* Por Bruno Vicaria
Nos últimos meses, a BMW ganhou uma série de liberações em seus carros, como alívio de peso, o que gerou uma revolta grande em quem compete com outras marcas. Aí veio a decisão aqui em Interlagos, onde foi-se conversado uma tentativa de união para impedir o título de Cacá Bueno e Claudio Dahruj.
A corrida estava com Claudio Ricci (Ferrari preparada pela CRT) na liderança, seguido de Cacá Bueno (BMW preparada pela AH, do promotor do campeonato) e Duda Rosa (Mercedes, principal rival da BMW, preparada pela CRT).
O parceiro de Ricci, Rafael Derani, fez sua parte e entregou o carro a Ricci na liderança, à frente de Cacá. Mas a BMW estava melhor e o pentacampeão da Stock foi e passou. Para ser campeões, Duda Rosa e seu parceiro, Cleber Faria, precisavam chegar em segundo. Mas a diferença era grande, superior a 35 segundos.
Foi quando uma coisa feia aconteceu. Um jogo de equipe estimulado pela política. Para não deixar a BMW vencer, a CRT organizou uma troca de posições. Ricci, campeão do GT3 em 2009 e com passagens na Stock Car, passou a errar muito nas curvas, e, com isso, Rosa chegava, tirando cerca de oito segundos por volta.
Na última volta, a ultrapassagem. Faria/Rosa levaram o título. O chefe da equipe CRT, envergonhado e com os olhos vermelhos, se retirou da cabine antes da corrida acabar, pois sabia que carregaria uma mancha por ter, querendo ou não, por motivo de força maior, participado desta decisão.
Eu estava no pitwall. Muitos ali, vale ressaltar, dos membros da equipe de Ricci/Derani, estavam muito desconfortáveis, mas a pressão exercida por alguns pilotos na cabine da equipe (incluíndo Faria) era visível, chegando até a ser apelativa. A CRT precisa sobreviver. E se ela não faz isso? Poderia perder um cliente (a equipe de Faria, que possui dois carros).
Já alegação dos rivais era de que a BMW fez a mesma coisa entre seus dois carros na corrida anterior. Mas nada justifica manchar a esportividade de um campeonato.
Isso me fez lembrar a velha rivalidade Brasil x Argentina na Fórmula 3, quando Helio Castroneves perdeu o título por algo similar feito pelos hermanos. Mas não é uma disputa continental, é um campeonato brasileiro onde a política e os interesses extra-pista maculam o profissionalismo cada vez mais inexistente neste negócio chamado automobilismo.
Depois reclamam quando acontecem rachas, ninguém sobrevive, os campeonatos acabam e os carros ficam encostados. E o automobilismo brasileiro vai afundando por conta de gente que não ama verdadeiramente este esporte. Esses caras, daqui a pouco, pegam sua grana, seus carros e vão embora quando perderem a vontade de brincar, deixando fãs órfãos de esporte de qualidade e um público desacreditado que não se interessará mais pelo esporte. Assim como este país, controlado por pessoas que só visam lucros pessoais.
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