sexta-feira, 20 de abril de 2012
Aviso aos novos talentos do automobilismo do Brasil: “É proibido sonhar com a Fórmula 1″*
* Por Américo Teixeira Jr.
Houve um tempo, pelo menos aqui no Brasil, que sonhar com a Fórmula 1 era palpável. Sem dúvida, um sonho sonhado por muitos e tornado realidade por poucos, mas que de toda forma não era algo de “outro planeta”, irreal, fora de propósito. Nunca foi fácil, mas pelo menos havia um caminho a seguir, uma estrutura que preparasse os futuros ídolos.
Hoje, porém, esse modelo não existe mais. O kart conduzia para as categorias de monopostos do regional paulista, Cansei de ver kartista “pegando a mão” de Interlagos nos carros da escolinha de Aldo Piedade para, ato contínuo, ingressar na fórmulas Ford, Chevrolet ou Renault, dependendo da época de cada um. Seguia-se, depois, para a Fórmula 3 Sul-americana, que foi uma formadora tão formidável de talentos que hoje somente vive desse passado, diante de um presente sombrio. Com toda essa bagagem, o jovem piloto ia para a Europa e, não raras vezes, estourava. Apenas de cabeça, sem consultar manual algum, cito Rubens Barrichello, Tony Kanaan, Cristiano da Matta, Gil de Ferran, Enrique Bernoldi, Ricardo Zonta, André Ribeiro, Christian Fittipaldi, Bruno Junqueira, Helio Alves de Castro Neves (ainda não era Castroneves), Antonio Pizzonia, Nelsinho Piquet, Gualter Salles e tantos outros que chegaram na Europa e deixaram suas marcas. Alguns ficaram, outros foram para os Estados Unidos, outros abandonaram o sonho. Independentemente disso, esse grupo chegou entendendo de carro de corrida. Tendo passado por várias categorias e acumulado experiência durante anos, pode ter chegado no Velho Mundo sem saber o que significava steering wheel e overtake, posto a falta de domínio do idioma, mas bastava entrar no carro para o pessoal das equipes européias entender que não estava lidando com qualquer um. O automobilismo mudou. O Olimpo, que sempre foi representado pela Fórmula 1 está cada dia mais distante pelos custos da categoria, que insiste, em pleno Século XXI, a tocar a sua vida como se o mundo se restringisse a seu paddock, alheia ao emporcalhamento mundial que impera em todos os cantos, inclusive no seu próprio “quintal”, a Europa.
Mas nós, aqui no Brasil, também fizemos a nossa parte e ajudamos a tornar mais distante ainda o sonho da Fórmula 1. O kartismo perdeu a sua capacidade formadora por causa dos custos. Esforços isolados não foram o bastante para reviver os tempos em que uma etapa do Campeonato Paulista reunia mais gente e era mais plural, no que tange a estados representados, do que o próprio Brasileiro. O moleque que sai do kart não tem hoje para onde ir porque não fomos capazes de manter vivas as categorias escolas. Já tivemos tantas e tantos esforços foram feitos, mas em definitivo permitimos que elas morressem, sendo a Fórmula Futuro, oficialmente extinta hoje, apenas mais um capítulo nessa história da incapacidade brasileira na formação de talentos. Sobrou a Fórmula 3 Sul-americana cujo presente …. ora, o presente. Então, o único caminho é pular todas as etapas e, do kart, passar direto para o automobilismo europeu para, com bons sacos de Euros, pagar para ter um aprendizado que sua terra natal não foi capaz de lhe proporcionar. Obviamente que essa capacidade financeira não é prerrogativa de muitos, escasseando o número de representantes brasileiros no automobilismo internacional, minguado ano a ano.
Enquanto isso, nossas categorias de Turismo se ampliam num modelo padronizado, com altos e baixos, sempre à mercê dos ânimos financeiros dos inúmeros participantes que estão no esporte apenas como hobby. Por tudo isso, seria bom olhar Felipe Massa e Bruno Senna com olhos menos críticos. Poderão ser eles, salvo alguma metamorfose, nossos últimos representantes na Fórmula 1, a mesma que um dia teve o Brasil brilhando e que hoje, diante do cenário da incapacidade brasileira de promover um automobilismo profissional e sustentável, poderá ser coisa do passado em breve. Claro que Felipe Nasr está galgando esse caminho, e tomara que consiga, mas é muito pouco para o que o Brasil já representou.
Acho que a imprensa tem parcela de culpa, pois o espaço é muito pequeno para o automobilismo local, em muitos casos, quando comparado à Fórmula 1. Pais de pilotos que pagam “rios de dinheiro” no kartismo também fazem parte da lista, pois esquecem que o kartismo não é um fim, mas apenas um meio. Dirigente preocupados com taxas de inscrição e não com o fomento do esporte, ganham também uma cadeira cativa nesse rol. O empresário que não investe na base, mas só nas categorias que estão na Globo, também tornaram mais difícil a caminhada. Mas, sobretudo, “louva-se” a Confederação Brasileira de Automobilismo, cuja miopia é a principal responsável pela fixação dessa norma: É PROIBIDO SONHAR COM A FÓRMULA 1. É mais simples do que andar para a frente. Em se tratando de Fórmula 1, “colhemos” o que “plantamos”. Como não “plantamos”, não temos o que “colher”. Ponto final.
Houve um tempo, pelo menos aqui no Brasil, que sonhar com a Fórmula 1 era palpável. Sem dúvida, um sonho sonhado por muitos e tornado realidade por poucos, mas que de toda forma não era algo de “outro planeta”, irreal, fora de propósito. Nunca foi fácil, mas pelo menos havia um caminho a seguir, uma estrutura que preparasse os futuros ídolos.
Hoje, porém, esse modelo não existe mais. O kart conduzia para as categorias de monopostos do regional paulista, Cansei de ver kartista “pegando a mão” de Interlagos nos carros da escolinha de Aldo Piedade para, ato contínuo, ingressar na fórmulas Ford, Chevrolet ou Renault, dependendo da época de cada um. Seguia-se, depois, para a Fórmula 3 Sul-americana, que foi uma formadora tão formidável de talentos que hoje somente vive desse passado, diante de um presente sombrio. Com toda essa bagagem, o jovem piloto ia para a Europa e, não raras vezes, estourava. Apenas de cabeça, sem consultar manual algum, cito Rubens Barrichello, Tony Kanaan, Cristiano da Matta, Gil de Ferran, Enrique Bernoldi, Ricardo Zonta, André Ribeiro, Christian Fittipaldi, Bruno Junqueira, Helio Alves de Castro Neves (ainda não era Castroneves), Antonio Pizzonia, Nelsinho Piquet, Gualter Salles e tantos outros que chegaram na Europa e deixaram suas marcas. Alguns ficaram, outros foram para os Estados Unidos, outros abandonaram o sonho. Independentemente disso, esse grupo chegou entendendo de carro de corrida. Tendo passado por várias categorias e acumulado experiência durante anos, pode ter chegado no Velho Mundo sem saber o que significava steering wheel e overtake, posto a falta de domínio do idioma, mas bastava entrar no carro para o pessoal das equipes européias entender que não estava lidando com qualquer um. O automobilismo mudou. O Olimpo, que sempre foi representado pela Fórmula 1 está cada dia mais distante pelos custos da categoria, que insiste, em pleno Século XXI, a tocar a sua vida como se o mundo se restringisse a seu paddock, alheia ao emporcalhamento mundial que impera em todos os cantos, inclusive no seu próprio “quintal”, a Europa.
Mas nós, aqui no Brasil, também fizemos a nossa parte e ajudamos a tornar mais distante ainda o sonho da Fórmula 1. O kartismo perdeu a sua capacidade formadora por causa dos custos. Esforços isolados não foram o bastante para reviver os tempos em que uma etapa do Campeonato Paulista reunia mais gente e era mais plural, no que tange a estados representados, do que o próprio Brasileiro. O moleque que sai do kart não tem hoje para onde ir porque não fomos capazes de manter vivas as categorias escolas. Já tivemos tantas e tantos esforços foram feitos, mas em definitivo permitimos que elas morressem, sendo a Fórmula Futuro, oficialmente extinta hoje, apenas mais um capítulo nessa história da incapacidade brasileira na formação de talentos. Sobrou a Fórmula 3 Sul-americana cujo presente …. ora, o presente. Então, o único caminho é pular todas as etapas e, do kart, passar direto para o automobilismo europeu para, com bons sacos de Euros, pagar para ter um aprendizado que sua terra natal não foi capaz de lhe proporcionar. Obviamente que essa capacidade financeira não é prerrogativa de muitos, escasseando o número de representantes brasileiros no automobilismo internacional, minguado ano a ano.
Enquanto isso, nossas categorias de Turismo se ampliam num modelo padronizado, com altos e baixos, sempre à mercê dos ânimos financeiros dos inúmeros participantes que estão no esporte apenas como hobby. Por tudo isso, seria bom olhar Felipe Massa e Bruno Senna com olhos menos críticos. Poderão ser eles, salvo alguma metamorfose, nossos últimos representantes na Fórmula 1, a mesma que um dia teve o Brasil brilhando e que hoje, diante do cenário da incapacidade brasileira de promover um automobilismo profissional e sustentável, poderá ser coisa do passado em breve. Claro que Felipe Nasr está galgando esse caminho, e tomara que consiga, mas é muito pouco para o que o Brasil já representou.
Acho que a imprensa tem parcela de culpa, pois o espaço é muito pequeno para o automobilismo local, em muitos casos, quando comparado à Fórmula 1. Pais de pilotos que pagam “rios de dinheiro” no kartismo também fazem parte da lista, pois esquecem que o kartismo não é um fim, mas apenas um meio. Dirigente preocupados com taxas de inscrição e não com o fomento do esporte, ganham também uma cadeira cativa nesse rol. O empresário que não investe na base, mas só nas categorias que estão na Globo, também tornaram mais difícil a caminhada. Mas, sobretudo, “louva-se” a Confederação Brasileira de Automobilismo, cuja miopia é a principal responsável pela fixação dessa norma: É PROIBIDO SONHAR COM A FÓRMULA 1. É mais simples do que andar para a frente. Em se tratando de Fórmula 1, “colhemos” o que “plantamos”. Como não “plantamos”, não temos o que “colher”. Ponto final.
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