quinta-feira, 8 de setembro de 2011
O QUE IMPORTA MAIS: O CARRO OU O PILOTO?*
* Por Christian Pahlke - que trabalhou na equipe de DTM AMG Mercedes Benz (TAZIO)
Se a resposta fosse simples, este tema relativo à performance não seria discutido até hoje. Em uma enquete feita por um canal de televisão alemão, foi feita esta mesma pergunta a Niki Lauda, que se atrapalhou nos argumentos e acabou respondendo nada. Michael Schumacher, por outro lado, respondeu sem muitas palavras que é a do carro. Norbert Haug, chefe de Esporte a Motor da Mercedes Benz, por outro lado, garantiu que a vitória depende 60% do talento do piloto. E agora? Em quem acreditar?
Uma coisa é certa: todo chefe de equipe quer possuir o melhor do dois. Ele sabe que sua tarefa principal é tirar a máxima vantagem tecnológica dentro do regulamento estabelecido e aproveitar a máxima capacidade física e psicológica do piloto. No final, a combinação carro-piloto que conseguir aumentar a performance na pista em relação ao concorrente, leva o troféu para casa.
Então, para poder responder à pergunta desta enquete, o importante é saber quem possui o maior potencial para aumentar a diferença na pista, e conhecer as características do piloto e do carro, e seus fatores-chave para determinar o respectivo potencial de competividade. Vou descrever isto de uma forma breve usando a F1 como exemplo:
O piloto
Pilotos top de F1 mantêm um nível perfeito de concentração por toda a corrida, até mesmo em momentos de pico de stress e desgaste físico. Para isso, eles passam por um treinamento especial baseado em estudos científicos de medicina e psicofísica. Esta sensibilidade e concentração são desenvolvidas de uma forma tão peculiar que eles conseguem sentir uma mínima diferença na mudança de 0,5% do balanço aerodinâmico (frontal-traseiro).
Eles podem sentir pelo comportamento do carro se a altura do assoalho foi alterada em 1 milímetro. Durante a corrida, o piloto consegue julgar seu desempenho de uma forma tão exata que, com pista limpa, ele é capaz de repetir voltas consecutivas com uma diferença de menos de 0,2 segundos.
Devido a esse treinamento, eles atingem um nível de constância tão extrema que a margem de diferença entre eles passa a ser mínima, porém crucial. Algo para poucos, mas decisivo para poderem ser competitivos.
O carro
O projeto de um carro de F1 envolve inúmeras diciplinas científicas que interagem entre si. As principais são: Aerodinâmica, Dinâmica Veicular, Termodinâmica, Simulação Computacional, Elétrica, Eletrônica e Componente de Materiais.
Também existe um mundo de teorias e possibilidades de inovação dentro de cada uma destas disciplinas.
Para se ter uma ideia, para a corrida são colocados no carro mais de 300 sensores que monitoram fluxo de ar, consumo de combustível, temperatura e desgaste dos pneus, altura do assoalho do carro, ângulo da asa, balanço do carro, nível de óleo e muito mais. São mais de 30Gb de dados que são tranferidos de volta para fábrica e minunciosamente interpretados por pessoas destas diferentes disciplinas descritas acima.
Com estas informações, e montanhas de dados de corridas e testes anteriores, são feitas milhares de simulações, gerando inúmeros possíveis resultados em vários tipos diferentes de cenário e condições. Estratégia baseada em diferentes combinações técnicas pode ser a diferença entre o posto mais alto do pódio e o segundo lugar.
Piloto ou carro? Quem de fato consegue aumentar mais a diferença na performance? De certo, são campos tão complexos e ilimitados para se ter um entendimento completo, que acabo achando que a enquete deveria ser outra: será que o piloto já alcançou seu limite psicofísico ou o carro o seu limite tecnológico? Acredito que ainda não.
No dia em que isso acontecer, saberemos quem pesa mais para se ganhar uma corrida.
Se a resposta fosse simples, este tema relativo à performance não seria discutido até hoje. Em uma enquete feita por um canal de televisão alemão, foi feita esta mesma pergunta a Niki Lauda, que se atrapalhou nos argumentos e acabou respondendo nada. Michael Schumacher, por outro lado, respondeu sem muitas palavras que é a do carro. Norbert Haug, chefe de Esporte a Motor da Mercedes Benz, por outro lado, garantiu que a vitória depende 60% do talento do piloto. E agora? Em quem acreditar?
Uma coisa é certa: todo chefe de equipe quer possuir o melhor do dois. Ele sabe que sua tarefa principal é tirar a máxima vantagem tecnológica dentro do regulamento estabelecido e aproveitar a máxima capacidade física e psicológica do piloto. No final, a combinação carro-piloto que conseguir aumentar a performance na pista em relação ao concorrente, leva o troféu para casa.
Então, para poder responder à pergunta desta enquete, o importante é saber quem possui o maior potencial para aumentar a diferença na pista, e conhecer as características do piloto e do carro, e seus fatores-chave para determinar o respectivo potencial de competividade. Vou descrever isto de uma forma breve usando a F1 como exemplo:
O piloto
Pilotos top de F1 mantêm um nível perfeito de concentração por toda a corrida, até mesmo em momentos de pico de stress e desgaste físico. Para isso, eles passam por um treinamento especial baseado em estudos científicos de medicina e psicofísica. Esta sensibilidade e concentração são desenvolvidas de uma forma tão peculiar que eles conseguem sentir uma mínima diferença na mudança de 0,5% do balanço aerodinâmico (frontal-traseiro).
Eles podem sentir pelo comportamento do carro se a altura do assoalho foi alterada em 1 milímetro. Durante a corrida, o piloto consegue julgar seu desempenho de uma forma tão exata que, com pista limpa, ele é capaz de repetir voltas consecutivas com uma diferença de menos de 0,2 segundos.
Devido a esse treinamento, eles atingem um nível de constância tão extrema que a margem de diferença entre eles passa a ser mínima, porém crucial. Algo para poucos, mas decisivo para poderem ser competitivos.
O carro
O projeto de um carro de F1 envolve inúmeras diciplinas científicas que interagem entre si. As principais são: Aerodinâmica, Dinâmica Veicular, Termodinâmica, Simulação Computacional, Elétrica, Eletrônica e Componente de Materiais.
Também existe um mundo de teorias e possibilidades de inovação dentro de cada uma destas disciplinas.
Para se ter uma ideia, para a corrida são colocados no carro mais de 300 sensores que monitoram fluxo de ar, consumo de combustível, temperatura e desgaste dos pneus, altura do assoalho do carro, ângulo da asa, balanço do carro, nível de óleo e muito mais. São mais de 30Gb de dados que são tranferidos de volta para fábrica e minunciosamente interpretados por pessoas destas diferentes disciplinas descritas acima.
Com estas informações, e montanhas de dados de corridas e testes anteriores, são feitas milhares de simulações, gerando inúmeros possíveis resultados em vários tipos diferentes de cenário e condições. Estratégia baseada em diferentes combinações técnicas pode ser a diferença entre o posto mais alto do pódio e o segundo lugar.
Piloto ou carro? Quem de fato consegue aumentar mais a diferença na performance? De certo, são campos tão complexos e ilimitados para se ter um entendimento completo, que acabo achando que a enquete deveria ser outra: será que o piloto já alcançou seu limite psicofísico ou o carro o seu limite tecnológico? Acredito que ainda não.
No dia em que isso acontecer, saberemos quem pesa mais para se ganhar uma corrida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
o carro, cada vez mais...
Infelizmente, concordo com o sr., diretor, o carro é fundamental nas categorias de ponta, principalmente na F-1, que é o tema do retro explanado aí.
Nas categorias inferiores, nas quais a regra iguala os carros, ainda vemos o piloto fazer a diferença. Só por isso.
Por outro lado, se na F-1 existisse regra pra serem carros iguais, deixaria de ser F-1.
E aí voltamos ao título do post, que seria como aquela velha pergunta: quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?
Postar um comentário