segunda-feira, 28 de outubro de 2013
RED BUDDH*
* Por Flávio Gomes
Vettel é um campeão que sorri. Isso é legal. Não faz caras e bocas e não transforma um título mundial num dos trabalhos de Hércules. Era o Hércules ou o Asterix que tinha lá um monte de trabalhos a realizar?
Seja como for, se forem sete trabalhos a realizar Tiãozinho já concluiu quatro deles. E como é muito jovem, apenas 26 anos, tem tempo de carreira pela frente para encarar um eventual ciclo vitorioso de outra equipe e, ainda assim, chegar aos sete um dia.
Sete é um número mágico como era o número cinco, até Schumacher igualar o penta de Fangio. Michael esticou as referências, deixando para seus sucessores a tarefa muito dura de chegar às suas marcas. Elas ainda estão distantes, mas é possível acreditar que poderão ser batidas. Eu só não imaginava que seria tão rápido. Schumacher não é um retrato na parede. Até o ano passado estava correndo. Mal saiu, já apareceu outro.
O fato de também ser alemão não é coincidência. Como não foi coincidência a sequência Emerson-Piquet-Senna dos anos 70 aos 90. Sucesso puxa sucesso, estimula a competição interna, mais gente passa a praticar o esporte, e da quantidade sai qualidade.
Vettel é um gênio de sua raça e continua sorrindo como um garoto porque é isso que é, um molecote que começou muito cedo e sempre mostrou ser especial. Já está entre os maiores da história, claro, mas se comporta como se fosse um mero… ganhador de corridas. Talvez essa noção de que é um dos maiores nomes do esporte de todos os tempos só venha a fazer parte de suas preocupações no futuro. Por enquanto, ele quer é vencer corridas, o que é muito gostoso.
São 36 na carreira, dez neste ano e seis seguidas. Com mais uma, iguala os recordes de vitórias consecutivas de Schumacher e Ascari. Michael ganhou sete sem tirar em 2004. Ascari, entre 1952 e 1953. A marca do italiano poderia ser ainda mais ampla se as 500 Milhas de Indianápolis não fizessem parte do Mundial nos anos 50 — uma situação esquisita, a prova era parte do campeonato, mas apenas americanos corriam lá; eram raríssimas as participações de alguém da F-1. Ascari ganhou sete, pulou Indy e venceu mais duas. Na real, ganhou nove em sequência. Para as estatísticas, no entanto, o que vale são as sete. Sete de novo.
Quando terminou a prova hoje, Vettel foi para o meio da reta, deu zerinhos, saudou o público, jogou suas luvas para a torcida e fez o gesto mais significativo do dia: ajoelhou-se diante de seu carro e fez uma reverência respeitosa ao seu colega de quatro rodas.
Em tempos de culto ao hedonismo, em que ninguém divide méritos e vitórias com ninguém, Vettel repartiu sua conquista com um automóvel — e seu criador, claro, Adrian Newey.
Ele só é campeão porque tem carro, vão se apressar a dizer alguns hoje. O gesto de Vettel diante de seu RB9, nome feio e sem graça para um carro, assim como Red Bull é um nome feio e sem graça para uma equipe, encerra essa discussão. É claro que ele só é campeão porque tem carro. A F-1 é um campeonato de carros guiados por pilotos. Ninguém pode ser campeão sem carro numa competição de carros.
Mas é preciso alguém lá dentro para fazer de um carro um campeão. Vettel fez isso quatro vezes, como Fangio e Schumacher, dois semideuses — até hoje os únicos que tinham conquistado quatro taças seguidas. Por melhor que sejam um carro e uma equipe, poucos são capazes de transformar essa mistura em títulos sem deixar a peteca cair num meio tão tenso e competitivo como é a F-1.
Vettel consegue porque sabe competir e porque deixa a tensão para os outros. É um garoto que sorri quando ganha. Suas vitórias não são sofridas, dolorosas, ressentidas, não são odisseias épicas escritas com sangue, suor e lágrimas. São vitórias, apenas. Simples vitórias em corridas de carros. Esse menino encara seu ofício com simplicidade. Por isso que a conquista de hoje, um tetracampeonato mundial de F-1, um negócio difícil pra burro, parece ter sido tão fácil.
Quando se vive a vida com simplicidade, as coisas ficam mais simples, acho que é isso.
Vettel é um campeão que sorri. Isso é legal. Não faz caras e bocas e não transforma um título mundial num dos trabalhos de Hércules. Era o Hércules ou o Asterix que tinha lá um monte de trabalhos a realizar?
Seja como for, se forem sete trabalhos a realizar Tiãozinho já concluiu quatro deles. E como é muito jovem, apenas 26 anos, tem tempo de carreira pela frente para encarar um eventual ciclo vitorioso de outra equipe e, ainda assim, chegar aos sete um dia.
Sete é um número mágico como era o número cinco, até Schumacher igualar o penta de Fangio. Michael esticou as referências, deixando para seus sucessores a tarefa muito dura de chegar às suas marcas. Elas ainda estão distantes, mas é possível acreditar que poderão ser batidas. Eu só não imaginava que seria tão rápido. Schumacher não é um retrato na parede. Até o ano passado estava correndo. Mal saiu, já apareceu outro.
O fato de também ser alemão não é coincidência. Como não foi coincidência a sequência Emerson-Piquet-Senna dos anos 70 aos 90. Sucesso puxa sucesso, estimula a competição interna, mais gente passa a praticar o esporte, e da quantidade sai qualidade.
Vettel é um gênio de sua raça e continua sorrindo como um garoto porque é isso que é, um molecote que começou muito cedo e sempre mostrou ser especial. Já está entre os maiores da história, claro, mas se comporta como se fosse um mero… ganhador de corridas. Talvez essa noção de que é um dos maiores nomes do esporte de todos os tempos só venha a fazer parte de suas preocupações no futuro. Por enquanto, ele quer é vencer corridas, o que é muito gostoso.
São 36 na carreira, dez neste ano e seis seguidas. Com mais uma, iguala os recordes de vitórias consecutivas de Schumacher e Ascari. Michael ganhou sete sem tirar em 2004. Ascari, entre 1952 e 1953. A marca do italiano poderia ser ainda mais ampla se as 500 Milhas de Indianápolis não fizessem parte do Mundial nos anos 50 — uma situação esquisita, a prova era parte do campeonato, mas apenas americanos corriam lá; eram raríssimas as participações de alguém da F-1. Ascari ganhou sete, pulou Indy e venceu mais duas. Na real, ganhou nove em sequência. Para as estatísticas, no entanto, o que vale são as sete. Sete de novo.
Quando terminou a prova hoje, Vettel foi para o meio da reta, deu zerinhos, saudou o público, jogou suas luvas para a torcida e fez o gesto mais significativo do dia: ajoelhou-se diante de seu carro e fez uma reverência respeitosa ao seu colega de quatro rodas.
Em tempos de culto ao hedonismo, em que ninguém divide méritos e vitórias com ninguém, Vettel repartiu sua conquista com um automóvel — e seu criador, claro, Adrian Newey.
Ele só é campeão porque tem carro, vão se apressar a dizer alguns hoje. O gesto de Vettel diante de seu RB9, nome feio e sem graça para um carro, assim como Red Bull é um nome feio e sem graça para uma equipe, encerra essa discussão. É claro que ele só é campeão porque tem carro. A F-1 é um campeonato de carros guiados por pilotos. Ninguém pode ser campeão sem carro numa competição de carros.
Mas é preciso alguém lá dentro para fazer de um carro um campeão. Vettel fez isso quatro vezes, como Fangio e Schumacher, dois semideuses — até hoje os únicos que tinham conquistado quatro taças seguidas. Por melhor que sejam um carro e uma equipe, poucos são capazes de transformar essa mistura em títulos sem deixar a peteca cair num meio tão tenso e competitivo como é a F-1.
Vettel consegue porque sabe competir e porque deixa a tensão para os outros. É um garoto que sorri quando ganha. Suas vitórias não são sofridas, dolorosas, ressentidas, não são odisseias épicas escritas com sangue, suor e lágrimas. São vitórias, apenas. Simples vitórias em corridas de carros. Esse menino encara seu ofício com simplicidade. Por isso que a conquista de hoje, um tetracampeonato mundial de F-1, um negócio difícil pra burro, parece ter sido tão fácil.
Quando se vive a vida com simplicidade, as coisas ficam mais simples, acho que é isso.
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