sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A história de uma história que não vingou*

* Por Fábio Seixas

SAIU HÁ POUCAS semanas, na Itália, um livro importante para entender uma passagem marcante da F-1. Ou quase, porque não houve.

"O Homem que Convidou Senna para a Ferrari", de Roberto Boccafogli, é um compêndio de lembranças de Cesare Fiorio, diretor esportivo do time entre 89 e 91.

A mais valiosa delas -e a mais apelativa para uma prateleira de livraria-, a negociação com o brasileiro.

Não foi a primeira vez que Senna flertou com Maranello. No "Roda Viva" que gravou em 86 e que foi reprisado pela TV Cultura na última segunda, ele contou que poderia ter corrido na Ferrari naquele ano.

Recusou por estar seduzido pela Honda, já acertada com a Lotus para 87. "Mas um dia vou correr com o vermelhinho", disse.

Três anos depois, o papo foi mais sério. Fiorio conta que as conversas começaram em maio de 89, quando a equipe tinha Mansell e Berger: "Mas eu sempre quis o melhor". Na ocasião, Senna contou que seria impossível romper com a McLaren para 90, mas que estaria disponível em 91.

Fiorio, então, contratou o melhor no mercado: Prost. Acordo por um ano. Enquanto isso, continuou falando com Senna. "Foi o único com quem negociei que nunca impôs restrições ao companheiro. Ele não queria alguém menos veloz. Queria um que o levasse ao limite."

O ponto alto do livro é a reprodução do pré-contrato. O valor está rasurado, mas estima-se US$ 10 milhões por ano. Mais: Senna exigia o logotipo do Nacional no capacete, um problema porque a Marlboro tinha exclusividade. Por fim, queria o projetista Steve Nichols, da McLaren. Essa seria fácil. Ele já estava fechado com a Ferrari...

E por que deu errado?

O grande culpado, segundo Fiorio, é Piero Fusaro, presidente da Ferrari entre a morte de Enzo e a ascensão de Luca di Montezemolo. E seu rival nos corredores de Maranello.

Ele aprovou a contratação de Senna no conselho. Mas saiu de lá e contou para Prost. A notícia vazou, o negócio naufragou, o francês renovou. Simples assim.

"Prost e Fusaro ganharam a guerra", conclui Fiorio.

O vaticínio de Senna, no "Roda Viva", nunca seria cumprido. Por uma picuinha interna de uma empresa.

Com 210 páginas, publicado pela editora Giorgio Nada, o livro é vendido na internet por € 50 (R$ 120).

2 comentários:

Marcos - Blog da GGOO disse...

Orra meu, o Senna nem era da casa e a Ferrari, já mantendo a tradição, sacaneando um piloto.
Graças a Deus que ele não foi pra lá em 91, pois carimbou o tri bem em cima Ferrari do Prost!!
Chuuupaa!!

Igor * @fizomeu disse...

sorte do senna, a ferrari é a maior zica da F1!!!