terça-feira, 4 de novembro de 2014

GP BRASIL F1 2014: PREPARATIVOS NA ÉPOCA JURÁSSICA (ANOS 70)*

* Por Dr. Roque

Semana de GP, a divulgação nos anos 70 eram um pouco maiores, talvez pelo Emerson, Pace, Copersucar, Piquet... Os ingressos eram vendidos quase em cima da hora, no máximo um mês antes, como não havia internet, era um tal de telefonar para o ACP (Automóvel Clube Paulista), Jovem Pan, Bandeirantes para ver os locais de venda. Ou mais simplesmente ir aos guichês de Interlagos.

Ingressos em mãos, vem a preparação: nos anos 70, quem tem barraca? Aqui sempre a escolha era pelo Rubens (Rubens Miele, hoje advogado e residindo em Ribeirão Preto e apesar da distância, amigo e irmão), ao final era o único que tinha barraca!!! Quem seria o piloto, aqui sem dúvida era o meu primo Luiz, afinal era o único que tinha uma Kombi (as aventuras ou desventuras com o carro e piloto, já foi descrita em outro “capítulo”).

A terceira duvida: quais seriam os quitutes? Esta é fácil, pão Pullman e queijo prato ou mussarela. Geralmente um pacote para os três dias!!! E naquele tempo latinha de cerveja era coisa rara, tínhamos de procurar distribuidores para tentar conseguir algumas, afinal elas tinham duas finalidades: serem esvaziadas de seu precioso líquido e após algum tempo serem cheias com o resultado de se tomar o precioso líquido. Tempos em que não havia banheiros químicos, então tínhamos já naquele tempo uma consciência ecológica, a reutilização da lata com o líquido reciclado. Ah, a quantidade de latinhas era de aproximadamente 2 caixas por cabeça, viram a finalidade das latinhas??? Afinal com o calor de janeiro, devíamos estar sempre hidratados.

À noite, o tradicional lema do Retão, ou das barracas era o famoso: “Nóis é nóis e o resto é bosta, nóis é nóis e o resto é bosta, nóis é nois que o resto é bosta, é di nóis que o povo gosta!!!” O tema poderia ser aplicado ao horário político. Ah, a música base era o Glória, Glória Aleluia!

Geralmente na hora da corrida, domingo a tarde a maioria do pessoal dormia, afinal foram 3 dias de sol, que parecia nos fazer de churrasco. Na semana após o GP, era um tal de passar tudo que era pomada para tentar diminuir as queimaduras...

O retorno era um tal de tentar primeiro achar a Kombi, afinal ela tinha sido “estacionada’, outra era ver o estado etílico do piloto... e o mais legal, na chegada em casa o mutirão era para se lavar a barraca... e haja mangueira, sabão e muito palavrão ao se recordar o resultado da corrida.

Hoje o retão não existe mais, ou melhor, a GGOO e o setor G, ficam nele (quase em cima da curva 3), os dinossauros foram os primeiros que habitaram este território há quase quatro décadas atrás. Então preservem a história. Alguns já viram até vídeos de 1977, e este que vos escreve, sentado tranquilamente (ou congelado de pavor...) sobre o muro vendo as pancadas dos carros abaixo, motivadas por um remendo mau-feito no asfalto e neste ano, para piorar a vitória foi de um argentino...

Após 80, corridas foram para o Rio de Janeiro e por nove anos estiveram ausentes de Interlagos.

Dr. Roque, dinossauro remanescente.

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