segunda-feira, 4 de abril de 2011

ESTE SILÊNCIO, ATÉ QUANDO?

Assim como aquela fatídica tarde de dezembro de 2007, com a mesma categoria, na mesma pista, na mesma curva, na mesma volta. Novamente o silêncio pairou sobre Interlagos. A morte de Gustavo Sondermann reabre as mesmas cicatrizes de outrora e revela a indignação completa em relação ao automobilismo nacional.

Até quando teremos uma categoria que prioriza os toques e ninguém é punido? E mais, por que, no meio de tantas batidas, vários pilotos saem machucados e/ou mortos? Quem a fiscaliza? Quem autoriza estas "gaiolas" a correrem?

Mais do que isso, quem tem o poder de vetar e organizar qualquer campeonato em prol do espetáculo capitalista?

Estava vendo esta corrida pela TV, percebendo que Interlagos estava vazia, naquela tarde cinzenta e chuvosa. Quando aconteceu o acidente. Minha reação foi a mesma de 2007: mãos na cabeça e incredulidade. Estávamos vendo mais uma morte no automobilismo?

Infelizmente sim. Novamente o silêncio pairou sobre Interlagos.

Pior que isso é o silêncio de quem organiza, fiscaliza e chancela os campeonatos. Praticamente 24h após o acidente, nenhuma manifestação, nenhuma nota. Nada! Um silêncio irresponsável.

Irresponsável como toda a atual gestão da CBA, de Interlagos e da Vicar.

Sinceramente estou cansado disso tudo. Cansado de ver aquilo que mais gosto de acompanhar, acabar por conta de interesses somente financeiros e pessoais.

Até quando este silêncio de palavras e atitudes vai durar no automobilismo brasileiro? Quantos terão que morrer para que se façam algo decente? Até quando Interlagos conviverá com o fardo das mortes sem sofrer nenhuma retaliação?

Passou da hora de exigirmos mudanças, de tentarmos acabar com este silêncio. Aliás, já passou da hora.


* Esse texto reflete apenas a opnião de seu autor e não necessariamente de todos os colaboradores deste Blog.

4 comentários:

Sérgio disse...

Boa tarde pessoal do GGOO!

Eu não estava cobrindo a corrida in loco. Outro repórter da equipe estava em Interlagos enquanto eu estava em Ribeirão Preto acompanhando a corrida e cuidando do site.

Eu concordo com várias críticas, contra CBA, etc.
Mas, no que diz respeito ao acidente que matou o Gustavo Sondermann, acho que o problema foi a curva do Café sem área de escape, que devolve o carro para ser arrebentado na pista, e a hipótese do Hans do Sondermann estar solto. Há ainda aquela roda ao contrário, mas não sei o quanto isso pode ter sido determinante.
Por que digo isso?
Porque o carro do Sondermann não foi destruído. Apesar da gravidade do acidente, ele apenas fraturou um braço. Confiram as fotos do carro batido, e não encontrarão nada na estrutura tubular que indique que o corpo do piloto sofreu qualquer impacto dentro do carro.
Já a hipótese do Hans me parece muito plausível: fratura de crânio, de vértebra no pescoço e rompimento de artéria de irrigação cerebral.

No calor do momento é difícil avaliar onde colocar a culpa. Mas, friamente, acho que a estrutura do carro não teve nada a ver com esse acidente fatal. Em minha opinião - e sem ter visto ainda qualquer dado oficial conclusivo sobre a responsabilidade do acidente -, creio que a curva sem área de escape e que ainda devolve o carro para a pista foi o grande problema. Depois vem a hipótese do Hans e, talvez, o pneu errado.

Abraço a todos!
Sérgio

Marcos - Blog da GGOO disse...

Primeiramente, como já disse no post anterior, a opinião do autor deste texto reflete também a deste eventual colaborador.
"Segundamente", muito obrigado pela visita.
"Terceiramente", concordo em partes vc, Sérgio, que a curva tem o problema da falta de área de escape.
O tal "softwall" que instalaram ali (aplicação de espuma especial para amortecer os impactos), não resolve, pois continua devolvendo o carro para a pista.
Mas as entidades citadas não podem ficar totalmente isentas de suas parcelas de culpa.
A curva do café é reincidente, 3 mortes em 4 anos. Mas a culpa é da curva? Foi ela que falou pro engenheiro que a construiu "me faz nesse ângulo assim, com um muro aqui pertinho da pista, quero f*der uns manés"?
Não, a curva não pediu.
Assisti uma reportagem agora há pouco, em que os pilotos já haviam solicitado providências à CBA. E o que foi feito?
A opção mais viável, mediante muita conversa e opiniões na internet, é eliminar parte da arquibancada ali ao lado para poder afastar o muro e se criar a necessária e salvadora área de escape.
Esse assunto com certeza já deve ter sido discutido pelas entidades responsáveis, e dou o fiofó pra galinha bicar, se um dos primeiros pensamentos dos cartolas não foi "oh, mas sem essas arquibancadas, perderíamos tantos mil lugares na Fórmula 1, que representa tantos mil reais de arrecadação, seria muito prejuízo....não não não, deixa a arquibancada ali".
Sim, ali só enche na F-1, quem frequenta lá sabe. Pra que ela continua lá então?
Os torcedores que frequentam a F-1 no setor G, que fica na reta oposta, usam arquibancada tubular, só montada pra esse evento. Quando foi reclamado a construção de uma arquibancada de alvenaria, por questões de conforto e segurança dos torcedores, a prefeitura disse que o investimento não compensava, porque ali só tem público pra Fórmula 1.
Ora bolas, faça-se a mesma coisa com as arquibancadas da curva do café então, se só dá público na F-1, deixa sem nada o ano inteiro pras outras categorias, e põe tubular na F-1.
Nesta mesma reportagem que assisti, o próprio Cacá Bueno disse que pra F-1 a curva do café não tem problema nenhum, pois a aderência dos carros é muito maior, bem diferente dos carros de turismo.
Pronto, resolvido o problema. Área de escape o ano inteiro pras outras categorias, e arquibancada tubular na F-1 pra garantir o din din dos cartolas. Até porque, a FIA aprova aquele muro ali.
Finalizando, na minha humilde e singela opinião, a culpa é de muita gente, menos da curva.
E parafraseando novamente o FG, "enquanto isso, a CBA se preocupa em contar o vil metal".
Lamentável e revoltante.

Igor * @fizomeu disse...

* concordo com a opinião do autor do texto...

sérgio, respeito seu ponto de vista mas a stock pode ter tudo, menos segurança quando se trata da arma destruidora de vidas sobre rodas... com esse chassi tubular, "bateu morreu" (e ainda se dizem melhor que a nascar, que piada)

se o mesmo acidente fosse com um "carro de verdade", as consequências com certeza seriam outras, menores!!!

lembrando que essa é apenas a minha humilde (e indignada) opinião...

Tiago Wakabayashi disse...

como assim 3 mortes em 4 anos? quem morreu além de sondermann e sperafico?

e foi na mesma volta que os dois morreram, sério? isso tá mais destino do que eu pensava, ainda pelo fato que os dois eram companheiros na época