segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
A CHANCE DE SENNA CONSOLIDAR SEU NOME NA F1*
* Por Edd Straw - Autosport.com
Frequentemente, herdeiros de famílias famosas chamam mais a atenção quando começam a trilhar seu próprio caminho na vida. Mas qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando você descobre que o mais novo descendente de uma famosa figura do esporte começa a trilhar seu próprio caminho?
Inevitavelmente, o primeiro reflexo é desconfiar disto. Seja Darren Ferguson e Nigel Clough, que jogaram respectivamente por Manchester United e Nottingham Forest, ou Alec Stewart apanhando o bastão no time de críquete da Inglaterra, é possível – com ou sem razão – identificar um caso de nepotismo em qualquer lugar. O caso se repete no automobilismo, mesmo se não existir nenhum laço familiar para outorgar isso ou o membro mais jovem da tribo mostrar sua capacidade de forma inequívoca.
Esta é a situação em que Bruno Senna se encontra. Claro que ele é o sobrinho famoso, e não o filho, mas ele sempre foi mais reconhecido pelo nome, independentemente das conquistas nas categorias inferiores que lhe deram o crédito para disputar a F1. Agora que ele assinou com a Williams-Renault, haverá uma nova onda de pessoas dispostas a estigmatizá-lo – especialmente porque o brasileiro levou um atraente pacote financeiro para a equipe.
Damon Hill, filho de Graham, bicampeão mundial em 1962 e 1968, sabe o que é enfrentar esta complicação adicional na carreira. Por fim, ele superou as maiores alturas para conquistar um título na F1, mas ao longo deste percurso, Hill foi frequentemente rejeitado apenas por ser o filho de Graham.
“O problema é que, olhando de fora, há uma preocupação em identificar privilégios no esporte. Ninguém gosta de pensar que alguém teve uma vantagem desleal; o mesmo se aplica a Bruno ou qualquer outro piloto com um sobrenome famoso. Eles querem estar lá por seus próprios méritos”, afirmou Hill.
“Mas é impossível escapar do seu nome, a não ser que você adote um pseudônimo! Temos que aprender a chamar a atenção das pessoas, independentemente disso.”
“Isso se resume a algum tipo de preconceito, talvez. Temos que evitar isso e sermos os mais objetivos.”
Agora comentarista de F1 na Sky Sports, Hill, claro, opina como alguém que pode dizer muito sobre Senna. Ele suspeita que o brasileiro, como ele, estará decidido a consolidar seu nome na F1 por direito próprio.
“Eu queria me diferenciar de meu pai e garantir que o que eu estava conseguindo era por causa de mim, e não porque tinha alguma regalia. Isso se aplica a quase todo filho de piloto que conheci”, disse.
“Seus filhos querem te mostrar como fazer as coisas – eles não querem que você lhes mostre como conseguir aquilo. Ter o nome complica as coisas. Eu não sei se facilita ou dificulta as coisas, mas as tornam mais complexas.”
“As pessoas sempre se mostram céticas com alguém que poderia ter ganhado uma posição usando uma vantagem desleal. Em suma, se você tem um nome famoso, ‘é fácil’, mas não é tão claro quanto parece. É difícil colocar o dedo exatamente em como você quantifica isso.”
“Agora é interessante quando você olha para os nomes que estiveram no grid: quantos deles tiveram pais que correram ou estiveram envolvidos [com automobilismo].”
O próprio Senna sempre se mostra respeitoso com o legado do seu tio tricampeão mundial. Ele admite que as vantagens do sobrenome superam as desvantagens e responde às usuais perguntas sobre Ayrton com absoluto profissionalismo e entusiasmo.
É evidente que aqueles que o veem como um produto de um nepotista interesseiro com nenhum direito de estar no grid continuará a atacá-lo, mas Senna está decidido a desmentir os críticos.
“Não estou aqui para dar continuidade à carreira de Ayrton. Amo competir e esta é minha motivação”, afirmou Senna.
Na realidade, é fácil cair na armadilha de sabotar Senna. Afinal, ele disputou 26 GPs – corridas suficientes para mostrar seu potencial, choram os opositores.
Bom, sim e não. Lembre que 18 destas provas foram disputadas com a HRT, o que dificulta uma avaliação justa sobre suas habilidades. Como o próprio Senna salientou anteriormente, esta temporada “prejudicou” sua reputação e a percepção acerca dele.
No ano passado, na Renault, equipe pela qual disputou oito GPs, Senna teve uma chance de impressionar. Você pode argumentar que ele poderia ter feito melhor, mas ele poderia ter feito pior. O desempenho da equipe foi estável. Enquanto, no papel, o retorno de apenas dois pontos foi ruim, dificilmente ficou longe dos cinco de Vitaly Petrov.
Na verdade, enquanto a consistência foi o grande problema de Senna, os picos do brasileiro deram a entender que ele era um piloto mais rápido que Petrov. E enquanto os erros de Senna, e houve alguns, foram perdoáveis, mesmo frustrantes, Petrov continuou a cometer erros ainda mais profundos, embora pouco proeminentes, em sua segunda temporada completa com a equipe.
Levando em conta a pouca quilometragem no carro antes da estreia no GP da Bélgica e a diferença de meio ano de experiência para a maioria dos pilotos, a temporada 2011 de Senna foi um sucesso qualificado.
Hill, sempre um entusiasmado observador do automobilismo, concorda que Senna fez algumas coisas boas no ano passado. Como o resto de nós, ele espera assistir logo ao brasileiro, que agora tem a chance de mostrar seu verdadeiro potencial com a Williams.
Até agora, o que vimos é promissor, embora inconclusivo, mas Hill suspeita que o brasileiro pode mostrar o suficiente para se livrar do sufoco do sobrenome famoso e as conotações negativas do termo “piloto pagante”.
“Talvez exista um potencial inexplorado que ainda não vimos”, disse Hill. “Ele foi bem ao reagir contra Petrov e meio que surpreendeu as pessoas. Há muito talento e determinação ali do que normalmente se atribui aos pilotos considerados ‘pagantes’.”
“Ele agora tem a oportunidade de mostrar que merece estar na F1, com sua habilidade. Vamos ver.”
Portanto, o que Senna precisa fazer? Como a Williams teve um histórico desempenho negativo no ano passado e se submeteu a uma extensa reestrutura técnica, seria imprudente esperar que ele lute no pelotão da frente.
Em vez disso, precisa mostrar que pode unir os pontos de seus picos de performance e adquirir a consistência necessária. Se os erros não cessarem neste ano, então teremos evidências de que ele não terá uma grande carreira na F1 pela frente. Se o fizer, então teremos um piloto com um decente nível promissor que pode surgir como um consistente pontuador e, com o carro certo, lutar com os grandes.
“Na realidade, este é o início da minha carreira na F1. O último ano foi bom, mas este é o momento em que realmente estarei dentro disso, com as mesmas chances que os outros caras no grid. Depois disso, planejo ficar por mais uns anos [na F1].”
Dada a chance que ganhou, Senna sabe que a pressão é muito forte. A Williams é um nome grande, mas vive um tempo difícil e não vence uma corrida desde 2004 – coincidentemente, o mesmo ano em que Senna deu seus primeiros passos no automobilismo, correndo na F-BMW.
Nos últimos doze meses, muita coisa mudou no time, com as indicações de Mike Coughlan para o cargo de direção técnica e Mark Gillan para a chefia de operações. Senna precisará mostrar resultado desde o início.
“Espero estar em condições de marcar pontos de forma consistente e melhorar em relação ao campeonato do ano passado. Muita coisa foi feita para modificar a estrutura na performance do carro e na própria equipe”, disse Senna.
“Isso é animador porque, nem 2011, nem tudo estava certo em relação à performance. Mas a Williams fez algo em relação a isso. Portanto, estou ansioso.”
“Espero que, no início da temporada, já tenha quilometragem e condições similares a todos para render alguma coisa. Farei o máximo possível para ficar pronto para a temporada.”
Portanto, o próprio Senna entende perfeitamente o desafio. Cabe a ele agora apresentar resultados.
Como Damon Hill, antes dele, Senna tem a chance de enterrar o peso do sobrenome famoso e cravar um lugar para si na F1. Portanto leve em conta o conselho de Damon e tome cuidado para não cair nas armadilhas do preconceito quando analisar o desempenho de Senna neste ano.
Ele terá sucesso ou fracassará na F1 por seu próprio mérito, e não de outros.
Frequentemente, herdeiros de famílias famosas chamam mais a atenção quando começam a trilhar seu próprio caminho na vida. Mas qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando você descobre que o mais novo descendente de uma famosa figura do esporte começa a trilhar seu próprio caminho?
Inevitavelmente, o primeiro reflexo é desconfiar disto. Seja Darren Ferguson e Nigel Clough, que jogaram respectivamente por Manchester United e Nottingham Forest, ou Alec Stewart apanhando o bastão no time de críquete da Inglaterra, é possível – com ou sem razão – identificar um caso de nepotismo em qualquer lugar. O caso se repete no automobilismo, mesmo se não existir nenhum laço familiar para outorgar isso ou o membro mais jovem da tribo mostrar sua capacidade de forma inequívoca.
Esta é a situação em que Bruno Senna se encontra. Claro que ele é o sobrinho famoso, e não o filho, mas ele sempre foi mais reconhecido pelo nome, independentemente das conquistas nas categorias inferiores que lhe deram o crédito para disputar a F1. Agora que ele assinou com a Williams-Renault, haverá uma nova onda de pessoas dispostas a estigmatizá-lo – especialmente porque o brasileiro levou um atraente pacote financeiro para a equipe.
Damon Hill, filho de Graham, bicampeão mundial em 1962 e 1968, sabe o que é enfrentar esta complicação adicional na carreira. Por fim, ele superou as maiores alturas para conquistar um título na F1, mas ao longo deste percurso, Hill foi frequentemente rejeitado apenas por ser o filho de Graham.
“O problema é que, olhando de fora, há uma preocupação em identificar privilégios no esporte. Ninguém gosta de pensar que alguém teve uma vantagem desleal; o mesmo se aplica a Bruno ou qualquer outro piloto com um sobrenome famoso. Eles querem estar lá por seus próprios méritos”, afirmou Hill.
“Mas é impossível escapar do seu nome, a não ser que você adote um pseudônimo! Temos que aprender a chamar a atenção das pessoas, independentemente disso.”
“Isso se resume a algum tipo de preconceito, talvez. Temos que evitar isso e sermos os mais objetivos.”
Agora comentarista de F1 na Sky Sports, Hill, claro, opina como alguém que pode dizer muito sobre Senna. Ele suspeita que o brasileiro, como ele, estará decidido a consolidar seu nome na F1 por direito próprio.
“Eu queria me diferenciar de meu pai e garantir que o que eu estava conseguindo era por causa de mim, e não porque tinha alguma regalia. Isso se aplica a quase todo filho de piloto que conheci”, disse.
“Seus filhos querem te mostrar como fazer as coisas – eles não querem que você lhes mostre como conseguir aquilo. Ter o nome complica as coisas. Eu não sei se facilita ou dificulta as coisas, mas as tornam mais complexas.”
“As pessoas sempre se mostram céticas com alguém que poderia ter ganhado uma posição usando uma vantagem desleal. Em suma, se você tem um nome famoso, ‘é fácil’, mas não é tão claro quanto parece. É difícil colocar o dedo exatamente em como você quantifica isso.”
“Agora é interessante quando você olha para os nomes que estiveram no grid: quantos deles tiveram pais que correram ou estiveram envolvidos [com automobilismo].”
O próprio Senna sempre se mostra respeitoso com o legado do seu tio tricampeão mundial. Ele admite que as vantagens do sobrenome superam as desvantagens e responde às usuais perguntas sobre Ayrton com absoluto profissionalismo e entusiasmo.
É evidente que aqueles que o veem como um produto de um nepotista interesseiro com nenhum direito de estar no grid continuará a atacá-lo, mas Senna está decidido a desmentir os críticos.
“Não estou aqui para dar continuidade à carreira de Ayrton. Amo competir e esta é minha motivação”, afirmou Senna.
Na realidade, é fácil cair na armadilha de sabotar Senna. Afinal, ele disputou 26 GPs – corridas suficientes para mostrar seu potencial, choram os opositores.
Bom, sim e não. Lembre que 18 destas provas foram disputadas com a HRT, o que dificulta uma avaliação justa sobre suas habilidades. Como o próprio Senna salientou anteriormente, esta temporada “prejudicou” sua reputação e a percepção acerca dele.
No ano passado, na Renault, equipe pela qual disputou oito GPs, Senna teve uma chance de impressionar. Você pode argumentar que ele poderia ter feito melhor, mas ele poderia ter feito pior. O desempenho da equipe foi estável. Enquanto, no papel, o retorno de apenas dois pontos foi ruim, dificilmente ficou longe dos cinco de Vitaly Petrov.
Na verdade, enquanto a consistência foi o grande problema de Senna, os picos do brasileiro deram a entender que ele era um piloto mais rápido que Petrov. E enquanto os erros de Senna, e houve alguns, foram perdoáveis, mesmo frustrantes, Petrov continuou a cometer erros ainda mais profundos, embora pouco proeminentes, em sua segunda temporada completa com a equipe.
Levando em conta a pouca quilometragem no carro antes da estreia no GP da Bélgica e a diferença de meio ano de experiência para a maioria dos pilotos, a temporada 2011 de Senna foi um sucesso qualificado.
Hill, sempre um entusiasmado observador do automobilismo, concorda que Senna fez algumas coisas boas no ano passado. Como o resto de nós, ele espera assistir logo ao brasileiro, que agora tem a chance de mostrar seu verdadeiro potencial com a Williams.
Até agora, o que vimos é promissor, embora inconclusivo, mas Hill suspeita que o brasileiro pode mostrar o suficiente para se livrar do sufoco do sobrenome famoso e as conotações negativas do termo “piloto pagante”.
“Talvez exista um potencial inexplorado que ainda não vimos”, disse Hill. “Ele foi bem ao reagir contra Petrov e meio que surpreendeu as pessoas. Há muito talento e determinação ali do que normalmente se atribui aos pilotos considerados ‘pagantes’.”
“Ele agora tem a oportunidade de mostrar que merece estar na F1, com sua habilidade. Vamos ver.”
Portanto, o que Senna precisa fazer? Como a Williams teve um histórico desempenho negativo no ano passado e se submeteu a uma extensa reestrutura técnica, seria imprudente esperar que ele lute no pelotão da frente.
Em vez disso, precisa mostrar que pode unir os pontos de seus picos de performance e adquirir a consistência necessária. Se os erros não cessarem neste ano, então teremos evidências de que ele não terá uma grande carreira na F1 pela frente. Se o fizer, então teremos um piloto com um decente nível promissor que pode surgir como um consistente pontuador e, com o carro certo, lutar com os grandes.
“Na realidade, este é o início da minha carreira na F1. O último ano foi bom, mas este é o momento em que realmente estarei dentro disso, com as mesmas chances que os outros caras no grid. Depois disso, planejo ficar por mais uns anos [na F1].”
Dada a chance que ganhou, Senna sabe que a pressão é muito forte. A Williams é um nome grande, mas vive um tempo difícil e não vence uma corrida desde 2004 – coincidentemente, o mesmo ano em que Senna deu seus primeiros passos no automobilismo, correndo na F-BMW.
Nos últimos doze meses, muita coisa mudou no time, com as indicações de Mike Coughlan para o cargo de direção técnica e Mark Gillan para a chefia de operações. Senna precisará mostrar resultado desde o início.
“Espero estar em condições de marcar pontos de forma consistente e melhorar em relação ao campeonato do ano passado. Muita coisa foi feita para modificar a estrutura na performance do carro e na própria equipe”, disse Senna.
“Isso é animador porque, nem 2011, nem tudo estava certo em relação à performance. Mas a Williams fez algo em relação a isso. Portanto, estou ansioso.”
“Espero que, no início da temporada, já tenha quilometragem e condições similares a todos para render alguma coisa. Farei o máximo possível para ficar pronto para a temporada.”
Portanto, o próprio Senna entende perfeitamente o desafio. Cabe a ele agora apresentar resultados.
Como Damon Hill, antes dele, Senna tem a chance de enterrar o peso do sobrenome famoso e cravar um lugar para si na F1. Portanto leve em conta o conselho de Damon e tome cuidado para não cair nas armadilhas do preconceito quando analisar o desempenho de Senna neste ano.
Ele terá sucesso ou fracassará na F1 por seu próprio mérito, e não de outros.
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