terça-feira, 6 de agosto de 2013
Central de boatos*
* Por Fábio Seixas
Raikkonen interessa à Ferrari. Hamilton esteve em Maranello. Alonso e a escuderia estão em crise. Massa vai renovar? Quem será o companheiro de Vettel? Para onde vai Hulkenberg?
Imaginem o que será o noticiário da F-1 neste período de férias de verão…
Rumores sobre o mercado fazem parte da categoria tais quais pneus e motores. E muito mais dos que pneus e motores, explodem, viram fumaça, mostram-se pouco confiáveis.
É uma tradição, com razão econômica: parte da imprensa especializada vive desses boatos em períodos sem corrida. Histórias assim vendem revistas, geram cliques. E se é verdade que a imprensa europeia é bastante técnica ao falar de F-1, também é que se confunde com os tabloides, sem pudor de decretar como verdade os boatos mais absurdos.
Um causo pessoal exemplifica bem essa falta de rigor.
Aconteceu em 2001, na Malásia. No carro, no trajeto entre a capital, Kuala Lumpur, e o autódromo de Sepang, o amigo Flavio Gomes e eu conversávamos sobre a falta de notícias naquele final de semana.
O campeonato estava começando, Schumacher vinha ganhando tudo de novo, não havia muito assunto para escrever.
Começamos então a imaginar uma situação. Dias antes, o alemão havia elogiado a Sauber. Ele tinha uma velha ligação com a equipe, por onde correu no Mundial de Protótipos. Àquela época, já se especulava sobre sua aposentadoria. Ele morava na Suíça, dinheiro não era problema…
Chegamos ao autódromo e havia uma entrevista coletiva. Ao entrar na sala cheia de repórteres, Gomes bradou um “Schumacher vai comprar a Sauber”. Óbvia brincadeira.
A entrevista aconteceu, cada um foi caçar suas matérias pelo paddock, tudo correu normalmente. A Folha do dia seguinte trouxe uma reportagem sobre Frentzen acusando a Ferrari de usar controle de tração.
À noite, quando já nos preparávamos para ir embora do autódromo, fomos abordados por um jornalista italiano.
“Escuta, o que mais vocês sabem dessa história do Schumacher comprando a Sauber?”
“Nada”, respondemos. “Isso não existe.”
“Cazzo, já mandei uma página sobre isso para o jornal”, ele retrucou, menos abalado por ter escrito uma cascata do que por não ter mais subsídios para sustentá-la nos dias seguintes.
Não foi o único. Muitos outros, sem a menor preocupação em checar, mandaram bala na “história”.
Tão inacreditável quanto isso foi o que aconteceu no dia seguinte. Repórteres abordaram Willi Weber, empresário de Schumacher. Macaco velho nessa engrenagem de rumores, ele não titubeou: confirmou.
Virou “verdade”. E dane-se que não tenha ido pra frente. É tal a avalanche de boatos que as pessoas se esquecem daqueles de duas semanas atrás. Como surgem, somem. Do nada.
Lembrem-se disso nas próximas semanas.
Raikkonen interessa à Ferrari. Hamilton esteve em Maranello. Alonso e a escuderia estão em crise. Massa vai renovar? Quem será o companheiro de Vettel? Para onde vai Hulkenberg?
Imaginem o que será o noticiário da F-1 neste período de férias de verão…
Rumores sobre o mercado fazem parte da categoria tais quais pneus e motores. E muito mais dos que pneus e motores, explodem, viram fumaça, mostram-se pouco confiáveis.
É uma tradição, com razão econômica: parte da imprensa especializada vive desses boatos em períodos sem corrida. Histórias assim vendem revistas, geram cliques. E se é verdade que a imprensa europeia é bastante técnica ao falar de F-1, também é que se confunde com os tabloides, sem pudor de decretar como verdade os boatos mais absurdos.
Um causo pessoal exemplifica bem essa falta de rigor.
Aconteceu em 2001, na Malásia. No carro, no trajeto entre a capital, Kuala Lumpur, e o autódromo de Sepang, o amigo Flavio Gomes e eu conversávamos sobre a falta de notícias naquele final de semana.
O campeonato estava começando, Schumacher vinha ganhando tudo de novo, não havia muito assunto para escrever.
Começamos então a imaginar uma situação. Dias antes, o alemão havia elogiado a Sauber. Ele tinha uma velha ligação com a equipe, por onde correu no Mundial de Protótipos. Àquela época, já se especulava sobre sua aposentadoria. Ele morava na Suíça, dinheiro não era problema…
Chegamos ao autódromo e havia uma entrevista coletiva. Ao entrar na sala cheia de repórteres, Gomes bradou um “Schumacher vai comprar a Sauber”. Óbvia brincadeira.
A entrevista aconteceu, cada um foi caçar suas matérias pelo paddock, tudo correu normalmente. A Folha do dia seguinte trouxe uma reportagem sobre Frentzen acusando a Ferrari de usar controle de tração.
À noite, quando já nos preparávamos para ir embora do autódromo, fomos abordados por um jornalista italiano.
“Escuta, o que mais vocês sabem dessa história do Schumacher comprando a Sauber?”
“Nada”, respondemos. “Isso não existe.”
“Cazzo, já mandei uma página sobre isso para o jornal”, ele retrucou, menos abalado por ter escrito uma cascata do que por não ter mais subsídios para sustentá-la nos dias seguintes.
Não foi o único. Muitos outros, sem a menor preocupação em checar, mandaram bala na “história”.
Tão inacreditável quanto isso foi o que aconteceu no dia seguinte. Repórteres abordaram Willi Weber, empresário de Schumacher. Macaco velho nessa engrenagem de rumores, ele não titubeou: confirmou.
Virou “verdade”. E dane-se que não tenha ido pra frente. É tal a avalanche de boatos que as pessoas se esquecem daqueles de duas semanas atrás. Como surgem, somem. Do nada.
Lembrem-se disso nas próximas semanas.
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