segunda-feira, 12 de novembro de 2012
A conquista do respeito*
* Por Fábio Seixas
Existem curtições especiais entre os prazeres de assistir a uma prova de carros, motos, cavalos, gente, qualquer coisa que se mova…
Uma delas é a chamada “corrida de recuperação”.
Tem a ver com a tentação de torcer pelo mais fraco _ou por aquele que, por alguma condição especial, é momentaneamente o mais fraco. Tem a ver, ainda, com testar limites, com curtir o sofrimento alheio.
E até com aquela curiosidade sacana de “vamos ver se ele é bom mesmo”.
Se o sujeito fica pelo caminho, normal. Recebe uma ou outra crítica pontual, e logo aquilo cai no esquecimento.
Mas quando a reação acontece… Não há como não se empolgar, não vibrar, não aplaudir, não comentar no trabalho no dia seguinte, não lembrar por anos e anos.
Cada um tem sua lista, seus critérios e preferências. Este colunista não é diferente.
A preferida, por ter significado um título mundial, é a reação de Senna em Suzuka-88. Pole, viu o motor apagar no grid, aproveitou-se de estar num declive, fê-lo pegar no tranco, mas caiu para 14º. Levou só 28 voltas para chegar à liderança, ultrapassando Prost, com um carro igual. Venceu. Foi campeão.
Outro brasileiro tem lugar na galeria: Barrichello, em Hockenheim-2000. Saiu em 18º, desesperançoso, prevendo um GP difícil. Mas foi brilhante quando começou a chover, segurando-se na pista com pneus para piso seco. Venceu. Resultado que foi festejado não apenas pela façanha, mas por todo o alívio que, naquele momento, representava para o ferrarista.
Raikkonen fez parecido em Suzuka, cinco anos depois. Saindo em 17º com a McLaren, punido por uma troca de motor, ultrapassou cinco pilotos só na primeira volta. Continuou passando seus adversários como se fosse o último GP de sua vida e, na última volta, chegou em Fisichella. Passou. Venceu.
A história conta ainda que, em 1983, Watson venceu o GP dos EUA após começar em 22º. Num circuito de rua, Long Beach. É o recorde da F-1.
Isso tudo só valoriza o que Vettel fez em Abu Dhabi
Saindo dos boxes, em 24º lugar _ou 23º, porque De la Rosa teve problemas_, terminou a primeira volta em 20º. Chegou a 11º na 13ª volta, mas teve de entrar nos boxes para trocar pneus e bico. Caiu para o fundão de novo.
Dez voltas depois, já estava nos pontos. Na 29ª, era quarto. E, na 52ª, a três da bandeirada, passou Button e cavou um lugar no pódio.
Não, não venceu. Mas o efeito do que fez estava no rosto de Alonso. Ali, Vettel derrubou a adversário, selou o destino do Mundial. E conquistou algo além, inestimável: respeito de quem ainda desconfiava de seu talento.
Existem curtições especiais entre os prazeres de assistir a uma prova de carros, motos, cavalos, gente, qualquer coisa que se mova…
Uma delas é a chamada “corrida de recuperação”.
Tem a ver com a tentação de torcer pelo mais fraco _ou por aquele que, por alguma condição especial, é momentaneamente o mais fraco. Tem a ver, ainda, com testar limites, com curtir o sofrimento alheio.
E até com aquela curiosidade sacana de “vamos ver se ele é bom mesmo”.
Se o sujeito fica pelo caminho, normal. Recebe uma ou outra crítica pontual, e logo aquilo cai no esquecimento.
Mas quando a reação acontece… Não há como não se empolgar, não vibrar, não aplaudir, não comentar no trabalho no dia seguinte, não lembrar por anos e anos.
Cada um tem sua lista, seus critérios e preferências. Este colunista não é diferente.
A preferida, por ter significado um título mundial, é a reação de Senna em Suzuka-88. Pole, viu o motor apagar no grid, aproveitou-se de estar num declive, fê-lo pegar no tranco, mas caiu para 14º. Levou só 28 voltas para chegar à liderança, ultrapassando Prost, com um carro igual. Venceu. Foi campeão.
Outro brasileiro tem lugar na galeria: Barrichello, em Hockenheim-2000. Saiu em 18º, desesperançoso, prevendo um GP difícil. Mas foi brilhante quando começou a chover, segurando-se na pista com pneus para piso seco. Venceu. Resultado que foi festejado não apenas pela façanha, mas por todo o alívio que, naquele momento, representava para o ferrarista.
Raikkonen fez parecido em Suzuka, cinco anos depois. Saindo em 17º com a McLaren, punido por uma troca de motor, ultrapassou cinco pilotos só na primeira volta. Continuou passando seus adversários como se fosse o último GP de sua vida e, na última volta, chegou em Fisichella. Passou. Venceu.
A história conta ainda que, em 1983, Watson venceu o GP dos EUA após começar em 22º. Num circuito de rua, Long Beach. É o recorde da F-1.
Isso tudo só valoriza o que Vettel fez em Abu Dhabi
Saindo dos boxes, em 24º lugar _ou 23º, porque De la Rosa teve problemas_, terminou a primeira volta em 20º. Chegou a 11º na 13ª volta, mas teve de entrar nos boxes para trocar pneus e bico. Caiu para o fundão de novo.
Dez voltas depois, já estava nos pontos. Na 29ª, era quarto. E, na 52ª, a três da bandeirada, passou Button e cavou um lugar no pódio.
Não, não venceu. Mas o efeito do que fez estava no rosto de Alonso. Ali, Vettel derrubou a adversário, selou o destino do Mundial. E conquistou algo além, inestimável: respeito de quem ainda desconfiava de seu talento.
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