quarta-feira, 11 de julho de 2012
OS PNEUS QUE DERRUBAM MUITA GENTE*
* Por Victor Martins
Quem pega a tabela de classificação do ano passado e desta vai ver que, depois de nove provas, Webber tinha mais pontos em 2011 que agora — 124 a 116 —, o que passaria a impressão errônea de que o australiano estava melhor que nos dias atuais. A frieza dos números deixa de expressar que a temporada anterior foi totalmente dominada pela Red Bull — então Webber tinha a obrigação de, pelo menos, formar dobradinhas com Vettel — e a absurda competitividade desta — em que o australiano, ao lado de Alonso, é o único a ter duas vitórias na lomba.
Se o Webber de hoje fosse o de ontem, dificilmente passaria dos 70 pontos. Fecha.
Button também tinha mais pontos no ano passado, muito mais: 109 a 50. Em comum, venceu uma corrida — Canadá em 2011 e Austrália, agora. Mas a linha é totalmente diferente: ascendente e descendente, respectivamente. Ninguém espera que Button, hoje, termine entre os cinco primeiros numa corrida, que é algo inimaginável para o que fez no ano passado, quando foi atrapalhar o domínio da Red Bull por tantas vezes, e da forma que começou esta temporada. Jenson não é sombra de si.
Fosse Button o mesmo do ano passado, facilmente já estaria com mais de 110 pontos. Junta.
O Button de hoje é o Webber de ontem, e vice-versa. Button e Webber têm características semelhantes: não são exemplos de arrojo absurdo nem de aparições espetaculares. Aos seus modos, conduzem de forma eficiente. Button levou um título com a Brawn destruindo Barrichello na primeira parte de 2009; Webber, na real, perdeu o de 2010 que lhe parecia ganho também por culpa sua, quando se quebrou ao cair de bicicleta no caminho para a decisão.
Os currículos dos dois pilotos apresentam mais desempenhos aceitáveis que adversos. Webber tirou Pizzonia da Jaguar, foi melhor que Heidfeld na Williams, ajudou a Red Bull a trilhar o caminho das vitórias e só em 2011 teve uma performance absolutamente abaixo da crítica. Button quase saiu da F1 ao se lançar como playboyzinho assumido deste mundo e só depois que tomou tento na vida acordou. Passou pelas mãos de Flavio Briatore até cair na BAR do sério David Richards. Lá, com um carro ótimo, brigou pelas primeiras posições, diferente de Sato, e quando a equipe virou oficial da Honda, fez-se líder. Aí surgiu Brawn. Aí a McLaren cresceu os olhos nele. Em 2011, até porque Hamilton estava uma caca, deu um banho.
Webber e Button, em suma, são pilotos acima da média — e não vale aqui pegar uma régua ou uma trena para medir com exatidão o quanto. Mas as exceções de suas carreiras merecem uma análise, entender o porquê de Mark ter ido tão mal em 2011 e Jenson estar uma draga em 2012. E um ponto em comum então pisca ali, lindão: a Pirelli.
Os dois, como a velha safra da F1, haviam passado por Bridgestone e Michelin e sempre tiveram à disposição a excelência dos pneus. Ainda que as duas fornecedoras tenham filosofias diferentes de competição — os japoneses preferem o monópolio, os franceses gastam tubos para serem melhores contra alguém —, as borrachas fornecidas pelas duas eram de amplo conhecimento de pilotos e equipes, isto é, não havia surpresas — exceto Indianápolis 2005, que arruinou a vida da turma de Bibendum, sem referências a nenhum ser rotundo. Então, no ano passado, chegou a turma italiana para ajudar a chacoalhar a F1 com uma nova filosofia da F1: diferentes compostos, macios e duros e suas vertentes.
A Pirelli foi perfeita nisso, ainda que pneus que se desfizessem como Trident parecessem ser um antimarketing, e se esmerou ainda mais para esta temporada. Cada tipo de roda colorida tem seu segredinho para funcionar melhor, o que faz com que o trabalho piloto/equipe seja imprescindível para atingir a temperatura ideal de aquecimento e em que nível deve-se andar em treino e corrida para que o desgaste não seja acentuado.
Para este ano, a tocada de lorde de Button é absolutamente ineficiente, enquanto para o arrojo de Hamilton já é mais aprazível. Se Jenson freia antes para sair lançado nas curvas, perde tempo porque demora mais para deixar os pneus na temperatura ideal, diferente do companheiro. Com Webber, é bem provável que tenha acontecido algo semelhante no ano passado: seu estilo de guiar era totalmente incompatível com o que a Pirelli apresentava. Assim, Vettel deitou e rolou.
Com Massa, isso aconteceu abertamente. Só que por muitos anos o discurso de que a adaptação aos pneus foi seu grande problema, mesmo na época dos Bridgestone. Mas a evolução nas últimas corridas pode fazer com que esta desconfiança geral seja revista. Na corrida de ontem em Silverstone, nas CNTP, Felipe terminou menos de 10 segundos atrás de Alonso, o que pode ser considerado um feito e tanto para quem andava tomando até volta. Tomando por base os discursos de seus superiores, Massa é um piloto totalmente diferente daquele que começou 2012, quando ia de mal a pior. Um trabalho conjunto em Maranello foi realizado para que o conjunto evoluísse. O carro acabou tendo um passo à frente do que o piloto, mas as recentes aparições de Felipe, tirando seus azares, até que permitem consentir que há uma mudança.
Assim, se os pilotos estavam apenas habituados a pilotar carros e ir fazendo adaptações aqui e ali para que rapidamente se encontrassem, agora não sabem com exatidão o que encontrar pela frente porque têm de trabalhar seus estilos às borrachas fornecidas.
A Pirelli ajudou muito a F1, e os fãs devem se curvar a ela todo dia virando para a fábrica em Milão para agradecer. Já alguns pilotos não têm nem de longe esta devoção.
Quem pega a tabela de classificação do ano passado e desta vai ver que, depois de nove provas, Webber tinha mais pontos em 2011 que agora — 124 a 116 —, o que passaria a impressão errônea de que o australiano estava melhor que nos dias atuais. A frieza dos números deixa de expressar que a temporada anterior foi totalmente dominada pela Red Bull — então Webber tinha a obrigação de, pelo menos, formar dobradinhas com Vettel — e a absurda competitividade desta — em que o australiano, ao lado de Alonso, é o único a ter duas vitórias na lomba.
Se o Webber de hoje fosse o de ontem, dificilmente passaria dos 70 pontos. Fecha.
Button também tinha mais pontos no ano passado, muito mais: 109 a 50. Em comum, venceu uma corrida — Canadá em 2011 e Austrália, agora. Mas a linha é totalmente diferente: ascendente e descendente, respectivamente. Ninguém espera que Button, hoje, termine entre os cinco primeiros numa corrida, que é algo inimaginável para o que fez no ano passado, quando foi atrapalhar o domínio da Red Bull por tantas vezes, e da forma que começou esta temporada. Jenson não é sombra de si.
Fosse Button o mesmo do ano passado, facilmente já estaria com mais de 110 pontos. Junta.
O Button de hoje é o Webber de ontem, e vice-versa. Button e Webber têm características semelhantes: não são exemplos de arrojo absurdo nem de aparições espetaculares. Aos seus modos, conduzem de forma eficiente. Button levou um título com a Brawn destruindo Barrichello na primeira parte de 2009; Webber, na real, perdeu o de 2010 que lhe parecia ganho também por culpa sua, quando se quebrou ao cair de bicicleta no caminho para a decisão.
Os currículos dos dois pilotos apresentam mais desempenhos aceitáveis que adversos. Webber tirou Pizzonia da Jaguar, foi melhor que Heidfeld na Williams, ajudou a Red Bull a trilhar o caminho das vitórias e só em 2011 teve uma performance absolutamente abaixo da crítica. Button quase saiu da F1 ao se lançar como playboyzinho assumido deste mundo e só depois que tomou tento na vida acordou. Passou pelas mãos de Flavio Briatore até cair na BAR do sério David Richards. Lá, com um carro ótimo, brigou pelas primeiras posições, diferente de Sato, e quando a equipe virou oficial da Honda, fez-se líder. Aí surgiu Brawn. Aí a McLaren cresceu os olhos nele. Em 2011, até porque Hamilton estava uma caca, deu um banho.
Webber e Button, em suma, são pilotos acima da média — e não vale aqui pegar uma régua ou uma trena para medir com exatidão o quanto. Mas as exceções de suas carreiras merecem uma análise, entender o porquê de Mark ter ido tão mal em 2011 e Jenson estar uma draga em 2012. E um ponto em comum então pisca ali, lindão: a Pirelli.
Os dois, como a velha safra da F1, haviam passado por Bridgestone e Michelin e sempre tiveram à disposição a excelência dos pneus. Ainda que as duas fornecedoras tenham filosofias diferentes de competição — os japoneses preferem o monópolio, os franceses gastam tubos para serem melhores contra alguém —, as borrachas fornecidas pelas duas eram de amplo conhecimento de pilotos e equipes, isto é, não havia surpresas — exceto Indianápolis 2005, que arruinou a vida da turma de Bibendum, sem referências a nenhum ser rotundo. Então, no ano passado, chegou a turma italiana para ajudar a chacoalhar a F1 com uma nova filosofia da F1: diferentes compostos, macios e duros e suas vertentes.
A Pirelli foi perfeita nisso, ainda que pneus que se desfizessem como Trident parecessem ser um antimarketing, e se esmerou ainda mais para esta temporada. Cada tipo de roda colorida tem seu segredinho para funcionar melhor, o que faz com que o trabalho piloto/equipe seja imprescindível para atingir a temperatura ideal de aquecimento e em que nível deve-se andar em treino e corrida para que o desgaste não seja acentuado.
Para este ano, a tocada de lorde de Button é absolutamente ineficiente, enquanto para o arrojo de Hamilton já é mais aprazível. Se Jenson freia antes para sair lançado nas curvas, perde tempo porque demora mais para deixar os pneus na temperatura ideal, diferente do companheiro. Com Webber, é bem provável que tenha acontecido algo semelhante no ano passado: seu estilo de guiar era totalmente incompatível com o que a Pirelli apresentava. Assim, Vettel deitou e rolou.
Com Massa, isso aconteceu abertamente. Só que por muitos anos o discurso de que a adaptação aos pneus foi seu grande problema, mesmo na época dos Bridgestone. Mas a evolução nas últimas corridas pode fazer com que esta desconfiança geral seja revista. Na corrida de ontem em Silverstone, nas CNTP, Felipe terminou menos de 10 segundos atrás de Alonso, o que pode ser considerado um feito e tanto para quem andava tomando até volta. Tomando por base os discursos de seus superiores, Massa é um piloto totalmente diferente daquele que começou 2012, quando ia de mal a pior. Um trabalho conjunto em Maranello foi realizado para que o conjunto evoluísse. O carro acabou tendo um passo à frente do que o piloto, mas as recentes aparições de Felipe, tirando seus azares, até que permitem consentir que há uma mudança.
Assim, se os pilotos estavam apenas habituados a pilotar carros e ir fazendo adaptações aqui e ali para que rapidamente se encontrassem, agora não sabem com exatidão o que encontrar pela frente porque têm de trabalhar seus estilos às borrachas fornecidas.
A Pirelli ajudou muito a F1, e os fãs devem se curvar a ela todo dia virando para a fábrica em Milão para agradecer. Já alguns pilotos não têm nem de longe esta devoção.
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