segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MORTE DE WHELDON FRAGILIZA AINDA MAIS A INDY*

* Por Leonardo Felix

Falar sobre negócios, imagem comercial e outras questões tão comezinhas após a morte de um piloto pode parecer algo frio (e é, no fim das contas), mas é preciso avaliar o impacto que o falecimento de Dan Wheldon no GP de Las Vegas pode trazer à Indy, uma categoria que tenta se refazer, reencontrar um bom público e uma boa reputação no cenário norte-americano e mundial.

Para começar, é preciso entender o contexto por trás da tragédia deste 16 de outubro e perceber como, ironicamente, todos os elementos da fatalidade estavam intrinsecamente ligados às estratégias de renascimento da categoria.

Primeiro, o GP de Las Vegas marcava a despedida dos chassis Dallara utilizados desde 2003 pela categoria. Por mais que o acidente tenha sido forte demais para acusar qualquer tipo de falha na segurança do carro, é inegável que assistir à morte de um piloto na última corrida de um modelo usado há quase dez anos causa má impressão: a de que a categoria insistiu tempo demais em um carro ultrapassado e inseguro.

Depois, vem a questão do piloto. No processo de reformulação, a Indy investiu durante todo o ano na construção de um novo chassi, junto à própria Dallara. Quem era o responsável pelo desenvolvimento deste modelo? Dan Wheldon. Mesmo tendo sido campeão e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, o britânico estava sem equipe para a temporada 2011, assim como Tony Kanaan antes de assinar com a KV, e teve de se contentar com a vaga de piloto de testes da organização.

Só que Wheldon conseguiu arrumar uma vaguinha para correr as 500 Milhas deste ano e venceu, em um final histórico com a batida de JR Hildebrand na última volta. Portanto, mesmo sem participar efetivamente do campeonato, Dan era um piloto que estava em evidência, era prestigiado e, por conhecer tão bem o bólido do próximo ano, provavelmente conseguiria um lugar em uma boa equipe para correr. Para o esporte, a perda se transforma facilmente em irreparável.

Por fim, há a questão do local do ocorrido. O GP de Las Vegas foi planejado como um grande acontecimento no automobilismo norte-americano. Inicialmente, claro, por ser a decisão do campeonato e, depois, pela arriscada estratégia da organização em oferecer US$ 5 milhões a qualquer piloto de fora da competição que participasse da prova e conseguisse a vitória. A oferta da premiação se mostrou um fiasco, porque apenas um piloto iniciou a corrida com chances de faturar o prêmio. Quem era ele? Dan Wheldon. O acidente fatal do inglês colocou de lado, de uma só vez, o sonho de ver o inglês vencendo (e recebendo o prêmio que dividiria com algum fã) e a comemoração pela definição do campeão.

A Indy vive uma das piores fases de sua história. Fragilizada, sem público e com um grid de qualidade muito contestada, embora possua nomes de respeito, a categoria tenta um golpe de sorte para que sua popularidade volte a crescer. A aposta em um chassi de linhas radicais, a oferta de prêmios milionários para "forasteiros" se arriscarem em suas corridas, nada disso foi adotado à toa. É o marketing agressivo de quem precisa se reerguer.

Em uma sádica coincidência, praticamente um sarcasmo do destino, Dan Wheldon era o piloto que mais estava ligado a estas mudanças. Sua morte simboliza, de certa forma, a ineficácia de uma estratégia. E isto pode trazer consequências seriamente negativas para a Indy.

Não quero ser apocalíptico a ponto de afirmar que "é o fim da categoria". Até porque a Indy ainda possui um alicerce que nem mesmo a F1 tem: as 500 Milhas de Indianápolis.

Mas o momento é crítico. Só as 500 Milhas não seguram um campeonato e os organizadores vão precisar encontrar rapidamente uma saída para minimizar as nódoas tão profundas que este desastre irá deixar nas pessoas que integram a "família Indy", e na própria IndyCar como empresa.

4 comentários:

Merce disse...

f-indy pra mim é uma piada quando vi aquele gp de são paulo pensei como isso só pode ser uma brincadeira... desorganização total e tem outra formula indy tem as 500 milhas de indianápolis e o que mais mesmo? chasis de 2003? fatalidade? acho que não...

ALEX disse...

texto pessimo, tendencioso..

a indy tem e sempre teve um publico fiel em todo mundo, as corridas fora dos eua sempre tiveram otimo publico e o problema la é a concorrencia c/ a nascar.. ser uma categoria de formula menos "requintada" e mais tosca no bom sentido q a F1 é o grande barato.. o risco é s/ duvida mto maior devido simplesmente as pistas ovais, mas nao vai ser por isso q a categoria vai entrar em decadencia, pelo contrario e ai sim de modo infeliz, as pessoas q nao sao tao ligadas em automobilismo talvez comecem a acompanhar p/ ver os tais acidentes incriveis...a indy esse ano deu banho de competitividade e emoção nas corridas em relação a f1 e outras categorias.

Marcos - Blog da GGOO disse...

Nós sempre comentamos aqui que em questão de competividade, ultrapassagens e emoção, muitas categorias tem a aprender com a Indy, independente das suas deficiências.
Nisso concordo com o Alex.

Igor * @fizomeu disse...

discordo, tb não acredito em fatalidade... falando friamente, pelo tamanho do acidente o saldo de "apenas" uma morte e mais nenhum outro ferido com gravidade chega até a ser razoável (na hora achei que a tragédia seria muito maior)... é lógico que a perda de um piloto campeão da categoria e bicampeão de indianápolis (algo que talvez seja até mais importante que o título da temporada), fará com que o assunto segurança seja agora muito mais discutido entre dirigentes e pilotos... e todas essas discussões, somadas ao novo chassis e motores poderão até fortalecer a categoria já em 2012!!!