segunda-feira, 23 de julho de 2012

TERRA DO GRUNDGESETZ*

* Por Victor Martins


O campeonato passa sete corridas tendo um vencedor diferente. Depois de dez no total, um já tem três. Alonso, Alonso. Competência à parte, uma vitória foi por magnânima sorte na Malásia com um carro inferior à beça e aquela chuva e aquele Pérez, e a segunda que também contou com tal fator em Valência ao ver Vettel e Grosjean abandonando. Hoje, não. Hoje, não? Hoje, sim: a Ferrari esteve melhor ou suficientemente bem para que seu astro fechasse a conta e passasse a régua.

Ameaça em si não teve. Nem Vettel nem Button sequer chegaram a emparelhar com Alonso na reta que leva ao grampo, usando KERS ou DRS, durante as 67 mornas-quase-quentes voltas. O espanhol tinha um carro muito bem acertado para o primeiro setor da pista – geralmente era 0s1 mais rápido que os demais, suficiente para livrar uma distância que não permitisse a aproximação. E na questão de microproblemas, os três ficaram no mesmo patamar: Alonso chegou a reclamar que seu KERS não funcionava direito, mesma queixa de Vettel, que cometeu errinhos. Button teve nos pneus seu grande fardo, contando que foi o primeiro a ir aos pits dentre eles em sua última parada. Mas a corrida do inglês na primeira parte foi decisiva – para seu bem e mal.

Button teve Hülkenberg no meio do caminho. Vinha com um ritmo até superior a Alonso e Vettel, mas empacou um tempo atrás do bom piloto da boa Force India, casca de ferida para se ultrapassar, sobretudo no grampo de Hockenheim. O tanto que perdeu, ainda que não tivesse sido muito, oito voltas, acabou contando.

Pelos lados da Red Bull, nem tentaram nada de extraordinário nas paradas. A última foi na mesma volta de Alonso, diferente da McLaren, que chamou Button antes e ali conseguiu uma maior aproximação – e até mesmo o segundo lugar momentâneo. Talvez estivessem preocupados em saber do paradeiro de Webber.

Dias atrás, falava que Webber e Button viviam fases alternantes em suas carreiras — o primeiro bem neste ano, o segundo mal. Pois hoje o negócio se inverteu de novo. Bu, cadê, Markola sumiu. Jenson voltou à cena, quase brigou pela vitória, arrastou-se para ser terceiro com pneus acabados, não curtiu a passada pela área de escape que tomou de Vettel, manteve a classe e tal. Button e Webber devem ter um pacto com a FOM: se um vai bem, o outro não pode ir. Webber foi um apático oitavo colocado, tomando várias das Sauber, da Force India, de Schumacher, da vida. Mal demais. É nessas que se perde um campeonato, fio. Já tá em 34 pontos a diferença. Alonso vai para as férias da F1 após o GP da Hungria tranquilaço na liderança.

A mesma coisa parecia acontecer na Sauber: era fato raro ver Kobayashi e Pérez tendo desempenhos positivos na mesma corrida. Daí os caras, que sempre se embananam na classificação, se superaram. Mito largou de pneus duros e andava mais lento que os demais no início, tanto que chegou a ser ultrapassado por Ligeirinho, que fez um primeiro trecho notável. Problema do mexicano foi trombar Hülkenberg. Aí deu uma empacada. Kamui foi o último a parar dentre os ponteiros – estava em quarto –, voltou no meio do bolo e começou a passar um por um, inclusive o companheiro. Aí eles foram indo, indo, indo, e terminaram próximos, quinto e sexto. O tempo todo os dois andaram no ritmo de Alonso e Vettel. O negócio é alinhar tudo e, sobretudo, ter uma classificação decente. Numa destas provas da segunda metade da temporada dá pra pensar em algo maior.

Brasilino Pacheco está com dor de cabeça nível enxaqueca + cefaleia. Na primeira volta, já deve ter jogado a TV LCD 32” comprada na promo da Copa do Mundo pela janela. Porque Massa foi lá dar na traseira de Ricciardo depois de 247 m, ficou sem asa, perdeu a vida toda, e Senna encontrou um Grosjean pela frente – ou seja, ia sair merda. Sobre o primeiro, barbeiragem, e aquela corrida que se esperava ver dele, de recuperação, já era. Essa coisa aí de que tá tudo tranquilo e encaminhado para a renovação, que não sei o quê, sei, não… é um desempenho deveras alternante. Tá 154 a 23 na classificação. Sobre o segundo: sempre acontece algo, não?

Imagino como Brasilino sofre.

Britto Pachec, o torcedor inglês, também não deve estar muito feliz com Hamilton. Teve azar, coitado, furou o pneu por conta dos detritos massísticos, fim. Ainda fez um brilhareco ao tentar descontar volta. Atrapalhou a vida de Vettel, mas nem ele conseguiu passar Alonso, esse danado. No fim, resolveu abandonar, sem muito o que fazer. E agora não tem o ombro e demais partes muito aproveitáveis de Nicole Scherzinger para se consolar. Ó, esse aí já dá pra tirar da briga pelo título, de fato.

Fim de semana que vem tem mais na quente e travada Hungaroring. Aliás, se o verão estiver pegando por aquelas bandas, quem brincar melhor de estratégia nos pits para trocar os pneus a cada 7,14 voltas ganha. E do jeito que está o negócio, A + B – C, vai ser Alonso.

Adendo 1: puniram Vettel pela passada em Button no fim da corrida usando a área de escape. Se há uma área, e Vettel estava nela porque não havia espaço na pista, portanto fazendo jus a sua existência e fez uma ultrapassagem sujando pneus, significa dizer que, mais uma vez, a FIA e seus comissários cagam a F1. É uma mania de punição catastrófica.

Um comentário:

Marcos - Blog da GGOO disse...

Já são 3 que não concordam, o nosso diretor, o Victor Martins e eu.
Placar até o momento: 1000 x 3.
Mas blz, vamos lá.