* Por Luis Fernando Ramos
Na última segunda-feira, completou-se 30 anos do primeiro dos três títulos de Nelson Piquet. Ontem, pudemos celebrar 20 anos do tricampeonato de Ayrton Senna, que veio com um segundo lugar no GP do Japão em Suzuka. Desde então, nas últimas duas décadas, tivemos pouco a comemorar: foram 31 vitórias e quatro vice-campeonatos. Pouco? Bom, pelo menos você não é francês, que celebrou nove vitórias e apenas o título mundial de Alain Prost com a Williams “de outro mundo” neste mesmo período. Hoje nem piloto no grid eles têm.
A verdade é que o brasileiro ficou mal acostumado com a junção de três talentos excepcionais no mesmo período de tempo. Emerson Fittipaldi, Piquet e Senna conquistaram oito título mundiais em vinte temporadas, o que levou o torcedor a acreditar que isso fosse algo “natural” para pilotos do país. Uma série de sucessos que parecia justificar a famosa frase de Jackie Stewart: “o segredo dos brasileiros está na água que eles bebem”.
Acreditar que há uma predisposição para o sucesso de pilotos de um determinado país é uma bobagem enorme. A Argentina viu Juan Manuel Fangio vencer cinco títulos em sete anos. E não sabe o que é um título há 54. Nem por isso, deixou de ser um público apaixonado pela categoria. Os franceses, inventores do automóvel, precisaram esperar 35 anos para ver seu primeiro campeão na F-1. Os alemães, sinônimo atual de sucesso, tiveram uma espera de 44 anos até Michael Schumacher abrir a série deles.
Num esporte complexo como este, é ingênuo encará-lo como se fosse futebol. Se o título não aconteceu, não é porque o centroavante chutou bolas para fora. Mas porque a junção do talento certo, na equipe certa, com o carro certo e no momento certo não aconteceu. Ou mesmo por um mero detalhe, como Felipe Massa experimentou em 2008, quando viu Lewis Hamilton tomar o título mundial na última curva do ano.
Além do mais, não é um campeonato de nações, mas um campeonato de atletas. O Brasil não formou nenhum de seus campeões, eles tiveram de polir rodas sozinhos lá fora antes de alcançar o sucesso. E antes ainda tinham o apoio de empresas nacionais, hoje isso praticamente desapareceu. Qual a nossa moral para exigir o sucesso de quem tenta fazer o melhor que pode dentro desse cenário desolador?
Ao invés de lamentar o período de seca, o torcedor (e parte da imprensa) faria melhor se colocasse menos pressão sobre os pilotos que conseguem entrar na F-1 para que eles tenham mais espaço para crescer e amadurecer lá dentro. E também se se preocupasse mais com a falta de categorias de base no país do que com a falta de títulos lá fora. Não se faz omelete sem ovos.
Títulos e vitórias à parte, vale a pena também o brasileiro aprender a gostar da categoria pelos atrativos que ela tem, independente dos resultados dos pilotos do país. A Fórmula 1 é um esporte que exige uma visão aprofundada para entender o que dizem os resultados. E justamente por isso é interessante para quem quer ir além do dos que endeusam e dos que atacam este ou aquele piloto apenas por sua nacionalidade. Experimente ampliar seu campo de visão e descarte as leituras limitadas!
4 comentários:
é isso ai! ótima análise.. mas é importante lembrar q nao foi por falta de carro q deixamos d ter mais um brasileiro campeao nesse tempo, faltou peito e postura do Massa diante do Alonso, nesse sentido acho q o Rubens teve mais peito c/ o schumi, a ferrari é q fodeu ele mesmo..( o Massa ja tava na casa, o Rubens entrou com o schumi lá dentro..)
a minha raiva do BARRICHELLO e do MASSA NÃO E NEM DE LONGE POR ELES NÃO TEREM CONQUISTADOS TITULOS... porque ninguem e OBRIGADO A VENCER. MAS SIM PORQUE FORAM M.E.R.C.E.N.A.R.I.O.S. E SE VENDERAM ,E ISSO É IMPERDOAVEL.
"Títulos e vitórias à parte, vale a pena também o brasileiro aprender a gostar da categoria pelos atrativos que ela tem, independente dos resultados dos pilotos do país. A Fórmula 1 é um esporte que exige uma visão aprofundada para entender o que dizem os resultados. E justamente por isso é interessante para quem quer ir além do dos que endeusam e dos que atacam este ou aquele piloto apenas por sua nacionalidade. Experimente ampliar seu campo de visão e descarte as leituras limitadas!"
TOTALMENTE DE ACORDO... AONDE ASSINO???
Algo parecido já comentamos por aqui, principalmente com relação as categorias de base que estão em falta, as que tem não tem apoio e os cartolas só se preocupam com as mensalidades em dia ao invés de achar uma fórmula para gerar novas "safras" de bons pilotos.
Lamentável...
Postar um comentário