* Por Bruno Vicária - http://www.totalrace.com.br/blog/brunovicaria/2011/08/19/interesses-artificiais/
Todos reclamam. Luiz Razia, Felipe Nasr, Bruno Senna, Lucas di Grassi, Adriano Buzaid, vários nomes que estão à caminho da F-1 (e até veteranos, como Rubens Barrichello e Felipe Massa) falam para quem quiser ouvir: falta apoio aos competidores brasileiros.
Desta vez, Cesar Ramos sentiu na pele como é ficar quase a pé. Aos 45 do segundo, um de seus patrocinadores (que é italiano, não brasileiro) conseguiu pagar a parcela atrasada da cota comprada e o piloto gaúcho poderá correr a etapa de Silverstone, neste fim de semana.
Contudo, sua presença nas duas etapas seguintes ainda não está certa. Assim como os outros não sabem de 2012. Em um momento tão frutífero para a economia brasileira, as empresas daqui teriam uma obrigação moral de ajudar. E não só no automobilismo, mas em outros esportes que não sejam futebol _este, o mais simples e mais rentável.
Muitos falam que, se Massa tivesse conquistado o título de 2008 a história atual seria diferente. Concordo. Foi o que aconteceu com Gustavo Kuerten, ou o que acontece agora após o sucesso de Cesar Cielo. Agora, há uma enxurrada de novas promessas.
Imaginem, com Massa campeão, o que teria acontecido com campeonatos como F-Futuro e F-3. Ou a quantidade de pilotos que estaria no exterior competindo com exposição considerável. Mas aqui, no Brasil, piloto só tem destaque se for campeão. Vice é lixo, infelizmente.
E, se não tem apoio dentro da própria casa, como terá fora?
É para se pensar.
Não que podemos ter um intervalo entre um piloto ou outro na Fórmula 1, mas, se um piloto surgir, ganhar tudo sem apoio do país e não levantar a bandeira no alto do pódio, eu vou achar bem-feito e justo. E os ignorantes vão dizer que ele devia ser patriota. Mas quem o ajudou no caminho todo?
As pessoas aqui gostam de ver o produto na vitrine, mas não o processo inteiro.
Para mim, brasileiro não gosta de automobilismo.
Se gostasse, incentivaria. Iria na arquibancada a troco de nada, gastaria R$ 25 reais ao invés de ficar chorando credencial (até de serviço) para desfilar no paddock se achando o tal, aproveitando o boca livre e puxando o saco das pessoas.
Mas não.
Gastar mais de R$ 2 mil para ficar o dia inteiro mofando no sol ou chuva para ver 2h de carrinho andando na F-1 as pessoas pagam e acham bonito, mas R$ 25 para fazer o mesmo numa Stock Car e em um GT Brasil é um absurdo, é o que sempre ouço por aí.
Como eu disse, o interesse genuíno do público atrai empresas, alimenta pilotos e equipes e melhora o espetáculo. Se esse interesse fosse real, as pessoas saberiam nome dos pilotos, a classificação do campeonato, acompanharia pela televisão, internet, revista, rádio, e isso movimentaria o mercado, pois a mídia também teria anunciantes e melhoraria ainda mais a qualidade da informação, que hoje em dia é dada com muito suor e esforço, com o apoio de poucos abnegados.
O que vemos hoje em dia é interesses artificiais. E piloto dependendo de patrocínio europeu pra tentar um lugar ao sol.
O público brasileiro não faz a sua parte, acha que reclamar e cobrar é o suficiente.
E, para mim, não gosta de automobilismo. Adoraria que calassem a minha boca e provassem o contrário.
E, antes que você, leitor que discordou, pense em reclamar, olhe pra casa do vizinho. Dê uma visitinha na Argentina.
Depois a gente conversa.