F-1 também não ajudaram: atrapalharam seu foco e não pegaram nada bem nos EUA.
Terminou apenas em 12º no campeonato. Uma passagem apagada, que, no fim, acabou lembrando a de outro veterano da F-1: Alesi.
No meio do ano, o site especializado Motorsport.com conferiu nota “B-” à sua estreia, até então. Ruim.
Mas, se sua carreira “terminou” na Indy, na Stock ele ganha nova chance de recomeçar. De um jeito bacana.
Uma boa ideia seria virar de vez a página da F-1.
O que passou, passou.
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