terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Fala, Massa!*

* Por Fábio Seixas


Nesta F-1 cheia de assessores de imprensa, marqueteiros, press releases, monitoramento de redes sociais e patrulhamento da FIA sobre o que os pilotos falam no pódio, é raro ver manifestação espontânea de alguém.

Massa rompeu esse enfadonho bloqueio duas vezes, recentemente. Pode/deve até ter levado puxões de orelhas. Que não se abale por isso.

O primeiro foi o choro em Interlagos. Um choro sentido, doído. Um choro de nítido desabafo após uma temporada em que foi tão mal e em que teve de ceder posições para o companheiro nos poucos momentos em que esteve bem.

Ato contínuo, ainda diante do público, disse a Piquet que a “corrida podia ter acabado de forma diferente” e que “nas circunstâncias normais, talvez pudesse lutar pela vitória”. Recados à torcida, mas que obviamente resvalam na Ferrari.

O segundo momento aconteceu na semana passada, no “Bem, Amigos!”, do SporTV.
Questionado sobre a “era alemã” na F-1, com oito títulos nas últimas 13 temporadas e cinco pilotos no grid em 2012, bateu forte contra a pasmaceira dos que comandam o automobilismo no Brasil.

E falou não só como piloto, mas principalmente na posição de quem tentou emplacar uma categoria-escola no país e se deu mal. Após duas temporadas, a F-Futuro encerrou as atividades em abril, por falta de pilotos. Fazer automobilismo de base no Brasil ficou muito caro, e a família Massa chegou ao limite de colocar a mão no bolso.

A CBA? Não se mexeu.

“A Alemanha ajudou na formação de novos pilotos, o que não acontece no nosso país faz tempo.”

Galvão Bueno pegou o gancho e contou de um papo que ele e Massa tiveram com um dirigente da Federação Francesa de Automobilismo.

A FFSA criou um programa para levar pilotos para a F-1. Começa com mil kartistas, que passam por uma peneira e viram cinco. Eles são bancados na F-Renault e, desses, um é selecionado para avançar até o topo, ajudado por parcerias da federação. “Fe-de-ra-ção”, pontuou Massa, mandando, desta vez, um recado para a CBA.

Franceses e alemães tiveram momentos sem pilotos na F-1 e se mexeram. O Brasil caminha para o mesmo problema, mas sem perspectivas de solução semelhante.

Nas duas ocasiões em que saiu do protocolo, o principal piloto do Brasil falou bem. Deveria falar mais.

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