sexta-feira, 13 de abril de 2012
Um homem de opinião*
* Por Luis Fernando Ramos
Era óbvio que isso aconteceria, mas não deixou de ser uma cena constrangedora. A pergunta do repórter da ESPN Star Sports asiática, Steve Dawson, foi contundente como o assunto exige.
- Algum de vocês reconhece a existência de uma dificuldade moral em ir ao Bahrein na próxima semana?
Fernando Alonso, Paul Di Resta, Narain Karthikeyan, Sergio Perez, Vitaly Petrov e Bruno Senna - os seis convocados para a coletiva oficial da FIA desta quinta-feira - fingiram que não eram com eles, ficando em silêncio.
Talvez até quisessem falar algo. Quando conversei com o brasileiro depois, no cercadinho de Rádio e TV, ele deixou claro não estar muito animado com a perspectiva de ir ao Bahrein. “Minha preocupação é com a segurança de todos aqui. E acho que a decisão deve ser tomada com isso em mente. Se tomarem uma decisão pensando em outras prioridades, não será a decisão certa”. Perfeito. Mas possivelmente foram orientados por suas equipes e evitarem o tema sob os holofotes de uma coletiva oficial.
Pelo paddock, as esquivas continuaram. Não era por menos que o hospitality da Red Bull lotou na hora da entrevista de Mark Webber. Todos sabiam que ele diria o que pensa. Ele também, tanto que pegou o microfone e soltou um “Bahrein?” antes mesmo que a primeira pergunta fosse feita.
- Somos humanos, temos nossa moral e nossa visão das coisas, independente de sermos esportistas. Somos exatamente como vocês. Gostaríamos que todas as pessoas vivessem de forma justa e correta e por isso escolhemos viver em determinados países. Mas, como pilotos de corridas, somos contratados por uma equipe que, por sua vez, tem um contrato com a FIA para disputar o Mundial da Fórmula 1. Nós vamos aos lugares onde há corridas para disputá-las.
Falando pausadamente, pensando com calma a cada resposta, o australiano deixou claro que ainda há tempo para cancelar o evento. Não disse textualmente, mas deixou bem claro nas entrelinhas que torce por isso.
- É uma decisão mais difícil agora, que só falta uma semana. Mas ainda dá para se tomar esta decisão. No final das contas, é só uma corrida de carros. Muita gente no mundo nem sabe que tem prova programada para a semana que vem no Bahrein, então não é a coisa mais importante que existe e se pode cancelar num estalar de dedos.
Um jornalista sublinhou que a prova barenita é envolta em muitos interesses financeiros e se ele temia que a decisão, qualquer que seja, fosse tomada “não pelos motivos corretos”.
- É uma pergunta muito boa, cara. Todos sabemos que complicado que as coisas estão e é assim. Há muito dinheiro na F-1 que vem de Bahrein, Abu Dhabi e do Oriente Médio. Eles gostam da categoria e querem tentar mais uma vez. Vamos ver se funciona.
Sobre o fato do slogan de “unificação” utilizado pelos organizadores para a promover a prova, o australiano deu mais uma lição de sobriedade.
- Eles sabem qual é a situação por lá melhor que a gente e vêem que a corrida pode ser uma maneira de encontrar um caminho em cima de um grande evento esportivo para unir as pessoas. Seria legal se isso realmente acontecesse. Mas eu nunca vi as arquibancadas cheias lá antes e não sei se a veremos cheia na próxima semana.
Deixei a coletiva quase agradecendo ao australiano por dizer o que pensa. Mas achei melhor não. Apesar de ele ser uma das poucas exceções lá dentro, ele deveria ser a regra. É uma pena que os outros pilotos - por vontade própria, por orientação de seus times ou simplesmente por desinteresse - não têm o mesmo discernimento de Webber. Uma característica que faz uma falta tremenda na F-1 moderna.
Era óbvio que isso aconteceria, mas não deixou de ser uma cena constrangedora. A pergunta do repórter da ESPN Star Sports asiática, Steve Dawson, foi contundente como o assunto exige.
- Algum de vocês reconhece a existência de uma dificuldade moral em ir ao Bahrein na próxima semana?
Fernando Alonso, Paul Di Resta, Narain Karthikeyan, Sergio Perez, Vitaly Petrov e Bruno Senna - os seis convocados para a coletiva oficial da FIA desta quinta-feira - fingiram que não eram com eles, ficando em silêncio.
Talvez até quisessem falar algo. Quando conversei com o brasileiro depois, no cercadinho de Rádio e TV, ele deixou claro não estar muito animado com a perspectiva de ir ao Bahrein. “Minha preocupação é com a segurança de todos aqui. E acho que a decisão deve ser tomada com isso em mente. Se tomarem uma decisão pensando em outras prioridades, não será a decisão certa”. Perfeito. Mas possivelmente foram orientados por suas equipes e evitarem o tema sob os holofotes de uma coletiva oficial.
Pelo paddock, as esquivas continuaram. Não era por menos que o hospitality da Red Bull lotou na hora da entrevista de Mark Webber. Todos sabiam que ele diria o que pensa. Ele também, tanto que pegou o microfone e soltou um “Bahrein?” antes mesmo que a primeira pergunta fosse feita.
- Somos humanos, temos nossa moral e nossa visão das coisas, independente de sermos esportistas. Somos exatamente como vocês. Gostaríamos que todas as pessoas vivessem de forma justa e correta e por isso escolhemos viver em determinados países. Mas, como pilotos de corridas, somos contratados por uma equipe que, por sua vez, tem um contrato com a FIA para disputar o Mundial da Fórmula 1. Nós vamos aos lugares onde há corridas para disputá-las.
Falando pausadamente, pensando com calma a cada resposta, o australiano deixou claro que ainda há tempo para cancelar o evento. Não disse textualmente, mas deixou bem claro nas entrelinhas que torce por isso.
- É uma decisão mais difícil agora, que só falta uma semana. Mas ainda dá para se tomar esta decisão. No final das contas, é só uma corrida de carros. Muita gente no mundo nem sabe que tem prova programada para a semana que vem no Bahrein, então não é a coisa mais importante que existe e se pode cancelar num estalar de dedos.
Um jornalista sublinhou que a prova barenita é envolta em muitos interesses financeiros e se ele temia que a decisão, qualquer que seja, fosse tomada “não pelos motivos corretos”.
- É uma pergunta muito boa, cara. Todos sabemos que complicado que as coisas estão e é assim. Há muito dinheiro na F-1 que vem de Bahrein, Abu Dhabi e do Oriente Médio. Eles gostam da categoria e querem tentar mais uma vez. Vamos ver se funciona.
Sobre o fato do slogan de “unificação” utilizado pelos organizadores para a promover a prova, o australiano deu mais uma lição de sobriedade.
- Eles sabem qual é a situação por lá melhor que a gente e vêem que a corrida pode ser uma maneira de encontrar um caminho em cima de um grande evento esportivo para unir as pessoas. Seria legal se isso realmente acontecesse. Mas eu nunca vi as arquibancadas cheias lá antes e não sei se a veremos cheia na próxima semana.
Deixei a coletiva quase agradecendo ao australiano por dizer o que pensa. Mas achei melhor não. Apesar de ele ser uma das poucas exceções lá dentro, ele deveria ser a regra. É uma pena que os outros pilotos - por vontade própria, por orientação de seus times ou simplesmente por desinteresse - não têm o mesmo discernimento de Webber. Uma característica que faz uma falta tremenda na F-1 moderna.
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2 comentários:
... e eu, repórter mais chato da blosfera, o M.C., pergunta para o bloguista: Por que essa "coisa" toda pelo Bahrein, hein ? Já não teve corrida lá ano passado. Se correrão, beleza. Se não, tudo bem ! Danem-se ! És empresário com interesses lá ? És xiita iraniano ? Se for polititicamente correto, pelos frascos e comprimidos( 39000 dólares de renda per capita, LÁ... aqui, 11000 dólares...), és então um " pelo povo, para o povo, com o povo mas bem longe do povo"? Neste caso põe longe nisso. O povo bareinita tá looooonge... Vamos falar daqui. O crack, em Sampa, diminuiu ? E o Debóchenes ? E a Édali Salvou-se ? CorruPTos, pelo menos 90% deles, na cadeia ?Hospitais públicos, numa boa ? Entro com o dedão do pé esquerdo inchado, saio sem a perna direita ? Ou, pior, num caixão ? Transporte público maravilha ? E tem mais... Bahrein... Tinham é que tomar vergonha na cara e não ter Interlagos...
Sempre gostei do Webber exatamente por isso, não fica de muita enrolação não. Se der na telha dele, ele fala mesmo. Infelizmente parece ser o "último dos moicanos" nesse sentido, nessa F-1 engessada de hoje, que vc tem contrato até pra poder ou não falar certas coisas. Viraram marionetes nas entrevistas.
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