quinta-feira, 15 de outubro de 2009
ESPECIAL GP BRASIL: 1977 NA CURVA TRÊS*
Início de 1977. Nem bem saíamos das festas de fim de ano e a agitação concentrava-se na "corrida" de Fórmula 1 de Interlagos. Os tempos eram muito diferentes dos de hoje. Alguma semana antes do evento iniciávamos os preparativos. Afinal, naqueles tempos se "acampava" no "retão" (local onde hoje fica a arquibancada setor G). Então, era um tal de achar alguém que tinha barraca e preparar os comes e bebes. Se bem que, eram mais bebes do que comes. Era um tal de juntar latinhas de "Skol". A lata antiga era novidade, pois era feita com folha de flandres ao invés das de alumínio atual, e não era em todo local que achávamos. A comida era um saco de Pão Pullmann com queijo. Afinal, a temperatura batia nos 35 a 36 graus e o presunto não suportaria.
Quinta feira de madrugada. Rua das Clemates. Encosta uma Kombi branca com seu piloto oficial, um tal de Luizinho, que seria o condutor da tropa. Ele, eu o Alberto e na praça da Avenida Zelina, hoje praça Lituana, mais três personagens: o Cabero, o Rubens e o Adalberto. Ajusta-se ou coloca-se a barraca na Kombi, o pão é jogado em qualquer canto e a preciosa bebida acomodada em caixas de isopor com gelo. A sensação de sentar no banco da Kombi era impressionante, não sabemos se seria por ela não ter freio "pegando" direito ou se seria o condutor que já estava se ambientando às largadas e freadas dos bólidos de F1.
Chegava-se a Interlagos lá pelas três da matina. O mais veloz se colocava na fila e os demais iriam procurar um local para estacionar a "possante".
Aberto os portões, o mais rápido corria e demarcava a área da barraca. Teria que ser um local alto, de preferência junto ao Kartódromo, perto de algum banheiro (só tinha um...) e seja o que Deus quiser.
Armada a barraca, no bom sentido, afinal só tinha homens, o lanche era devidamente colocado em algum canto e as "iskol" colocadas no gelo.
Banho? Banheiro? (neste caso as latinhas vazias de "iskol" tinham serventia. Se bem que alguns tinham problema em acertar o buraco da lata. Né Luiz?).
A noite era uma confraternização só, afinal todo mundo meio (inteiro) de fogo, e a canção tema era:
Sexta, sábado, de vez em quando vinha um caminhão pipa jogando água. Era o banho oficial, antes da corrida. Geralmente ocorriam outros banhos providenciais. Diminuía a dor das queimaduras. Afinal, protetor solar era coisa que não existia, quando muito bronzeador, e tinha um pessoal que o fazia com um preparado à base de coca cola!
O maior barato era ver a corrida "trepado" no muro. E neste ano a coisa foi mais que boa. Nada menos que sete carros bateram praticamente abaixo de nossos pés.
Foi a última corrida do José Carlos Pace no Brasil. E o pior! Quem ganhou foi um argentino.
Volta, domingo à tarde. Todo mundo cansado, queimado, desidratado, o piloto da Kombi pensando que é um ás no volante, a bendita "caranga" com certeza sem freio e o final feliz: todo mundo no quintal da casa da minha mãe lavando a barraca. Afinal não era só o Luizinho que não acertava o buraco da latinha de "iskol".
E no balanço final sempre sobrou pão com queijo, mas as "iskol"? Nem cheiro.
Lembrei desta epopéia quando revi o vídeo da corrida, ontem, aqui no blog.
Tudo o que dissemos está lá, talvez até algum de nós se reconheça na turba.
Já que é pra recordar um ótimo tempo... O piloto da Kombi com certeza deve dirigir melhor. Ou pelo menos ter trocado o freio, do carro, e não o dele, espero! Os demais estão pela vida. Outros continuam indo a Interlagos, curtindo ou olhando o velho "retão" e relembrando...
Um abraço a todos e principalmente ao nosso "Test Driver" (Luizinho). Se bem que os "Dummies" (bonecos utilizados em "crash-test") éramos nós!
* Dr. Roque (especial para o blog da GGOO, em texto publicado no site da Familia Rocchi)
Quinta feira de madrugada. Rua das Clemates. Encosta uma Kombi branca com seu piloto oficial, um tal de Luizinho, que seria o condutor da tropa. Ele, eu o Alberto e na praça da Avenida Zelina, hoje praça Lituana, mais três personagens: o Cabero, o Rubens e o Adalberto. Ajusta-se ou coloca-se a barraca na Kombi, o pão é jogado em qualquer canto e a preciosa bebida acomodada em caixas de isopor com gelo. A sensação de sentar no banco da Kombi era impressionante, não sabemos se seria por ela não ter freio "pegando" direito ou se seria o condutor que já estava se ambientando às largadas e freadas dos bólidos de F1.
Chegava-se a Interlagos lá pelas três da matina. O mais veloz se colocava na fila e os demais iriam procurar um local para estacionar a "possante".
Aberto os portões, o mais rápido corria e demarcava a área da barraca. Teria que ser um local alto, de preferência junto ao Kartódromo, perto de algum banheiro (só tinha um...) e seja o que Deus quiser.
Armada a barraca, no bom sentido, afinal só tinha homens, o lanche era devidamente colocado em algum canto e as "iskol" colocadas no gelo.
Banho? Banheiro? (neste caso as latinhas vazias de "iskol" tinham serventia. Se bem que alguns tinham problema em acertar o buraco da lata. Né Luiz?).
A noite era uma confraternização só, afinal todo mundo meio (inteiro) de fogo, e a canção tema era:
"Nóis é nóis e o resto é bosta!
Nóis é nóis e o resto é bosta!
Nóis é nóis e o resto é bosta!
É de nóis que o povo gosta!"
(cantada com a melodia de Glória, Glória, Aleluia).
Sexta, sábado, de vez em quando vinha um caminhão pipa jogando água. Era o banho oficial, antes da corrida. Geralmente ocorriam outros banhos providenciais. Diminuía a dor das queimaduras. Afinal, protetor solar era coisa que não existia, quando muito bronzeador, e tinha um pessoal que o fazia com um preparado à base de coca cola!
O maior barato era ver a corrida "trepado" no muro. E neste ano a coisa foi mais que boa. Nada menos que sete carros bateram praticamente abaixo de nossos pés.
Foi a última corrida do José Carlos Pace no Brasil. E o pior! Quem ganhou foi um argentino.
Volta, domingo à tarde. Todo mundo cansado, queimado, desidratado, o piloto da Kombi pensando que é um ás no volante, a bendita "caranga" com certeza sem freio e o final feliz: todo mundo no quintal da casa da minha mãe lavando a barraca. Afinal não era só o Luizinho que não acertava o buraco da latinha de "iskol".
E no balanço final sempre sobrou pão com queijo, mas as "iskol"? Nem cheiro.
Lembrei desta epopéia quando revi o vídeo da corrida, ontem, aqui no blog.
Tudo o que dissemos está lá, talvez até algum de nós se reconheça na turba.
Já que é pra recordar um ótimo tempo... O piloto da Kombi com certeza deve dirigir melhor. Ou pelo menos ter trocado o freio, do carro, e não o dele, espero! Os demais estão pela vida. Outros continuam indo a Interlagos, curtindo ou olhando o velho "retão" e relembrando...
Um abraço a todos e principalmente ao nosso "Test Driver" (Luizinho). Se bem que os "Dummies" (bonecos utilizados em "crash-test") éramos nós!
* Dr. Roque (especial para o blog da GGOO, em texto publicado no site da Familia Rocchi)
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4 comentários:
Bela história... dá até para imaginar as situações!!!
EspeStacular!!!
Eu si divirto com essas histórias.
E com todo o "conforto" de hj, tem bundão que reclama da fila!!
gostei da musiquinha... que tal revivermos ela esse ano???
Realmente a história é fantastica... os detalhes são tão bem colocados que dá para imaginar cada coisinha...
Parabéns Dr. Roque =))
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