terça-feira, 18 de março de 2014
Quo Vadis F1?*
* Por Luis Fernando Ramos
Mesmo com um vento forte e eventuais garoas, mais de cem mil pessoas foram ao Albert Park no domingo. Na contramão do que acontece na maioria dos países, o interesse pela Fórmula 1 na Austrália cresceu muito nos últimos anos. Frutos, claro, das vitórias conseguidas por Mark Webber neste período.
E a apoteose deste crescimento se deu com a corrida de Daniel Ricciardo. Em sua estreia na Red Bull, o sorriso ambulante de Perth foi simplesmente perfeito, maximizando o crescimento do RB10 com ótimos resultados na classificação e na corrida. O primeiro pódio de um piloto australiano na corrida do país. Quando ele cruzou a linha de chegada, olhei pela janela da sala de imprensa e vi uma arquibancada explodindo em alegria. Fiquei arrepiado.
Um desses momentos bonitos que o esporte proporciona foi aniquilado horas depois pela frieza dos comissários de prova. O caso está bem documentado: os sensores acusavam um fluxo de combustível maior do que o permitido, a FIA avisou à Red Bull mas o time ignorou a advertência e manteve o mesmo fluxo. Regras são regras.
Mas fiquei impressionado com a confiança de membros da Red Bull e da Renault de que o apelo deles será vitorioso. Acreditam que será fácil provar a inconsistência do sensor utilizado pela FIA para medir este fluxo e a eficiência do seu próprio, mostrando que jamais ultrapassaram o limite.
Pelo que ouvi, os sensores da entidade chegavam a oscilar na casa de 2%, para mais ou para menos. Numa mera conta matemática, isto significa que um time que estava usando 100% do fluxo, mas o sensor de FIA acusava 98%, poderia aumentar seu fluxo para 102%. Um ganho de quinze cavalos. Provar isso no Tribunal de Apelo será a meta da equipe punida.
Andar no limite das regras e explorar qualquer brecha que se abra está na natureza das equipes da F-1 desde a sua origem. Mas o pior lado desse episódio do GP da Austrália está na criação de uma regra complexa, de difícil controle e, acima de tudo, inútil.
Controlar o fluxo de combustível foi a opção criada para impedir que os times tirassem mais potência do turbo durante a classificação. Uma bobagem. Bastava liberar uma quantidade extra de combustível para ser queimada apenas nessa sessão - no mesmo raciocínio do que fizeram com um jogo extra de pneus para o Q3.
Então, o fã da categoria, que já está com cabeça confusa com tantas regras novas, só precisaria saber que o piloto pode usar 100 quilos (ou 135 litros) ao longo da corrida. E ponto final.
Mas não. Na primeira corrida da nova era da F-1, os dirigentes conseguiram matar a melhor estória esportiva do dia por conta de uma regra complicada e que não sabem controlar. Não espanta ver um jornal australiano estampando a manchete “Grande Farsa” na sua capa. Não vai espantar se o público do Albert Park diminuir bastante no ano que vem.
Já faz tempo que é uma merda a maneira que a categoria é administrada.
Mesmo com um vento forte e eventuais garoas, mais de cem mil pessoas foram ao Albert Park no domingo. Na contramão do que acontece na maioria dos países, o interesse pela Fórmula 1 na Austrália cresceu muito nos últimos anos. Frutos, claro, das vitórias conseguidas por Mark Webber neste período.
E a apoteose deste crescimento se deu com a corrida de Daniel Ricciardo. Em sua estreia na Red Bull, o sorriso ambulante de Perth foi simplesmente perfeito, maximizando o crescimento do RB10 com ótimos resultados na classificação e na corrida. O primeiro pódio de um piloto australiano na corrida do país. Quando ele cruzou a linha de chegada, olhei pela janela da sala de imprensa e vi uma arquibancada explodindo em alegria. Fiquei arrepiado.
Um desses momentos bonitos que o esporte proporciona foi aniquilado horas depois pela frieza dos comissários de prova. O caso está bem documentado: os sensores acusavam um fluxo de combustível maior do que o permitido, a FIA avisou à Red Bull mas o time ignorou a advertência e manteve o mesmo fluxo. Regras são regras.
Mas fiquei impressionado com a confiança de membros da Red Bull e da Renault de que o apelo deles será vitorioso. Acreditam que será fácil provar a inconsistência do sensor utilizado pela FIA para medir este fluxo e a eficiência do seu próprio, mostrando que jamais ultrapassaram o limite.
Pelo que ouvi, os sensores da entidade chegavam a oscilar na casa de 2%, para mais ou para menos. Numa mera conta matemática, isto significa que um time que estava usando 100% do fluxo, mas o sensor de FIA acusava 98%, poderia aumentar seu fluxo para 102%. Um ganho de quinze cavalos. Provar isso no Tribunal de Apelo será a meta da equipe punida.
Andar no limite das regras e explorar qualquer brecha que se abra está na natureza das equipes da F-1 desde a sua origem. Mas o pior lado desse episódio do GP da Austrália está na criação de uma regra complexa, de difícil controle e, acima de tudo, inútil.
Controlar o fluxo de combustível foi a opção criada para impedir que os times tirassem mais potência do turbo durante a classificação. Uma bobagem. Bastava liberar uma quantidade extra de combustível para ser queimada apenas nessa sessão - no mesmo raciocínio do que fizeram com um jogo extra de pneus para o Q3.
Então, o fã da categoria, que já está com cabeça confusa com tantas regras novas, só precisaria saber que o piloto pode usar 100 quilos (ou 135 litros) ao longo da corrida. E ponto final.
Mas não. Na primeira corrida da nova era da F-1, os dirigentes conseguiram matar a melhor estória esportiva do dia por conta de uma regra complicada e que não sabem controlar. Não espanta ver um jornal australiano estampando a manchete “Grande Farsa” na sua capa. Não vai espantar se o público do Albert Park diminuir bastante no ano que vem.
Já faz tempo que é uma merda a maneira que a categoria é administrada.
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