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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Barrichello e a Indy: uma decisão lógica*

* Por Luis Fernando Ramos


Foi entre os GPs do Canadá e da Europa do ano passado que Felipe Massa convidou Rubens Barrichello para participar de uma corrida virtual pela Internet. O brasileiro da Ferrari havia participado de uma prova que conta com pilotos que atuam também na Stock Car e na F-Truck, além de especialistas em simuladores. Se saiu bem, conseguindo um pódio apesar de ser sua primeira experiência neste tipo de disputa.

Quando Barrichello fez sua estréia, conquistou a pole-position e liderou a prova até o servidor dar problema pelo grande número de pessoas que entraram para assistir a transmissão online da prova. Quando o parabenizei em Valência pela surpreendentemente performance, a resposta veio rápido:

"Treinei seis horas por dia durante uma semana. Não gosto de entrar numa competição se não puder dar o máximo", explicou.

O exemplo acima deixa claro o quanto Rubens Barrichello ama a competição. Por mais que ele afirme “não ter fechado a porta da Fórmula 1”, não faz o menor sentido imaginá-lo passar um ano sem fazer o que mais gosta, a disputa em um carro de corrida.

Nos testes que fez na Fórmula Indy, o piloto mostrou uma rápida adaptação e foi recebido de braços abertos pelos principais nomes de lá. Disse que vai tomar uma decisão se corre ou não na categoria na próxima semana. É uma decisão lógica.

Uma eventual participação de Barrichello na categoria só trará vencedores. A Indy ganhará mais atenção não só no Brasil, onde até o público menos fanático por automobilismo vai querer acompanhar como ele vai se sair, como na Europa, onde é muito popular.

E o piloto poderá dourar seu desejo por competição com carros de corrida, algo que o move a cada dia em que acorda. Poderá, enfim, ser Rubens Barrichello. E isto, para ele, é o mais importante.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um novo Webber não basta*

* Por Luis Fernando Ramos

O mercado de pilotos andou movimentado nos últimos dias. Sinal de que algumas peças estão se encaixando e que o funil está apertando para quem ainda está sem vaga. Na semana passada, a Renault anunciou o francês Romain Grosjean como o companheiro de Kimi Raikkonen. Nesta quarta-feira, foi a vez da Toro Rosso deixar claro que promoveu uma faxina geral no time, colocando o australiano Daniel Ricciardo e o francês Jean-Eric Vergne nas vagas que eram ocupadas pelo espanhol Jaime Alguersuari e o suíço Sébastien Buemi.

A decisão causou um pouco de controvérsia, especialmente porque Alguersuari fez algumas boas apresentações no segundo semestre e vivia um momento ascendente. Mantê-lo por mais um ano seria uma escolha lógica.

Mas a troca também é compreensível. O espanhol estava no time há dois anos e meio, o suíço há três, e nenhum dos dois deu sinais de ser um talento excepcional como Sebastian Vettel, que foi anunciado como piloto da Red Bull menos de um ano depois de ter feito sua estreia na Toro Rosso.

Ou seja, era possível optar por melhorar um bom piloto como Jaime Alguersuari para preparar um substituto para Mark Webber. Mas Helmut Marko não quer um novo Webber, ele quer um novo Vettel. E sente que tem mais chance de conseguir isso com Ricciardo ou Vergne. É esse tipo de ambição que levou a equipe ao sucesso atual em tão pouco tempo.

Restam agora poucas vagas - e muitos candidatos - para o grid da F-1 em 2012. A Force Índia deve anunciar em breve qual será sua dupla de pilotos. Adrian Sutil, Paul di Resta e Nico Hülkenberg são os principais candidatos. Na Williams, Rubens Barrichello duela com quem sobrar na Force Índia, mas certamente o time foi procurado nos últimos dias por gente ligada a Bruno Senna, Vitaly Petrov e quem mais ainda está no mercado.

Nas equipes menores, a Marussia Virgin tem a dupla de pilotos confirmada. Resta uma vaga na Caterham (a “Lotus verde”) e uma na HRT. Que anunciou hoje a saída de Colin Kolles da chefia do time e deixou no ar muitas dúvidas sobre quando e onde o novo carro será construído.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

KIMI ESTÁ DE VOLTA. MAS QUAL DELES?*

* Por Luis Fernando Ramos

Kimi Raikkonen voltou à Fórmula 1. Um ganho importante para a categoria. À sua maneira, o caladão finlandês vai enriquecer o paddock. Pouco se importando com o que pensam sobre ele, com a imprensa, com o companheiro de equipe. Uma espécie de Buster Keaton das pistas, sempre parecendo sério e enfadado, mas genial no que faz.

A grande dúvida que fica é essa: qual Kimi veremos em ação nesse retorno? O genial ou o genioso? Se for o endiabrado moleque que ameaçou o título de Michael Schumacher em 2003 na base de uma regularidade incrível, ótimo. Ou o aguerrido piloto que brigou pelo título de 2005 e só saiu da disputa com antecedência porque o carro quebrou em momentos decisivos. Ou o campeão de 2007, que operou uma ótima virada na tabela vencendo três das quatro corridas finais do Mundial.

Mas eu temo encontrar o Raikkonen de 2009. Completamente desmotivado com o carro pouco competitivo que tinha nas mãos. O enigmático e silencioso piloto parece crescer em cima de bons resultados na mesma medida em que se apaga na ausência deles. E, todo mundo sabe, a atual Renault (que será rebatizada de Lotus no ano que vem) vai permitir que ele brigue, no máximo, por sétimos lugares. Quantas corridas até o finlandês ficar de saco cheio das cobranças e da falta de um bom carro para passar a fazer figuração? Acho que não muitas.

Conversando com um colega finlandês que é quase um segundo pai do piloto,ficou claro que sua volta foi motivada especialmente pela questão financeira. Como um profissional valorizado na sua área, o finlandês vai ganhar na F-1 o dinheiro que estava gastando do próprio bolso para correr de rali. Está no seu direito. Mas parece que a volta em si não vai bastar para vermos os lampejos de um Kimi que brilhava e nos encantava como no passado. Espero que ele prove que estamos enganados.

De qualquer jeito, um "meio Kimi" já seria mais piloto que muitos dos que estão no grid atualmente.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DIAS DECISIVOS NA WILLIAMS*

* Por Luis Fernando Ramos

Até agora, as informações que eu passei aqui no blog sobre as negociações da Williams com Kimi Raikkonen foram corretas. Ele não havia assinado com o time antes do GP da Índia e também não assinou e nenhum acordo foi anunciado em Abu Dhabi. Mas as negociações continuam e esta semana será decisiva para apontar os caminhos futuros da equipe.

Como já havia dito na transmissão da corrida pelo Grupo Bandeirantes de Rádio, os empresários de Kimi Raikkonen estiveram em Abu Dhabi conversando com a chefia da Williams. E Frank foi para o Qatar para ser orador de um seminário esportivo e também, claro, para negociar com empresas de lá.

As negociações com o finlandês continuam, mas esbarram numa questão delicada: de acordo com o sempre bem-informado jornalista Joe Saward, Raikkonen e seus empresários (provavelmente mais eles que o piloto) vislumbram ganhar uma parte das ações do time. Não é uma questão fácil de ser resolvida, mas que foi conversada no último GP com a presença de todos os acionários do time por lá.

Paralelamente, havia o desejo de parte deles em avaliar o potencial de Valteri Bottas ao volante de um F-1 no teste de jovens pilotos. E ele se saiu bem nos dois dias em que testou. Pelo que declarou Toto Wolff, um dos sócios do time, havia a possibilidade de prepará-lo para a categoria fazendo os treinos livres de sexta-feira. E isto também vai pesar na decisão da Williams.

Também na equação estão Rubens Barrichello e Adrian Sutil. O brasileiro estava visivelmente mais animado na última corrida - em que teve a presença de toda a cúpula do time - do que esteve na Índia. Mais um sinal de que a decisão do time ainda não está muito clara. Resta saber se, quando todos voltarem do Oriente Médio ao final dessa semana, alguma coisa terá mudado. Ainda não está certo se alguma decisão sai antes de Interlagos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

KIMI NÃO ESTÁ ASSINADO COM A WILLIAMS!*

* Por Luis Fernando Ramos

Kimi Raikkonen não tem nenhum contrato assinado com a Williams para o ano que vem. Ao contrário do que publicou o jornal finlandês Ilta Sanomat. Ao contrário do que os sites copy/paste brasileiros publicaram ontem. Tive uma longa conversa com uma pessoa muito próxima ao piloto que esteve com ele no último final de semana no Rali da Espanha. As negociações continuam, mas um eventual acerto ainda está longe. Para preocupação dessa própria pessoa, que torce e muito para que o campeão mundial de 2007 volte à Fórmula 1. Uma outra fonte ligada à Williams me confirmou o mesmo quadro.

Por ter voado de Finnair para a Índia, tive até a chance de pegar nas mãos a edição do Ilta Sanomat com a notícia. A “volta do homem de gelo” não teve destaque nem na capa do jornal, na capa do caderno de esportes e nem foi abre de página. É apenas uma nota pequena, abrindo uma sessão de “curtinhas”, com um texto altamente especulativo em cima de um tweet especulativo do japonês Taki Inoue, cujo maior feito na vida, coitado, foi ter sido atropelado por um carro de serviço no GP da Hungria de 1995.

É inacreditável como uma papagaiada dessas se alastra como praga na Internet, especialmente na brasileira. Fazer um site de F-1 assim é fácil, basta acordar de manhã e entrar num desses sites ingleses que compila todas as linhas sobre a categoria que saem na Internet e começar o trabalho de tradução.

Jornalismo que se preza, com checagem de fatos e análise do que não é verdadeiro, não existe. Por não conhecerem como a F-1 funciona por dentro - um ambiente fechado e repleto de interesses -, não sabem quais as fontes confiáveis e reproduzem qualquer coisa sem discernimento. O resultado disso é que confundem seus leitores. Pior: enganam aqueles que acreditam estar lendo notícias de uma fonte confiável. É triste.

Aprendi algumas coisas diferentes na faculdade: que jornalismo é uma atividade de responsabilidade e o trato dado à informação é o mesmo que o médico dá ao paciente; que uma informação relevante precisa ser checada e rechecada antes de ser reproduzida; que eventuais erros precisam ser admitidos e sua origem entendida para que não sejam repetidos. Fico feliz de sempre colocar estas lições em prática. Vale a pena ficar atento a quem faz isso e a quem vai continuar apenas confundindo e enganando.

sábado, 22 de outubro de 2011

VINTE ANOS SEM TÍTULOS. E DAÍ?*

* Por Luis Fernando Ramos


Na última segunda-feira, completou-se 30 anos do primeiro dos três títulos de Nelson Piquet. Ontem, pudemos celebrar 20 anos do tricampeonato de Ayrton Senna, que veio com um segundo lugar no GP do Japão em Suzuka. Desde então, nas últimas duas décadas, tivemos pouco a comemorar: foram 31 vitórias e quatro vice-campeonatos. Pouco? Bom, pelo menos você não é francês, que celebrou nove vitórias e apenas o título mundial de Alain Prost com a Williams “de outro mundo” neste mesmo período. Hoje nem piloto no grid eles têm.

A verdade é que o brasileiro ficou mal acostumado com a junção de três talentos excepcionais no mesmo período de tempo. Emerson Fittipaldi, Piquet e Senna conquistaram oito título mundiais em vinte temporadas, o que levou o torcedor a acreditar que isso fosse algo “natural” para pilotos do país. Uma série de sucessos que parecia justificar a famosa frase de Jackie Stewart: “o segredo dos brasileiros está na água que eles bebem”.

Acreditar que há uma predisposição para o sucesso de pilotos de um determinado país é uma bobagem enorme. A Argentina viu Juan Manuel Fangio vencer cinco títulos em sete anos. E não sabe o que é um título há 54. Nem por isso, deixou de ser um público apaixonado pela categoria. Os franceses, inventores do automóvel, precisaram esperar 35 anos para ver seu primeiro campeão na F-1. Os alemães, sinônimo atual de sucesso, tiveram uma espera de 44 anos até Michael Schumacher abrir a série deles.

Num esporte complexo como este, é ingênuo encará-lo como se fosse futebol. Se o título não aconteceu, não é porque o centroavante chutou bolas para fora. Mas porque a junção do talento certo, na equipe certa, com o carro certo e no momento certo não aconteceu. Ou mesmo por um mero detalhe, como Felipe Massa experimentou em 2008, quando viu Lewis Hamilton tomar o título mundial na última curva do ano.

Além do mais, não é um campeonato de nações, mas um campeonato de atletas. O Brasil não formou nenhum de seus campeões, eles tiveram de polir rodas sozinhos lá fora antes de alcançar o sucesso. E antes ainda tinham o apoio de empresas nacionais, hoje isso praticamente desapareceu. Qual a nossa moral para exigir o sucesso de quem tenta fazer o melhor que pode dentro desse cenário desolador?

Ao invés de lamentar o período de seca, o torcedor (e parte da imprensa) faria melhor se colocasse menos pressão sobre os pilotos que conseguem entrar na F-1 para que eles tenham mais espaço para crescer e amadurecer lá dentro. E também se se preocupasse mais com a falta de categorias de base no país do que com a falta de títulos lá fora. Não se faz omelete sem ovos.

Títulos e vitórias à parte, vale a pena também o brasileiro aprender a gostar da categoria pelos atrativos que ela tem, independente dos resultados dos pilotos do país. A Fórmula 1 é um esporte que exige uma visão aprofundada para entender o que dizem os resultados. E justamente por isso é interessante para quem quer ir além do dos que endeusam e dos que atacam este ou aquele piloto apenas por sua nacionalidade. Experimente ampliar seu campo de visão e descarte as leituras limitadas!