* André Forastieri - R7
Morreu o piloto Dan Wheldon. Só mais um. Mês que vem temos outro defunto. Só na pista mais famosa da fórmula Indy - a de Indianapolis - já morreram 56 corredores. O número de pilotos mortos durante corridas é de mais de duzentos, na curta história do automobilismo. Sem incluir estropiados, aleijados, mortos em campeonatos regionais menos relevantes, de motociclismo etc. Uma lista parcial, para seu deleite macabro, está
aqui.
Quem corre, corre risco de morte. É grande parte da sedução deste "esporte". É por isso que atrai grande audiência, e corrida de kart ou bicicleta, não. No risco de acidente está a grana, o patrocínio, o faturamento. É para isso que pagam um dinheirão para os pilotos. É por isso que Wheldon, ex-campeão, receberia dois milhões de dólares pela participação na corrida em que morreu.
Seria facílimo tornar o automobilismo mais seguro. Você assistiria? Não. Morre, então, mais um piloto. Triste para a família e amigos e fãs. Mas inegavelmente previsível. E grande atração televisiva, capotamentos e incêndio bombando audiência do domingo à noite, repercutindo na internet, visualizações dos vídeos aos milhões.
Agora em câmera lenta! Os mais obcecados podem apreciar o aspecto necrófilo do automobilismo em sites como esse
aqui, um banco de dados onde você pode procurar os mortos por tipo de competição, data, circuito, marca do carro...
Quer procurar os culpados pela desgraça do piloto morto da semana? Grande chance de estar carregando uma das alças do caixão lacrado. É preciso investimento sério de tempo e dinheiro para transformar uma criança em piloto profissional. Garoto nenhum vira fã de futebol, fórmula 1, leitura ou espinafre se o pai (ou padrinho ou patrono ou alguma figura paterna) não valorizar isso.
Um futuro piloto precisa de um adulto fã de automobilismo, e, detalhe, com algum recurso para desembolsar. Diferente do futebol ou da luta-livre, o sucesso na Fórmula 1 e similares não é sonho dourado de miseráveis, é carreira de classe média alta para cima. O que faz um pai colocar o filho em risco de morte, semana após semana? Me falta repertório psicanalítico à altura.
O automobilismo moderno é espetáculo estranhamente monótono, e simultaneamente cada vez mais arriscado. Soa entretenimento inventado por J.G. Ballard, profeta do tédio interrompido por explosões de violência, esteta das mutilações eróticas automotivas.
Quando um corredor morre, é instantaneamente beatificado; Senna, cansei de ouvir, é "o maior herói que o Brasil já teve". Faz sentido de massa, psicologicamente, porque se sacrificou exclusivamente para deleite dos fãs, príncipe valente, jovem e belo.
Os maiores admiradores carregam a culpa mais pesada. Ontem foi Ayrton, agora Dan Wheldon, amanhã outro, inexoravelmente. O circo tem que continuar. A máquina exige carne fresca para devorar. O sentido do automobilismo é a morte.
4 comentários:
Esse André é um idiota!
TOTAL IDIOTA.. DEVE ADORAR FUTEBOL E OS PROGRAMINHAS MILTON NEVES DA VIDA..
quem é andré forastieri??? será que já foi alguma vez na vida em um autódromo??? OPORTUNISTA!!!
Meu querido se for nesta linha de raciocínio qualquer esporte é sentido de morte! Quantos já morreram no futebol, hum? cada um nasce com um proposito o dele foi ser Piloto, com certeza se foi fazendo o que mais gostava! É inadmissível que se fale assim!
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