quarta-feira, 21 de março de 2012
As razões do descalabro*
* Por Luiz Fernando Ramos
A performance pavorosa de Felipe Massa na Austrália, ele que há dois anos não vem mostrando serviço, foi a senha para uma chuva de críticas. A revista italiana Autosprint até estampou o brasileiro na capa, clamando que ele ameaçava as chances da Ferrari no Mundial de Construtores.
O que esta manchete - e os jornalistas da revista - quiseram esconder foi que o desempenho da Ferrari como um todo foi pavoroso. E que apenas a genialidade de Fernando Alonso salvou o time de um vexame histórico. Ao apontar o cano de suas armas apenas para Massa a Autosprint relevou isso, de forma intencional ou não. Afinal, ele é sim um problema da Ferrari, mas não é “o” problema - primazia que fica com o F2012, carro com o qual é inútil qualquer discussão sobre o potencial de ser campeão entre os construtores.
Não que o desempenho do brasileiro não mereça suas críticas, muito pelo contrário. Mas ao invés de tomar o caminho fácil de olhar o resultado e apenas falar mal, vale a pena mergulharmos juntos para entender o que realmente aconteceu, sem o maniqueísmo imbecil de “porque fulano é bom e beltrano é ruim”.
Se procurarmos na história da F-1 recente uma prova em que um piloto tome um segundo por volta do companheiro de equipe, encontraremos exemplos muito esporádicos. Por mais que Massa costume andar atrás de Alonso (e numa base de seis décimos de segundo por volta), o que aconteceu em Melbourne foi anormal pela disparidade de desempenhos. E há uma explicação.
Quem viu a prova com atenção notou o camber agressivo dos pneus dianteiros do F2012. Já nos testes de inverno o F2012 se mostrou instável em freadas, algo que piora ainda mais numa pista ondulada como a de Melbourne. Este camber ajuda a minimizar isso. Mas torna o nervoso demais, o que foi sublinhado em saídas de pista de Massa (num treino livre) e Alonso (na classificação).
Isto afeta muito o brasileiro, que gosta de frear tarde e já anda com a confiança abalada. Escorregando nas curvas com um carro de traseira nervosa, Massa acabou sofrendo um desgaste acelerado dos pneus e pagou caro por isso. Na entrevista após a classificação complicada do sábado, que já anunciava o desastre do dia seguinte, perguntei para ele se o carro saía só de um jeito nas curvas, sinal de um problema pequeno de acerto. “Não. Ele sai de todos os jeitos, às vezes muda o equilíbrio durante a mesma curva”, foi a resposta. Qualquer um que já jogou um simulador um pouco mais realista num computador sabe bem o tamanho da encrenca quando um carro de corrida está assim.
Como o problema da instabilidade nas freadas acontece porque os engenheiros ainda não conseguiram otimizar a pressão aerodinâmica do carro em baixas velocidade, ainda há esperança para o time (e para Massa) de que isto seja solucionado antes do início da temporada europeia. Até lá, o brasileiro vai sofrer, especialmente em curvas de baixa. Um consolo mínico é que elas são minoria em Sepang, onde a F-1 corre neste final de semana.
Na entrevista pós-corrida, Domenicali deixou claro que a equipe quer dar um carro competitivo a seu piloto antes de cobrá-lo. “Encontramos o problema fundamental do carro e isto é uma boa notícia. Agora, precisamos trabalhar para solucioná-lo para que Felipe não sofra nenhuma pressão extra. Sabemos que ele está pressionado, mas quero vê-lo concentrado apenas em sua pilotagem e vamos ajudá-lo para que isto aconteça”.
Ainda assim, o beco sem saída em que se encontra o brasileiro indica que seu futuro na equipe termina mesmo no final da temporada - acho pouco provável uma mudança antes disso. Mesmo que os problemas do F2012 sejam resolvidos, a genialidade de Fernando Alonso vai significar sempre um abismo grande entre os dois.
Na mesma proporção em que foi triste ver a corrida de Massa, o desempenho do espanhol foi de encher os olhos. Com um carro ruim, pulou de 12º para oitavo na largada e já era o sexto na segunda volta após o contato entre Pastor Maldonado e Romain Grosjean. Se defendeu com naturalidade da pressão do venezuelano durante boa parte da corrida e conseguiu colocar o horrível F2012 onde estava seu não tão ruim assim antecessor: atrás apenas de McLarens e Red Bulls. A eficiência de Alonso é tão infinita que apequena quem está a seu lado.
A performance pavorosa de Felipe Massa na Austrália, ele que há dois anos não vem mostrando serviço, foi a senha para uma chuva de críticas. A revista italiana Autosprint até estampou o brasileiro na capa, clamando que ele ameaçava as chances da Ferrari no Mundial de Construtores.
O que esta manchete - e os jornalistas da revista - quiseram esconder foi que o desempenho da Ferrari como um todo foi pavoroso. E que apenas a genialidade de Fernando Alonso salvou o time de um vexame histórico. Ao apontar o cano de suas armas apenas para Massa a Autosprint relevou isso, de forma intencional ou não. Afinal, ele é sim um problema da Ferrari, mas não é “o” problema - primazia que fica com o F2012, carro com o qual é inútil qualquer discussão sobre o potencial de ser campeão entre os construtores.
Não que o desempenho do brasileiro não mereça suas críticas, muito pelo contrário. Mas ao invés de tomar o caminho fácil de olhar o resultado e apenas falar mal, vale a pena mergulharmos juntos para entender o que realmente aconteceu, sem o maniqueísmo imbecil de “porque fulano é bom e beltrano é ruim”.
Se procurarmos na história da F-1 recente uma prova em que um piloto tome um segundo por volta do companheiro de equipe, encontraremos exemplos muito esporádicos. Por mais que Massa costume andar atrás de Alonso (e numa base de seis décimos de segundo por volta), o que aconteceu em Melbourne foi anormal pela disparidade de desempenhos. E há uma explicação.
Quem viu a prova com atenção notou o camber agressivo dos pneus dianteiros do F2012. Já nos testes de inverno o F2012 se mostrou instável em freadas, algo que piora ainda mais numa pista ondulada como a de Melbourne. Este camber ajuda a minimizar isso. Mas torna o nervoso demais, o que foi sublinhado em saídas de pista de Massa (num treino livre) e Alonso (na classificação).
Isto afeta muito o brasileiro, que gosta de frear tarde e já anda com a confiança abalada. Escorregando nas curvas com um carro de traseira nervosa, Massa acabou sofrendo um desgaste acelerado dos pneus e pagou caro por isso. Na entrevista após a classificação complicada do sábado, que já anunciava o desastre do dia seguinte, perguntei para ele se o carro saía só de um jeito nas curvas, sinal de um problema pequeno de acerto. “Não. Ele sai de todos os jeitos, às vezes muda o equilíbrio durante a mesma curva”, foi a resposta. Qualquer um que já jogou um simulador um pouco mais realista num computador sabe bem o tamanho da encrenca quando um carro de corrida está assim.
Como o problema da instabilidade nas freadas acontece porque os engenheiros ainda não conseguiram otimizar a pressão aerodinâmica do carro em baixas velocidade, ainda há esperança para o time (e para Massa) de que isto seja solucionado antes do início da temporada europeia. Até lá, o brasileiro vai sofrer, especialmente em curvas de baixa. Um consolo mínico é que elas são minoria em Sepang, onde a F-1 corre neste final de semana.
Na entrevista pós-corrida, Domenicali deixou claro que a equipe quer dar um carro competitivo a seu piloto antes de cobrá-lo. “Encontramos o problema fundamental do carro e isto é uma boa notícia. Agora, precisamos trabalhar para solucioná-lo para que Felipe não sofra nenhuma pressão extra. Sabemos que ele está pressionado, mas quero vê-lo concentrado apenas em sua pilotagem e vamos ajudá-lo para que isto aconteça”.
Ainda assim, o beco sem saída em que se encontra o brasileiro indica que seu futuro na equipe termina mesmo no final da temporada - acho pouco provável uma mudança antes disso. Mesmo que os problemas do F2012 sejam resolvidos, a genialidade de Fernando Alonso vai significar sempre um abismo grande entre os dois.
Na mesma proporção em que foi triste ver a corrida de Massa, o desempenho do espanhol foi de encher os olhos. Com um carro ruim, pulou de 12º para oitavo na largada e já era o sexto na segunda volta após o contato entre Pastor Maldonado e Romain Grosjean. Se defendeu com naturalidade da pressão do venezuelano durante boa parte da corrida e conseguiu colocar o horrível F2012 onde estava seu não tão ruim assim antecessor: atrás apenas de McLarens e Red Bulls. A eficiência de Alonso é tão infinita que apequena quem está a seu lado.
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Um comentário:
Tá, mas esses mesmos problemas no carro do Massa tb não tem no do Alonso?
E aí?
A não ser que partamos para a teoria da conspiração, que a Ferrari dá o carro melhor pro Choronso, a coisa continua complicada pra pro brazuca.
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