quarta-feira, 16 de outubro de 2013
A tática da Red Bull e a “revolta” de Massa no GP do Japão
* Por Julianne Cerasoli
Os dilemas estratégicos do GP do Japão só apareceram após a má largada da dupla da Red Bull: assim como qualquer outro mortal, eles não conseguiam uma vantagem de ritmo suficiente para pressionar Grosjean na pista andando no ar turbulento e tiveram de usar duas soluções diferentes para permitir que andassem com pista limpa para sacramentar a dobradinha. De um lado, mantiveram Vettel na pista por mais tempo nos dois primeiros stints, dando voltas fundamentais para sua vitória. Do outro, Webber foi tirado de trás de Grosjean em uma tática calculadamente suicida de três paradas.
A decisão, porém, levantou dúvidas sobre um favorecimento da equipe a Vettel, que acabou ficando com a estratégia mais rápida – mesmo estando atrás no momento em que isso foi decidido. Ao que tudo indica, de fato a Red Bull privilegiou Vettel conscientemente, justamente por entender que esta era a maneira mais garantida de vencer a prova.
Historicamente, Webber desgasta mais os pneus que Vettel, e isso foi fundamental para que a decisão fosse tomada, no meio do segundo stint. O ritmo da Lotus com os duros estava deixando a desejar, mas como os pneus de Webber estavam acabando mais cedo do que os de Grosjean, a Red Bull avaliou que ele não conseguiria permanecer perto o suficiente para fazer o undercut (parar antes, usar o ritmo do pneu novo e voltar à frente).
Havia duas chances para a Red Bull passar Grosjean: permitir que Webber usasse seus pneus ao máximo fazendo uma parada a mais e apostando na conservação de pneus de Vettel, algo que o alemão executou muito bem. A opção, portanto, teve a ver com as características de ambos.
Ao fazer essa escolha, a Red Bull sabia que Vettel estaria à frente quando Webber voltasse à pista pela última vez – e sua opção de dividir as estratégias muito provavelmente também visou evitar o embate direto. Isso é algo que eu sempre defendo por aqui, pois se os carros estiverem juntos na pista e fizerem a mesma coisa, um fatalmente compromete a estratégia do outro, como veremos adiante no caso da Ferrari.
A questão para Webber é que, além de ter ficado com a estratégia mais lenta, a decisão foi tomada tarde demais. Para bater um carro de sua própria equipe e outro com ritmo apenas fracionalmente inferior fazendo uma parada a mais, é preciso passar a corrida inteira fazendo voltas de classificação. Mas Webber estava poupando pneus e pensando em fazer duas paradas até a metade da prova. Some a isso o fato do australiano não ter definido logo de cara a ultrapassagem com Grosjean – e, depois de duas voltas atrás de outro carro, o desempenho dos pneus já não é o mesmo – e a tática saiu pior que a encomenda para o australiano. Mas, para a Red Bull, garantiu a dobradinha.
O “Dia do Fico” de Massa
Felipe Massa está lutando por sua permanência na Fórmula 1 e quer mostrar serviço, mas bem que poderia ter escolhido uma hora melhor para desobedecer uma ordem de equipe, pois acabou prejudicando sua própria corrida – e colocou em risco uma boa chance para o time pontuar bem, em sua luta pelo vice nos construtores.
Lembra quando eu escrevi acima que o pneu começa a perder rendimento depois de duas voltas no tráfego? Alonso passou as 11 primeiras voltas da prova com menos de 2s para Massa e, quando o brasileiro parou, foi 1s2 mais veloz que no giro anterior. Vendo isso, a Ferrari presumiu que o espanhol teria mais chances para lutar com Rosberg – alvo na briga direta entre os construtores – e pediu que Massa cedesse a posição.
A insubordinação acabou gerando ainda um efeito colateral: Hulkenberg se aproximou e pôde usar o undercut para voltar da primeira parada à frente dos dois ferraristas, apenas sendo superado por Alonso na parte final da prova. No final das contas, mesmo com o ‘atraso’, o espanhol chegou na posição máxima que o ritmo da Ferrari permitia, mas é provável que tivesse perdido pontos com Rosberg sem o drive through que jogou o alemão no fundo do pelotão.
Massa também saiu prejudicado ao perder tempo se defendendo de uma ultrapassagem que seria questão de tempo. Lógico que seu grande problema na prova foi o drive through, mas faltou um pouco de visão macro para observar que o pedido não favoreceria Alonso, que já não luta por mais nada, mas a equipe em si.
Os dilemas estratégicos do GP do Japão só apareceram após a má largada da dupla da Red Bull: assim como qualquer outro mortal, eles não conseguiam uma vantagem de ritmo suficiente para pressionar Grosjean na pista andando no ar turbulento e tiveram de usar duas soluções diferentes para permitir que andassem com pista limpa para sacramentar a dobradinha. De um lado, mantiveram Vettel na pista por mais tempo nos dois primeiros stints, dando voltas fundamentais para sua vitória. Do outro, Webber foi tirado de trás de Grosjean em uma tática calculadamente suicida de três paradas.
A decisão, porém, levantou dúvidas sobre um favorecimento da equipe a Vettel, que acabou ficando com a estratégia mais rápida – mesmo estando atrás no momento em que isso foi decidido. Ao que tudo indica, de fato a Red Bull privilegiou Vettel conscientemente, justamente por entender que esta era a maneira mais garantida de vencer a prova.
Historicamente, Webber desgasta mais os pneus que Vettel, e isso foi fundamental para que a decisão fosse tomada, no meio do segundo stint. O ritmo da Lotus com os duros estava deixando a desejar, mas como os pneus de Webber estavam acabando mais cedo do que os de Grosjean, a Red Bull avaliou que ele não conseguiria permanecer perto o suficiente para fazer o undercut (parar antes, usar o ritmo do pneu novo e voltar à frente).
Havia duas chances para a Red Bull passar Grosjean: permitir que Webber usasse seus pneus ao máximo fazendo uma parada a mais e apostando na conservação de pneus de Vettel, algo que o alemão executou muito bem. A opção, portanto, teve a ver com as características de ambos.
Ao fazer essa escolha, a Red Bull sabia que Vettel estaria à frente quando Webber voltasse à pista pela última vez – e sua opção de dividir as estratégias muito provavelmente também visou evitar o embate direto. Isso é algo que eu sempre defendo por aqui, pois se os carros estiverem juntos na pista e fizerem a mesma coisa, um fatalmente compromete a estratégia do outro, como veremos adiante no caso da Ferrari.
A questão para Webber é que, além de ter ficado com a estratégia mais lenta, a decisão foi tomada tarde demais. Para bater um carro de sua própria equipe e outro com ritmo apenas fracionalmente inferior fazendo uma parada a mais, é preciso passar a corrida inteira fazendo voltas de classificação. Mas Webber estava poupando pneus e pensando em fazer duas paradas até a metade da prova. Some a isso o fato do australiano não ter definido logo de cara a ultrapassagem com Grosjean – e, depois de duas voltas atrás de outro carro, o desempenho dos pneus já não é o mesmo – e a tática saiu pior que a encomenda para o australiano. Mas, para a Red Bull, garantiu a dobradinha.
O “Dia do Fico” de Massa
Felipe Massa está lutando por sua permanência na Fórmula 1 e quer mostrar serviço, mas bem que poderia ter escolhido uma hora melhor para desobedecer uma ordem de equipe, pois acabou prejudicando sua própria corrida – e colocou em risco uma boa chance para o time pontuar bem, em sua luta pelo vice nos construtores.
Lembra quando eu escrevi acima que o pneu começa a perder rendimento depois de duas voltas no tráfego? Alonso passou as 11 primeiras voltas da prova com menos de 2s para Massa e, quando o brasileiro parou, foi 1s2 mais veloz que no giro anterior. Vendo isso, a Ferrari presumiu que o espanhol teria mais chances para lutar com Rosberg – alvo na briga direta entre os construtores – e pediu que Massa cedesse a posição.
A insubordinação acabou gerando ainda um efeito colateral: Hulkenberg se aproximou e pôde usar o undercut para voltar da primeira parada à frente dos dois ferraristas, apenas sendo superado por Alonso na parte final da prova. No final das contas, mesmo com o ‘atraso’, o espanhol chegou na posição máxima que o ritmo da Ferrari permitia, mas é provável que tivesse perdido pontos com Rosberg sem o drive through que jogou o alemão no fundo do pelotão.
Massa também saiu prejudicado ao perder tempo se defendendo de uma ultrapassagem que seria questão de tempo. Lógico que seu grande problema na prova foi o drive through, mas faltou um pouco de visão macro para observar que o pedido não favoreceria Alonso, que já não luta por mais nada, mas a equipe em si.
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