sexta-feira, 30 de março de 2012
ALONSO MANTÉM A FERRARI NO PÁREO DA F1*
* Por Jonathan Noble, do AUTOSPORT.com
O que Fernando Alonso deveria estar pensando quando deixava o circuito de Sepang na noite após o GP da Malásia?
Em público, ele dizia todas as coisas corretas – que a corrida não mudava nada e que a Ferrari continuava atrás da concorrência, tendo ainda muito trabalho a ser feito antes de se considerar na luta pelo título.
Mas, de maneira privada, pode ter havido pensamentos diferentes. “Se eu consigo liderar o Mundial com o carro que tenho agora, então imagine o que eu posso fazer quando tiver um equipamento decente”, pode ter murmurado a si mesmo.
Claro, a vitória de Alonso na Malásia não foi nem uma dramática volta por cima da Ferrari, nem algo totalmente isolado como a vitória de Olivier Panis, na chuva, em Mônaco.
Como prova disso, alguns dias depois de Alonso ter ido à caixa de brita de Melbourne com o F2012, não era difícil de imaginar que a equipe de Maranello estivesse na luta pela ponta no início da temporada europeia, em maio, na Espanha.
Foram semanas bastante tumultuadas para a Ferrari. Todo o entusiasmo e otimismo causado pela reestruturação técnica acabaram no primeiro teste, quando o F2012 mostrou ser problemático.
Alonso e Felipe Massa tiveram dificuldades para encontrar o equilíbrio ideal, enquanto a equipe estava correndo atrás do próprio rabo. Quando se solucionava o equilíbrio nas entradas de curva, era um pesadelo no meio e nas saídas; quando se resolvia as saídas e as freadas, as entradas de curva eram um desastre.
Os problemas foram acentuados pelo fato de o carro atingir somente em alguns momentos a janela ideal de performance dos pneus. Por vezes, o ritmo em longa distância não era tão ruim e os pilotos encontravam velocidade e consistência. Quando eles tentavam repetir essas voltas em uma condição climática levemente diferente, o carro simplesmente não andava.
Além de tentar resolver o que havia de errado, também houve mais complicações causadas pelo esforço da equipe em tentar modificar o desenho de seu escapamento. O conceito que a Ferrari adotou deste o início não funcionou, então o time perdeu terreno ao ter de fazer um novo desenho.
É só juntar todos esses dramas – além do fato de a concorrência parecer ter melhorado consideravelmente – que indubitavelmente a equipe iria para a primeira corrida do ano esperando pelo pior.
No fundo, havia a esperança de que os testes mostrassem um cenário completamente errado e que a equipe estaria logo atrás de Red Bull e McLaren. Foi quando nem Massa nem Alonso conseguiram chegar ao Q3 em Albert Park. Era iminente um domingo sem pontos na abertura da temporada.
A bela performance de Alonso em Melbourne, onde o espanhol foi perfeito e conseguiu marcar uma boa quantia de pontos, foi o primeiro sinal de que nem tudo estava ruim como parecia. Especialmente porque isso aconteceu em uma pista que demanda boa tração – algo que a F2012 não tem.
O teste de fogo para a Ferrari viria na Malásia, uma pista com alta exigência aerodinâmica (outro ponto em que o carro é fraco no momento) e cujas altas temperaturas poderia evidenciar ainda mais deficiências.
A classificação foi animadora para a equipe e sugeriu que os problemas não eram tão graves quanto pareciam. No Q2, Alonso ficou a seis décimos do tempo de Kimi Raikkonen, enquanto, no Q3, um problema no Kers fez com que não desse para ver exatamente o quão próximo o espanhol estava do restante do pelotão.
Mesmo assim, talvez uma melhoria de alguns décimos do segundo por conta das revisões planejadas pela Ferrari possa ser o suficiente para colocar a equipe de volta no jogo.
Muita coisa na F1 se trata de aproveitar as oportunidades que surgem em seu caminho e as circunstâncias certamente favoreceram Alonso. As esperanças de Lewis Hamilton, favorito antes da prova, evaporaram após a Ferrari decidir antecipadamente que faria um troca-troca nos boxes com Alonso e Massa, atrasando a entrada da McLaren no pitlane.
Mais tarde, quando Sergio Pérez perseguia a Ferrari, dois momentos se mostraram fundamentais: a Sauber chamou seu piloto para os boxes uma volta mais tarde do que Alonso para colocar os pneus slick, e depois, o mexicano fez uma excursão pela área de escape. Juntos, os dois erros provavelmente custaram 10 segundos para Pérez – quase a diferença entre o vencedor e o segundo colocado.
Mas apesar da vitória de Alonso e da situação no campeonato, a Ferrari não ignora sua situação: o pacote de atualização para o F12 – com revisão nos defletores laterais, na carenagem traseira e nos radiadores – será fundamental para a equipe saber se poderá fazer uma temporada acima da expectativa para 2012.
O potencial para melhorar uma base de referência ruim será um impulso para o moral da equipe – isto é, o time poderá arrancar mais tempo de volta do carro do que, dizem, a McLaren, que pareceu ter um chassi bastante competitivo desde o início.
Há outro fator que trabalha a favor da Ferrari: as características únicas dos pneus deste ano. O alto desgaste visto até agora tem dificultado a vida das equipes, com um desequilíbrio enorme entre os carros bons nos sábados e não nos domingos (Mercedes) e vice-versa (Sauber).
Parece também que, se você não tem caminho livre para andar com seu próprio ritmo, os pneus não aguentam. Você acaba correndo abaixo da velocidade máxima, com a temperatura dos pneus saindo da janela ideal. E aí o desgaste aumenta.
Aprender a lidar com este fator é vital, quer dizer, mesmo as equipes com carro de melhor desempenho sofrerão com o comportamento dos pneus na corrida.
Se há um fator que a Ferrari não precisa se preocupar, porém, é o homem no cockpit. Alonso foi sensacional nas duas corridas, principalmente ao comparar o desempenho dele com os erros e as frustrações vivenciadas por Jenson Button, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel.
Onde isso levará a Ferrari só ficará claro quando Alonso desligar o motor no fim do GP da Espanha. Se ele estacionar o carro no parque fechado, a caminho do pódio, sem perder muito terreno ao longo das duas próximas corridas (um molhado GP da China poderia ser uma bênção ao espanhol), e o grid ainda estiver à procura da melhor forma de trabalhar os pneus, a equipe entrará no jogo.
Mas lembre-se: na cabeça de Alonso, provavelmente já entrou.
O que Fernando Alonso deveria estar pensando quando deixava o circuito de Sepang na noite após o GP da Malásia?
Em público, ele dizia todas as coisas corretas – que a corrida não mudava nada e que a Ferrari continuava atrás da concorrência, tendo ainda muito trabalho a ser feito antes de se considerar na luta pelo título.
Mas, de maneira privada, pode ter havido pensamentos diferentes. “Se eu consigo liderar o Mundial com o carro que tenho agora, então imagine o que eu posso fazer quando tiver um equipamento decente”, pode ter murmurado a si mesmo.
Claro, a vitória de Alonso na Malásia não foi nem uma dramática volta por cima da Ferrari, nem algo totalmente isolado como a vitória de Olivier Panis, na chuva, em Mônaco.
Como prova disso, alguns dias depois de Alonso ter ido à caixa de brita de Melbourne com o F2012, não era difícil de imaginar que a equipe de Maranello estivesse na luta pela ponta no início da temporada europeia, em maio, na Espanha.
Foram semanas bastante tumultuadas para a Ferrari. Todo o entusiasmo e otimismo causado pela reestruturação técnica acabaram no primeiro teste, quando o F2012 mostrou ser problemático.
Alonso e Felipe Massa tiveram dificuldades para encontrar o equilíbrio ideal, enquanto a equipe estava correndo atrás do próprio rabo. Quando se solucionava o equilíbrio nas entradas de curva, era um pesadelo no meio e nas saídas; quando se resolvia as saídas e as freadas, as entradas de curva eram um desastre.
Os problemas foram acentuados pelo fato de o carro atingir somente em alguns momentos a janela ideal de performance dos pneus. Por vezes, o ritmo em longa distância não era tão ruim e os pilotos encontravam velocidade e consistência. Quando eles tentavam repetir essas voltas em uma condição climática levemente diferente, o carro simplesmente não andava.
Além de tentar resolver o que havia de errado, também houve mais complicações causadas pelo esforço da equipe em tentar modificar o desenho de seu escapamento. O conceito que a Ferrari adotou deste o início não funcionou, então o time perdeu terreno ao ter de fazer um novo desenho.
É só juntar todos esses dramas – além do fato de a concorrência parecer ter melhorado consideravelmente – que indubitavelmente a equipe iria para a primeira corrida do ano esperando pelo pior.
No fundo, havia a esperança de que os testes mostrassem um cenário completamente errado e que a equipe estaria logo atrás de Red Bull e McLaren. Foi quando nem Massa nem Alonso conseguiram chegar ao Q3 em Albert Park. Era iminente um domingo sem pontos na abertura da temporada.
A bela performance de Alonso em Melbourne, onde o espanhol foi perfeito e conseguiu marcar uma boa quantia de pontos, foi o primeiro sinal de que nem tudo estava ruim como parecia. Especialmente porque isso aconteceu em uma pista que demanda boa tração – algo que a F2012 não tem.
O teste de fogo para a Ferrari viria na Malásia, uma pista com alta exigência aerodinâmica (outro ponto em que o carro é fraco no momento) e cujas altas temperaturas poderia evidenciar ainda mais deficiências.
A classificação foi animadora para a equipe e sugeriu que os problemas não eram tão graves quanto pareciam. No Q2, Alonso ficou a seis décimos do tempo de Kimi Raikkonen, enquanto, no Q3, um problema no Kers fez com que não desse para ver exatamente o quão próximo o espanhol estava do restante do pelotão.
Mesmo assim, talvez uma melhoria de alguns décimos do segundo por conta das revisões planejadas pela Ferrari possa ser o suficiente para colocar a equipe de volta no jogo.
Muita coisa na F1 se trata de aproveitar as oportunidades que surgem em seu caminho e as circunstâncias certamente favoreceram Alonso. As esperanças de Lewis Hamilton, favorito antes da prova, evaporaram após a Ferrari decidir antecipadamente que faria um troca-troca nos boxes com Alonso e Massa, atrasando a entrada da McLaren no pitlane.
Mais tarde, quando Sergio Pérez perseguia a Ferrari, dois momentos se mostraram fundamentais: a Sauber chamou seu piloto para os boxes uma volta mais tarde do que Alonso para colocar os pneus slick, e depois, o mexicano fez uma excursão pela área de escape. Juntos, os dois erros provavelmente custaram 10 segundos para Pérez – quase a diferença entre o vencedor e o segundo colocado.
Mas apesar da vitória de Alonso e da situação no campeonato, a Ferrari não ignora sua situação: o pacote de atualização para o F12 – com revisão nos defletores laterais, na carenagem traseira e nos radiadores – será fundamental para a equipe saber se poderá fazer uma temporada acima da expectativa para 2012.
O potencial para melhorar uma base de referência ruim será um impulso para o moral da equipe – isto é, o time poderá arrancar mais tempo de volta do carro do que, dizem, a McLaren, que pareceu ter um chassi bastante competitivo desde o início.
Há outro fator que trabalha a favor da Ferrari: as características únicas dos pneus deste ano. O alto desgaste visto até agora tem dificultado a vida das equipes, com um desequilíbrio enorme entre os carros bons nos sábados e não nos domingos (Mercedes) e vice-versa (Sauber).
Parece também que, se você não tem caminho livre para andar com seu próprio ritmo, os pneus não aguentam. Você acaba correndo abaixo da velocidade máxima, com a temperatura dos pneus saindo da janela ideal. E aí o desgaste aumenta.
Aprender a lidar com este fator é vital, quer dizer, mesmo as equipes com carro de melhor desempenho sofrerão com o comportamento dos pneus na corrida.
Se há um fator que a Ferrari não precisa se preocupar, porém, é o homem no cockpit. Alonso foi sensacional nas duas corridas, principalmente ao comparar o desempenho dele com os erros e as frustrações vivenciadas por Jenson Button, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel.
Onde isso levará a Ferrari só ficará claro quando Alonso desligar o motor no fim do GP da Espanha. Se ele estacionar o carro no parque fechado, a caminho do pódio, sem perder muito terreno ao longo das duas próximas corridas (um molhado GP da China poderia ser uma bênção ao espanhol), e o grid ainda estiver à procura da melhor forma de trabalhar os pneus, a equipe entrará no jogo.
Mas lembre-se: na cabeça de Alonso, provavelmente já entrou.
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Um comentário:
... e M.C., escreve : muita coisa para idolatrar um cara e uma equipe que não merecem. A verdade: a Ferrari não é tão ruim assim. Não é a melhor mas, um bom marquetingue, faz a coisa andar. Como... " A Ferrari está horrível "! Ache jornalistas que comprem( êpa !) a idéia e pronto ! Otário para acreditar não falta ! Acho até que o nosso Zaca faz parte da burlesca Commedia dell'arte maranelliana. Ferrari NÃO pode ser mais tratada como amiga. Pode-se até respeitar a senhora mas foi madrasta com pilotos brasileiros ( mercenários para mim. Fingem-se de coitadinhos. Como disse antes, jornalistas e torcedores otários... tudo a ver !). Bom, para os que são a nata dos sem memória, coisa até comum aqui, pais dos desmemoriados, mas, geralmente, quem gosta de automobilismo não sofre disso( pessoal do futebol...) mesmo assim, vai: 8 títulos mundiais. Piquet - 3; Senna - 3; Fittipaldi - 2. Somando... 8 ! Equipes que deram estes títulos: Todas INGLESAS, sendo que um destes títulos contra um companheiro de equipe INGLES ! 4, Mclaren; 2, Brabham; 1, Williams e 1, Lotus ! Ferrari, só humilhação... segundopilotismo. Alonso ? Que vá prá ponte que partiu. 18 provas e torço prá Mclaren, Genial Hamilton ou o Button mesmo, mas o que tem no capacete as cores do seu ídolo é o Lewis. Sabem quem é o homenageado ? E torço pro Bruno. HA ! Até...
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