* Por Fábio Seixas
"Ele é um dos homens mais inteligentes que conheci. Não, não... É o mais inteligente."
"Tem aquele humor britânico. Quando um piloto chegava se queixando de dor de barriga, receitava uísque."
Inteligente, sarcástico e, desde ontem, aposentado.
Aos 83 anos, 33 na F-1, o neurocirurgião Sid Watkins deixou o último cargo que ocupava, no Instituto FIA.
As pistas já tinha deixado em 2004. Agora, despede-se do órgão que começou a criar em 1994, após as tragédias de Ratzenberger e Senna. Ah, sim: o autor das aspas que abrem a coluna trabalhou lado a lado com o dr. Sid por mais de 60 GPs.
É Alex Dias Ribeiro, piloto do carro médico da F-1 entre 1999 e 2001 e em pe-lo menos mais 13 edições do GP Brasil.
Instado a falar sobre o velho companheiro, conta que dois casos o marcaram.
O primeiro, o acidente na largada de Monza, em 2000. "Foram cinco carros, mas nenhum piloto se feriu. Na hora de ir embora, ouvimos um comissário desesperado, nos chamando. Um colega tinha sido atingido por uma roda."
Aos 72, Sid não tinha mais energia para saltar guardrails e valas. Ficou na pista, orientando Gary Hartstein, então seu assistente, e Alex. Não deu. O bombeiro Paolo Ginslimberti morreu.
O segundo caso teve final feliz: a pancada de Burti em Spa, em 2001.
"Quando recobrou a consciência, ele começou a xingar todo mundo. O doutor olhou pra mim e disse que o Luciano ia ficar bem."
Até sua chegada à F-1, em 1978, o médico ficava na torre de controle. Importou dos EUA o conceito do carro-ambulância. Tornou obrigatórios helicóptero nos circuitos e os crash-tests, cada vez mais rigorosos. E por aí vai...
Foram 11 mortes na F-1 dos anos 70. Agora, já são 17 anos sem pilotos mortos na categoria. Não é coincidência.
Ao doutor Sid, um grande obrigado, um forte abraço.
Um comentário:
Obrigado, Dr., pela dedicação e excelente trabalho realizado. Toda a categoria, desde os torcedores até a Federação, agradece.
Só espero que tenhamos um substituto a altura.
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