* Por Rodrigo Mattar
Que corrida, senhoras e senhores!
O Grande Prêmio do Brasil de 2012, o quadragésimo disputado aqui valendo pontos na história da Fórmula 1 foi, na minha opinião, a melhor corrida da categoria máxima disputada em Interlagos. Não é exagero. Nos anos de 1991 e 1993 houve emoção, é verdade, com as duas vitórias de Ayrton Senna. O toró de 2003 foi épico. E o final de 2008 também. Mas o que se viu nesse domingo, 25 de novembro, superou tudo e ainda sobrou troco.
O chove-pára-não chove-não pára de chover fez a corrida virar do avesso. E aconteceu de tudo. Tudo mesmo. Vettel foi abalroado na primeira volta, caiu para último e jamais baixou os braços. Numa pista escorregadia feito sabão, o alemão foi o que eles chamam, na língua deles, um “regenmeister”.
Um mestre.
Pois sua recuperação foi, sim, de mestre. E olha que a Red Bull fez de tudo para que ele perdesse um título que ele foi lá buscar, na raça, no braço. Quando numa parada de box os austríacos mantiveram os pneus slicks e começava a chover, Vettel caiu de novo fora da zona de pontuação, tal como no início da corrida. Ele recuperou o que pôde, chegou em 6º e conquistou um merecido tricampeonato.
Aos 25 anos, Sebastian Vettel iguala monstros como Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda e Nelson Piquet em número de títulos. Torna-se o mais jovem de todos a alcançar este feito, superando Ayrton Senna, o antigo recordista. E agora ele é o terceiro piloto a vencer três campeonatos em sequência. Só Juan Manuel Fangio, que de cinco títulos ganhou quatro seguidos (54/55/56/57) e Michael Schumacher, consecutivamente vitorioso por cinco anos, tinham essa honraria que o piloto da Red Bull acaba de alcançar.
E Vettel mostra que tem muita lenha para queimar. São apenas 101 GPs completados em sete temporadas. Ele tem 26 vitórias e 46 pódios. Já está sem dúvidas entre os grandes da Fórmula 1.
Como grande também é o espanhol Fernando Alonso, que apesar dos pesares, valorizou demais o título de Vettel. Com um carro tido como “ruim”, no começo do ano, fez coisas sobrenaturais, dignas do piloto excepcional que ele é. O representante da Ferrari fez o que deu em Interlagos. Ele não tinha como alcançar as McLaren e muito menos a inacreditável Force India de Nico Hülkenberg. A matemática até chegou a conspirar ao seu favor, mas não deu. Fica para 2013.
Numa corrida excepcional, épica, fantástica, chamaram muito a atenção outros pilotos. Jenson Button pela vitória, ao seu estilo, com finesse, categoria e competência; Lewis Hamilton, por liderar pela primeira vez o GP do Brasil em sua despedida da McLaren; esse impressionante Nico Hülkenberg, fruto da inesgotável fábrica de talentos do automobilismo que se tornou a Alemanha pós-Michael Schumacher (para mim, punido injustamente após o contato entre ele e Lewis Hamilton, porque ele errou sozinho e não de propósito); e Felipe Massa.
Sim, Felipe Massa. Como não? Ele fez uma grande corrida e com o 3º lugar, ajudando Alonso onde deu, emocionou-se porque termina o campeonato com um desempenho sem dúvida muito superior ao do início do ano. Ele mesmo admitou que levou “porrada de tudo quanto é lado” e que depois de agosto, ligou aquela setinha de seis letras com um hífen no meio, e veio pra cima. Acabou o campeonato em sétimo – pode não ser uma grande posição, longe do que o torcedor brasileiro gostaria que fosse, mas é um alento diante de uma primeira metade de campeonato horrorosa.
Massa está de parabéns. Termina o ano fortalecido e se a cabeça estiver no lugar, é alguém a ser levado a sério em 2013. Já Sérgio Perez, aquele que todo mundo queria no lugar do brasileiro, só fez besteira após ser contratado pela McLaren.
O GP do Brasil marcou também a honrosa despedida de Michael Schumacher das pistas. Na beira do caos, num início de corrida simplesmente melancólico, em último ou entre os últimos, poucos deram crédito ao piloto da Mercedes. Mas ele se recuperou com a pista escorregadia, andou muito bem e chegou em 7º lugar. Pelo menos encerrou sua carreira com alguma dignidade, ao contrário de muitos outros que deixaram a Fórmula 1 pela porta dos fundos. Os números fazem de Schumacher um dos maiores pilotos da história, em que pese o caráter duvidoso que maculou algumas de suas conquistas e em igual medida, suas derrotas.
Como cereja do bolo de um campeonato tão emocionante e bacana, a entrevista no pódio foi conduzida por ninguém menos que Nelson Piquet Souto Maior, tricampeão de Fórmula 1. Nelsão consolou Alonso. “Já perdi dois campeonatos na última corrida e sei muito bem o que é isso”, e fez um grande afago em Felipe Massa antes de perguntar ao brasileiro como será o ano de 2013.
Como será o ano de 2013? Eu não sei. Só sei que estou – já – com saudade da Fórmula 1. E aí, o que fazer diante da abstinência que começa a tomar conta de mim?
Ah… para encerrar: sr. prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Sabe quando você vai tirar a F-1 de Interlagos? NUNCA.
Interlagos é um templo. Tanto quanto Indianápolis, Suzuka, Spa-Francorchamps, Le Mans, Monza, Nürburgring, Silverstone e Monte-Carlo.
Ponto final.
2 comentários:
put's!!!
faltou o chapéu do Presidente nele!
Aquele de Magnata do Petróleo..tipicamente texano!
"Interlagos é um templo..."
O TEMPLO SAGRADO!!!
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